Supremo mantém decisão do TSE que multou Bolsonaro

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter a decisão individual do ministro Flávio Dino que negou recurso de Jair Bolsonaro para anular a decisão que condenou o ex-presidente ao pagamento de R$ 70 mil por impulsionamento ilegal durante a campanha eleitoral de 2022. O impulsionamento ilegal ocorre quando um candidato paga anúncios em sites para fazer propaganda negativa contra seu adversário.

Os advogados da campanha de Bolsonaro recorreram ao Supremo para tentar anular decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que reconheceu a ilegalidade cometida contra a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi tomada pelo colegiado durante sessão virtual finalizada na madrugada de sexta-feira (19).

 Votaram pela manutenção da multa os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes. Cristiano Zanin não julgou o caso. Ele estava impedido por ter atuado como advogado da campanha de Lula nas eleições. Em março deste ano, ao analisar o caso, Dino rejeitou o recurso por razões processuais. Para o ministro, a jurisprudência do Supremo impede a reavaliação das provas julgadas pelo TSE.

“Houve reconhecimento de que estes não só efetivaram o impulsionamento de conteúdo negativo na internet, como também não identificaram de forma inequívoca, clara e legível o número de inscrição no CNPJ [Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica] ou o número de inscrição no CPF [Cadastro Nacional de Pessoa Física] da pessoa responsável, além de que não colocaram a expressão “Propaganda Eleitoral”, desrespeitando as regras”, escreveu.

Agência Brasil

STF nega pedido de Bolsonaro para rever multa de R$ 70 mil do TSE

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou decisão do ministro Flávio Dino e negou um pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para anular uma multa de R$ 70 mil que foi imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dino tomou essa decisão há um mês e o caso foi levado para análise dos demais ministros. O julgamento virtual da Corte que tratou desse assunto foi finalizado neste sábado.

O TSE impôs a multa a Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2022, pelo ex-presidente ter impulsionado um vídeo com ataques ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a Justiça Eleitoral, a ação foi irregular porque só podem ser patrocinadas publicações de promoção de uma candidatura, e não de crítica.

Dino foi acompanhado pelos ministros Alexandre de Moraes, Carmen Lúcia e Luiz Fux. Por sua vez, o ministro Cristiano Zanin, ex-advogado do presidente Lula, se declarou impedido de analisar o recurso da defesa de Bolsonaro. Segundo a decisão do TSE, também não havia identificação da campanha do então presidente, que disputava a reeleição. O valor da multa foi o dobro do que foi gasto no impulsionamento (R$ 35 mil)

O relator do caso, ministro Flávio Dino, citou entendimento do STF de que não poderia analisar as provas citadas na decisão do TSE. Por isso, não poderia avaliar a alegação da defesa de Bolsonaro de que a punição foi “desproporcional”. “Para concluir de forma diversa, no sentido de que não ocorreram a publicidade negativa e as demais irregularidades, bem como avaliar a proporcionalidade, ou não, entre as condutas censuradas e a sanção aplicada seria necessário revisitar o caderno probatório dos autos”, escreveu o ministro.

Agência O Globo

‘Para a frustração de muitos, Bolsonaro não tem relação’, diz Flávio

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) comentou neste domingo (24/3) as prisões no caso envolvendo o assassinato da vereadora Marielle Franco. Segundo ele, “para a frustração de algumas pessoas”, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não está envolvido nas investigações.

Ele afirmou ainda que a esquerda quer “criar uma associação que não existe”, e disse que acusações falsas incentivam linchamentos e coloca em risco a vida de inocentes. O assassino confesso da vereadora, o ex-policial militar Ronnie Lessa, morava no mesmo condomínio que o ex-presidente.

“A polícia parece ter dado passos importantes para solucionar a morte de Marielle Franco. Para a frustração de algumas pessoas, o que era óbvio está ainda mais claro: Bolsonaro não tem qualquer relação com o caso. Apesar desse fato inequívoco, a esquerda quer criar uma associação que não existe. Esse tipo de farsa narrativa é perigosa e criminosa”, escreveu o senador em sua conta no X (antigo Twitter).

“Incentiva linchamentos virtuais e físicos e coloca em risco a vida de pessoas inocentes. Que a Justiça possa continuar com seu trabalho e que dê uma solução definitiva para o caso”, emendou ainda o parlamentar.

PF prendeu três envolvidos no crime

Na manhã de hoje, a Polícia Federal o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCERJ) Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Eles foram apontados por Lessa em delação premiada como mandantes do crime.

A operação foi coordenada pela PF, com apoio da Procuradoria-Geral da República (PGR) e com o Ministério Público do Rio. Os mandados de prisão e busca e apreensão na capital carioca foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com informações do Correio Braziliense.

Bolsonaro exige na Justiça que Lula se retrate e o indenize por danos morais

O ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com uma ação contra Luiz Inácio Lula da Silva na qual exige do atual presidente uma retratação pública e indenização, por ter sugerido o desaparecimento de móveis do Palácio da Alvorada, informou neste sábado seu advogado.

A ação por danos morais foi apresentada ontem por Bolsonaro e sua mulher, Michelle, ao Juizado Especial Cível do Distrito Federal, segundo documento enviado à AFP pelo advogado Fábio Wajngarten. Na última quarta-feira, o governo Lula divulgou uma nota em que afirma ter encontrado 261 itens do palácio presidencial que não haviam sido localizados em janeiro de 2023, quando ele assumiu o poder, e que estavam “abandonados em depósitos externos”.

Bolsonaro e Michelle pedem que Lula se retrate “na mesma proporção do dano” que causou, além de uma indenização de 20 mil reais, a ser revertida para uma ONG.

Lula quis “atribuir aos autores fatos inverídicos, com o nítido intuito de manchar a sua reputação”, diz o documento. “Convocar a mídia para afirmar que os autores teriam ‘levado’ e ‘sumido’ com os bens públicos” é “reprovável e irresponsável”, acrescenta.

Lula tomou posse em 1º de janeiro de 2023, mas sua mudança levou pouco mais de um mês, por motivos de segurança, reformas e compras, tendo sido concretizada no mês seguinte. Em 8 de janeiro de 2023, uma multidão de apoiadores de Bolsonaro invadiu o Palácio do Planalto e outras sedes do poder em Brasília. O ex-presidente havia viajado para os Estados Unidos antes desse episódio.

AFP

De olho nas Eleições 2024, Lula e Bolsonaro disputam atenção do agro

Faltando sete meses para as Eleições Municipais 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca aproximação com setores do agronegócio para tentar reverter a grande rejeição entre o grupo. Ao mesmo tempo, seu adversário, o ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL), intensifica a agenda com representantes do campo reforçando o papel de cabo eleitoral.

O petista planeja, para as próximas semanas, um giro pelos “estados do agro”, passando por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins e Rio Grande do Sul.

Recentemente, alguns ministros apontaram o desejo do presidente para realizar um tour com ênfase em alguns locais onde Lula não visitou desde que assumiu o terceiro mandato. Nos casos de Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins, será a primeira ida do presidente desde o início de 2023.

Diário de Pernambuco

Alexandre de Moraes proíbe Bolsonaro e investigados, por tentativa golpista, de irem a eventos militares

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes proibiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros investigados por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 de comparecerem a eventos das Forças Armadas, do Ministério da Defesa e das polícias militares. A decisão foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada ao Estadão pela defesa do ex-presidente.

Além de Bolsonaro, a restrição abrange os ex-ministros de Estado Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Walter Braga Netto, ex-Casa Civil, Paulo Sérgio Nogueira, que encabeçou a Defesa, e Anderson Torres, ex-titular de Justiça. Além deles, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, também foi intimado pela decisão, que prevê multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento.

O despacho é de quinta-feira, 7, e integra o inquérito do Supremo sobre “milícias digitais”. A medida tramita em caráter sigiloso e restringe expressamente a presença dos investigados em “cerimônias, festas ou homenagens” nas dependências das corporações militares.

Alvos da PF depuseram em Brasília
Os ex-ministros citados na decisão estiveram na reunião de 5 de julho de 2022, peça-chave do inquérito que investiga o possível crime de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. As investigações contaram com a deflagração da Operação Tempus Veritatis, autorizada por Moraes, na qual a Polícia Federal (PF) cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva.

No bojo das investigações, o ex-presidente, Valdemar e os ex-ministros depuseram, em 22 de fevereiro, na sede da PF, em Brasília. Bolsonaro, Nogueira, Braga Netto e Heleno ficaram em silêncio; Costa Neto e Torres, por sua vez, não seguiram o “pacto de silêncio” e responderam às perguntas dos policiais.

De acordo com o inquérito, Bolsonaro teria editado e apresentado aos comandantes das Forças Armadas, ainda em 2022, um documento – chamado de minuta do golpe – que imporia um estado de sítio, seguido por um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), para reverter o resultado da eleição presidencial. Em depoimento à Polícia Federal no último dia 1º, o general Marco Antonio Freire Gomes confirmou ter participado da reunião em que o ex-presidente mostrou e discutiu o documento.

Estadão

Propostas de anistia ao 8 de janeiro e a Bolsonaro recebem apoio público de 24 membros da CCJ

Ao menos 24 integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, entre eles 14 titulares, fizeram publicações nas redes sociais defendendo a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de Janeiro ou a políticos declarados inelegíveis por crimes eleitorais.

Além do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, a pauta tem a simpatia pública de deputados do Republicanos, do Podemos e do União Brasil no colegiado onde tramitam esses projetos hoje na Câmara. O levantamento, realizado pela empresa de análise digital de cenários e reputação de marcas Codecs a pedido do Estadão, abrange todos os parlamentares indicados como titulares ou suplentes para as 132 cadeiras da CCJ no total este ano. Seis deles não eram conhecidos até esta sexta-feira, 8, e ficaram de fora.

Dados mostram ainda que outros 24 parlamentares criticaram publicamente as propostas, todos da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O restante dos deputados, configurando a maioria, silenciou sobre o assunto em suas contas de Facebook, Instagram, TikTok e X, antigo Twitter. Apesar de o grupo contrário ter feito quase dez vezes mais publicações, 1.337 contra 135 conteúdos nas redes, o engajamento é consideravelmente maior pelo lado de quem defende anistiar manifestantes e políticos. Das 20 publicações com mais interações (curtidas, comentários e compartilhamentos), 16 foram do grupo favorável aos projetos.

Ao todo, seis projetos de lei que tratam da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro estão tramitando conjuntamente na CCJ da Câmara. Até esta semana, eles estavam sob relatoria da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que apresentou parecer contrário à constitucionalidade da matéria. O presidente da CCJ no ano passado, deputado Rui Falcão (PT-SP), no entanto, preferiu não arriscar uma derrota e adiou a entrada na pauta.

Em conversa com o Estadão na semana passada, a deputada havia manifestado preocupação em perder a relatoria dos projetos caso o comando da CCJ passasse para as mãos de um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. O próprio PSOL, no entanto, retirou dela a possibilidade de continuar na função ao deixar a deputada ausente da nova composição este ano. Cabe agora à nova presidente da CCJ, a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC), delegar a responsabilidade a outro colega e decidir quando o assunto deve ser analisado.

Caroline de Toni, aliada de Bolsonaro, afirmou ao site UOL, nesta sexta-feira, 8, que poderia pautar o projeto de anistia do 8 de Janeiro quando for conveniente. “Não teria problema nenhum de pautar, porque entendo que houve excessos e que eles só podem ser corrigidos pelo Congresso Nacional, que pode exercer um papel de contrapeso”. Ela indicou não saber se há votos suficientes para aprovar a matéria neste momento e destacou que a decisão da CCJ não é conclusiva, pois o projeto precisa ir a plenário.

Também está na CCJ, aguardando relator, um projeto de lei apresentado pelo deputado Sanderson (PL-RS), com coautoria da própria deputada, que tenta anistiar todos os condenados por ilícitos cíveis eleitorais ou declarados inelegíveis entre outubro de 2016 e a data em que a lei vier a entrar em vigor. A medida beneficiaria diretamente Bolsonaro, que está impedido de disputar eleições por oito anos por conta de uma reunião com embaixadores antes do pleito de 2022 em que atacou o sistema eleitoral brasileiro.

O apelo na pauta de anistia é, naturalmente, maior no PL, que no momento ocupa 13 cadeiras na CCJ. Destes, 10 titulares manifestaram apoio aos projetos, além de nove suplentes. A campeã de publicações é a deputada Júlia Zanatta (PL-SC). “Quantas crianças mais crescerão órfãs de mães vivas, presas por motivação política? Assim como nosso presidente Bolsonaro, defendo anistia já. Tenha certeza de que haverá muita luta na Câmara para amenizar tamanho sofrimento causado a essas famílias”, declara em um de seus posts.

Outros três deputados favoráveis são do Republicanos, partido que ocupa ministérios e outros cargos no governo Lula, mas se declara independente. Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), inclusive, é autor de um dos projetos na CCJ. Ele quer anistiar todos os participantes, organizadores e incentivadores de manifestações políticas após o segundo turno das eleições presidenciais, exceto no caso de crimes contra a vida e depredação de patrimônio, por exemplo. Em um dos posts, diz que “muitos patriotas se viram confundidos com criminosos enquanto lutavam por seus ideais de esperança e justiça”.

Além deles, o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS) fez um post conjunto com outros parlamentares defendendo a aprovação de um Projeto de Lei da anistia como “instrumento político” para corrigir uma suposta “falha histórica do Judiciário”. O União Brasil, outro que indicou ministros na Esplanada, tem no deputado Nicoletti (União-RR) um defensor da anistia a Bolsonaro. “Foi injusta a decisão”, opinou o parlamentar em vídeo no Instagram, sobre o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ambos são titulares na nova configuração da CCJ da Câmara.

Pelo lado de quem critica as propostas de anistia, a maior mobilização parte de membros do PT. A federação, composta ainda por PV e PCdoB, ocupa 10 cadeiras na CCJ. O grupo ganha o reforço de membros do PSOL, Rede, Solidariedade e PSB. A mobilização, grande parte com o mote “Sem anistia”, se deu principalmente em momentos-chave do noticiário, como a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o “aniversário” do atentado de Brasília e fatos relacionados a Bolsonaro.

A CCJ é considerada a comissão mais importante da Câmara, porque tem a responsabilidade de analisar a validade jurídica de todas as propostas. Ela também decide a admissibilidade das propostas de emenda à Constituição. A distribuição de cadeiras leva em conta o tamanho das bancadas no Legislativo e o cargo de presidente, que controla o ritmo das votações e determina os relatores na comissão, prevê votação entre os membros, mas costuma ser decidido por acordo.

A oposição, que envolve PL, PSDB, Cidadania, Podemos, PRD e Novo, tem 19 titulares hoje na CCJ. Já o núcleo duro do governo, com PT, PSOL, Rede, PSB, PDT, PCdoB, PV, Avante e Solidariedade, tem 18 vagas. O restante está distribuído entre partidos que ocupam cargos em ministérios e, em tese, fazem parte da base aliada do governo (MDB, PSD, União Brasil, Progressistas e Republicanos). Há neles, no entanto, parlamentares que criticam abertamente o Planalto, o que coloca em dúvida o nível de fidelidade.

Segundo parlamentares consultados, a aprovação de um projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro é considerada improvável. O assunto ganhou fôlego com a manifestação na Avenida Paulista, realizada no dia 25, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro fez um apelo ao Congresso. Oposicionistas apontam que não há interesse neste momento no comando da Câmara e do Senado em dar prosseguimento.

A proposta precisa passar, além da CCJ, por outras comissões na Câmara e ser levada a plenário tanto na Câmara quanto no Senado. Mesmo se houver aprovação, também não se imagina que Lula sancione uma legislação do tipo, o que exigiria ainda a derrubada do veto. O andamento da pauta deve entrar em negociação nas disputas pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no comando das duas Casas, em 2025, mas há também quem acredite que o tema só prosperaria sob outro governo.

Do lado governista, parlamentares rebatem dizendo que nunca foi tão custoso colocar a digital nesse tipo de projeto em um momento em que a Polícia Federal fecha o cerco a Bolsonaro em uma investigação sobre uma suposta trama golpista antes e depois da eleição presidencial passada. Seu ajudante de ordens, Mauro Cid, fechou acordo de delação premiada e declarou que o ex-presidente editou uma “minuta de golpe” que previa a prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes e a convocação de um novo pleito.

Estadão

Apoiadores de Bolsonaro ocupam Avenida Paulista em ato convocado pelo ex-presidente

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocupam, na tarde deste domingo, parte da Avenida Paulista, em São Paulo, numa manifestação convocada pelo ex-titular do Palácio do Planalto para se defender das investigações da Polícia Federal (PF) por suposta tentativa de golpe de Estado.

O ato começou, oficialmente, às 14h, mas desde o início da manhã a avenida, um dos cartões postais da capital paulista, já registrava movimentação intensa, com a presença de apoiadores do ex-presidente vestindo camisas verde e amarelo, além de bandeiras do Brasil, de Israel e de Bolsonaro estendidas nas calçadas. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) ficou fechado neste domingo por conta da manifestação.

No último dia 12, o ex-presidente gravou um vídeo chamando seus seguidores às ruas num “ato pacífico” e em defesa do “Estado democrático de direito”. Na mensagem, amplamente divulgada por aliados nas redes sociais, Bolsonaro prometeu rebater “todas as acusações” que lhe foram feitas nos últimos meses.

Ele ainda faz um apelo para que seus apoiadores não levassem cartazes “contra quem quer que seja”— as manifestações bolsonaristas frequentemente exibem faixas com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros, recomendações que foram repetidas por aliados durante toda a semana em grupos bolsonaristas.

O convite para o ato numa das mais emblemáticas vias da capital paulista surgiu após a PF implicar Bolsonaro e a cúpula de seu governo em uma suposta tentativa de golpe. Entre as provas já divulgadas estão um texto, encontrado na sala de Bolsonaro na sede do PL em Brasília, com argumentos para a decretação de estado de sítio e de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Além do vídeo de uma reunião ministerial datada de 5 de julho de 2022 na qual Bolsonaro instiga seus ministros a lançarem ataques contra o sistema eleitoral. As imagens foram citadas pela PF como indício de uma suposta “dinâmica golpista” dentro do governo, no âmbito de um inquérito que tramita no STF.

Caravanas
Manifestantes começaram a ocupar a Avenida Paulista por volta das 10 horas. Muitos deles chegaram em caravanas vindas de diferentes estados do país, como Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maior estava vestida com trajes nas cores verde e amarelo.

Pela manhã, parte dos ônibus estacionou próximo ao Parque Ibirapuera, local ao lado do Comando Militar do Sudeste, onde ocorreram os atos pedindo intervenção militar pré 8 de Janeiro de 2023. Hoje, porém, não havia qualquer manifestação na porta do quartel. Já as caravanas que chegaram depois do meio-dia estacionaram na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu.

Ao todo, os organizadores do ato terão quatro veículos na Paulista, sendo dois carros de som, onde políticos e influenciadores bolsonaristas se dividirão para falar, e dois carros com telões de led para retransmissão dos discursos. Há um forte esquema de segurança preparado, com 2 mil agentes da Polícia Militar na Avenida Paulista e arredores, de batalhões como Força Tática, 7º Batalhão de Ações Especiais (Baep), Choque, Cavalaria, Policiamento de Trânsito e Comando de Aviação da Polícia Militar, além de drones.

Agência O Globo

Bolsonaro põe popularidade à prova em ato contra suspeitas golpistas

O ex-presidente Jair Bolsonaro vai encabeçar, neste domingo (25), uma manifestação para repudiar as suspeitas golpistas contra ele e, de quebra, pôr à prova sua força como líder da oposição ao governo Lula. Bolsonaro convocou os seguidores a se concentrarem a partir das 15h na Avenida Paulista, em São Paulo. Seus apoiadores esperam reunir pelo menos 500.000 pessoas.

Será “uma manifestação pacífica para defender nosso Estado democrático de direito e nossa liberdade”, afirmou o ex-presidente em vídeos publicados nas redes sociais para mobilizar seus apoiadores. Ele disse que pretende se defender de “todas as acusações” que enfrenta, incluindo as suspeitas de ter participado de um plano de golpe de Estado para se manter no poder, após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022.

Em 8 de fevereiro, a Polícia Federal lançou a operação Tempus Veritatis (a hora da verdade, em latim), contra Bolsonaro e vários de seus aliados próximos, incluindo alguns de seus ex-ministros. Houve apreensões, detenções e o ex-presidente foi proibido de deixar o país. Segundo a investigação, os suspeitos planejaram desacreditar as urnas eletrônicas antes das eleições e depois prepararam um golpe de Estado contra o novo governo Lula. Bolsonaro diz ser vítima de uma “perseguição” e na quinta-feira se manteve em silêncio ao ser interrogado na sede da Polícia Federal, em Brasília.

Aliados na manifestação
Nas pesquisas, Bolsonaro se mantém como líder da oposição, embora esteja impossibilitado de disputar eleições até 2030, após ter sido declarado inelegível no ano passado precisamente por criticar as urnas eletrônicas sem apresentar provas. Está prevista a participação no ato de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e ex-ministro de Bolsonaro, além do prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB).

Um dos advogados de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, disse na quinta-feira esperar que a manifestação reúna entre “500.000 e 700.000” apoiadores, além de uma centena de deputados. “Dia 25 EU VOU! É pelo Brasil, vai ser GIGANTE!”, escreveu na plataforma X a deputada federal bolsonarista Bia Kicis (PL-DF). “Em caso de grande adesão, (Bolsonaro) venderá mais facilmente a narrativa de que o povo está com ele, e que a oposição ao Governo será forte”, disse à AFP André Rosa, cientista político da Universidade de Brasília. Caso contrário, vai perder “legitimidade”, acrescentou.

A manifestação também foi promovida pelo pastor Silas Malafaia, uma das personalidades mais influentes entre os milhões de evangélicos do país, um eleitorado-chave para Bolsonaro e a oposição conservadora.

Verde e amarelo, sim, palavras de ordem, não
O ex-presidente pediu que seus apoiadores participem do ato vestidos de verde e amarelo, mas que não levem cartazes ou faixas. Também solicitou que não haja manifestações em outras cidades do país. Durante seu mandato, os atos bolsonaristas foram marcados por palavras de ordem contra as instituições da República, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes.

Além de estar à frente das investigações contra Bolsonaro e seu círculo próximo, o magistrado autorizou a operação “Tempus Veritatis”. Desde que deixou o poder, o ex-presidente tem sido alvo de uma série de investigações. No ano passado, ele se apresentou às autoridades por suspeitas de ter incentivado a invasão das sedes dos Três Poderes na capital federal por seus apoiadores dias depois da posse de Lula.

Também foi convocado pela PF para depor sobre a suposta entrada irregular no Brasil de joias que lhe foram presenteadas pela Arábia Saudita e de falsificar certificados de vacinação contra a covid. Na Avenida Paulista também poderão ser vistas bandeiras de Israel. Manifestantes conservadores pediram nas redes sociais apoio ao país, após as polêmicas declarações de Lula, que comparou a campanha militar israelense em Gaza ao Holocausto.

AFP

Choque, cavalaria e drone: veja como será esquema de segurança de ato de Bolsonaro na Paulista

A manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para este domingo, 25, na Avenida Paulista, em São Paulo, terá policiamento reforçado, com cerca de 2 mil policiais militares escalados para garantir a segurança e a ordem durante o evento, informou o governo do Estado.

O esquema de segurança vai contar com apoio de drones, câmeras fixas e móveis. Além de equipes do comando de policiamento do centro, a operação terá agentes da força tática, tropa de choque, cavalaria, comando de aviação, entre outros destacamentos.

Será a primeira grande manifestação em favor do ex-presidente desde o 8 de Janeiro, que terminou com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Idealizado pelo pastor Silas Malafaia, o ato busca defender Bolsonaro, que é investigado, entre outras coisas, de promover uma tentativa de golpe de Estado.

Custo estimado
Como mostrou o Estadão, o evento terá dois trios elétricos e custo estimado entre R$ 90 mil e R$ 100 mil. A expectativa dos organizadores é que de 10 a 15 autoridades discursem no evento, que será aberto com uma oração da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e não deverá ter mais de 1h30min de duração.

O trio principal será estacionado na transversal da Paulista, na altura do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Ao lado de Bolsonaro estarão cerca de 70 aliados políticos, entre eles os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). Ao lado, formando um “L”, ficará o trio de apoio, que não tem estrutura de som e pode abrigar até 100 convidados. Ele servirá para acomodar o restante dos deputados presentes, que ficaram de fora da lista VIP, além de fotógrafos e cinegrafistas.

Público estimado
Apesar de a organização do ato estimar público de até 700 mil pessoas, a manifestação não alterou a taxa de ocupação dos hotéis da região da Paulista, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP).

Segundo a associação, a taxa de ocupação dos hotéis na capital para os dias 24 e 25 de fevereiro obedece à média histórica registrada nos finais de semana desta época do ano, o que representa cerca de 35%. Já a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que recebeu o pedido de licenciamento de apenas 16 ônibus fretados, transportando 530 passageiros, para este final de semana.

O dado da agência de transportes considera somente as viagens interestaduais com licença. Desse modo, estão excluídos do cálculo: os ônibus clandestinos (sem licença), os veículos vindos de outros municípios paulistas e aqueles que realizam viagens contínuas para empresas de ônibus rodoviários.

JC Online

Bolsonaro não responde à PF em depoimento sobre golpe de Estado

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro não respondeu aos questionamentos da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (22), no depoimento para investigação que apura a suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. Ele chegou à sede da PF, em Brasília, por volta das 14h20, e não falou com a imprensa.

Bolsonaro ficou cerca de 30 minutos na PF e, após deixar o local em carro com vidros fechados, dois dos seus advogados falaram com a imprensa e justificaram que o seu cliente ficou em silêncio porque a defesa não teria tido acesso à íntegra dos autos da investigação.

“A falta de acesso a esses documentos, especialmente as declarações do tenente coronel Mauro Cid, e as mídias eletrônicas obtidas dos telefones celulares de terceiros e computadores, impedem que a defesa tenha o mínimo conhecimento por quais elementos o presidente é hoje convocado a esse depoimento” destacou Paulo Bueno, advogado do ex-presidente.

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Situação jurídica de Bolsonaro se agrava com investigações recentes

Com as revelações de que o ex-presidente Jair Bolsonaro orientou ministros de seu governo a se insurgir contra o sistema eleitoral e descredibilizar as eleições, a situação jurídica do ex-capitão do Exército se agrava. Depoimentos, gravações e a coleta de documentos, como a minuta golpista encontrada na sede do Partido Liberal, na área onde ele despachava como presidente de honra da sigla, ligam diretamente Bolsonaro ao plano golpista. Na semana passada, ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão e de medidas cautelares.

Bolsonaro está proibido de deixar o país ou de se comunicar com outros investigados, como o general Augusto Heleno e Anderson Torres. As medidas cautelares ocorrem para evitar uma prisão preventiva, mas ao mesmo tempo garantir que as investigações serão preservadas, sem interferência dos alvos. No entanto, se as regras forem violadas, a prisão pode ser decretada pelo magistrado, como última medida para evitar que suspeitos tentem atrapalhar o andamento das diligências.

Juristas ouvidos pela reportagem apontam que não cabe, neste momento, prisão preventiva, mas que o cenário, depois da operação que revelou a existência de uma reunião liderada por Bolsonaro para incitar ataques às eleições, muda o cenário do ex-presidente perante a Justiça. Michel Saliba, advogado criminalista e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), afirma que os fatos avançam sobre Bolsonaro, mas ainda é necessário aprofundamento das diligências para avaliar se existem fatos que possam comprometer definitivamente o militar da reserva.

“A investigação traduz atos investigatórios que avançam e se aproximam do entorno do ex-presidente e dele próprio, isso ainda não significa dizer, de modo peremptório, que ele está implicado na participação da tentativa de golpe, mas me parece que o conjunto da obra, daquilo que se tem conhecimento público, autoriza a análise de que a situação do ex-presidente a cada dia que passa se complica mais. O aprofundamento das investigações em relação ao ex-presidente, para a aferição da sua real participação na tentativa de golpe de Estado”.

Em relatório enviado ao Supremo, a Polícia Federal informou “a existência de documento, em formato de decreto, que consubstanciava medidas de exceção, com detalhamento de ‘considerandos’ acerca de suposta interferência no Poder Judiciário no Poder Executivo, para decretar a prisão de diversas autoridades e a realização de novas eleições em vista de supostas fraudes no pleito presidencial”. A PF conclui que “o referido documento teria sido objeto de reuniões convocadas pelo então presidente Jair Messias Bolsonaro que envolveram tanto integrantes civis do governo como militares da ativa”.

A operação que mira Bolsonaro investiga os crimes de tentativa violenta de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, ambos previstos na lei 14.197 de 2021 que incluíram esses tipos de delitos no Código Penal. Rodolfo Tamanaha, professor de direito constitucional do Ibmec Brasília, afirma que a decisão do ministro Alexandre de Moraes que impõe medidas cautelares a Bolsonaro está bem fundamentada.

Na visão dele, em razão do avanço das investigações, existe a chance de uma prisão preventiva, mas que nesta etapa, é preciso que as diligências avancem. “É difícil cravar agora as consequências de uma decisão. É preciso aprofundar as investigações para saber se a narrativa, criada a partir da delação (de Mauro Cid), começa a preencher o quebra-cabeças. Temos uma possibilidade de uma ordem de prisão contra o ex-presidente principalmente por conta destes tipos penais abertos que são de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado. A medida cautelar busca evitar que provas sejam destruídas. Ou pessoas possam se evadir”, destaca.

Correio Brasiliense

Após divulgação de vídeo, Bolsonaro posta vídeo rezando com apoiadores contra “momentos difíceis”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo neste sábado (10) em que reza com apoiadores em Angra dos Reis (RJ), local em que tem uma casa na praia.

A postagem ocorre um dia depois que foi divulgado o vídeo de uma reunião ministerial em que Bolsonaro convoca seus ministros a atacar o sistema eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Jair Bolsonaro publicou o vídeo com a legenda “uma oração pelo Brasil” e aponta que a prese ocorreu já neste sábado, no local que chama de “Cercadinho de Mambucaba”, um cercadinho instalado pelo ex-presidente na semana passada.

Nas imagens divulgadas pelo ex-presidente Bolsonaro, é possível vê-lo com diversos apoiadores em uma roda de oração. Durante o vídeo, a condutora das orações fala que Jair Bolsonaro passa por “momentos difíceis” e que “a luta dele também é a nossa”. Na oração, a condutora também pede para que Bolsonaro seja protegido de seus “inimigos”. Com a finalização da prese, os apoiadores do ex-presidente gritaram “mito” e bateram palmas para Jair Bolsonaro.

O caso ocorre logo após a divulgação de um vídeo apreendido pela Polícia Federal no computador do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. No material com mais de uma hora, é possível ver Bolsonaro a exigir que sua equipe “agisse” antes das eleições para evitar uma fraude, do qual não apresenta provas.

O vídeo, utilizado para embasar a busca e apreensão contra Jair Bolsonaro e seus aliados na quinta, apresenta o então presidente a incitar seu primeiro escalão a atacar o sistema eleitoral e o TSE para pressionar pelo adiamento das eleições, do qual Bolsonaro argumenta que seriam fraudadas a favor de Lula.

JC Online

‘Isso não é golpe’, diz Bolsonaro sobre minuta com declaração de estado de sítio achada em sua sala

Alvo de operação da Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro minimizou, na noite desta sexta-feira (9), a minuta minuta que previa declaração de estado de sítio e decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), encontrada em sua sala na sede do PL, em Brasília, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão. Ele negou ter relação com o documento e disse que, na verdade, era peça de um processo, que ele pegou porque não tinha conhecimento.

“O presidente não decreta estado de sítio. Ouve o Conselho da República e encaminha para o Congresso. Isso não é golpe”, afirmou Bolsonaro em entrevista à “TV Record”, de sua casa em Angra dos Reis (RJ). A defesa do ex-presidente afirma que, em 2023, após a apreensão de celulares do tenente-coronel Mauro Cid, a investigação encontrou as possíveis minutas de decretos de Estado de Sítio ou GLO durante a análise dos aparelhos, e que o documento foi enviado ao celular de Bolsonaro no dia 18 de outubro.

“Esses papeis que foram encontrados lá pela manhã vazaram e caiu o mundo na minha cabeça, de que ali estava a prova do golpe. Rapidamente conversei com os meus advogados e procurei saber como aqueles papeis estavam lá. Eram peças de um processo que o advogado havia conseguido junto ao ministro Alexandre de Moraes, que é o relator daquele outro inquérito. Então, era peça de processo”.

Bolsonaro comentou ainda sobre a reunião de 5 de julho de 2022, que veio à tona na íntegra, e segundo a PF possui “dinâmica golpista”. O ex-presidente disse que “não vê nada demais” no fato de seu ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ter falado sobre um plano de infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas eleitorais. Na gravação, Heleno fala ainda em “virada de mesa”.

“Em dado momento, o Heleno falou que ia seguir os dois lados, se inteirar dos dois lados… é o trabalho da Inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma. As Inteligências… eu raramente usava as Inteligências que nós temos: as Forças Armadas, a própria Abin, Polícia Federal. Não vejo nada demais naquilo”, disse. O ex-presidente acrescenta que cortou o ministro do GSI na reunião porque ele “queria se estender sobre o assunto”.

“Eu preferi cortar: “Olha, não é o caso de ficar entrando em detalhes aqui. Quer fazer operação, faça”. Bolsonaro também confirmou que não sabia que a reunião estava sendo gravada na íntegra. “Não era nem para ter sido gravada, mas não dou importância para isso – comentou”.

Ao falar em perseguição, o ex-presidente também voltou a atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao afirmar que a campanha para jovens tirarem título de eleitor visava prejudicá-lo nas Eleições de 2022. “O TSE fez uma campanha em 2022 para jovem se alistar. Nós sabemos que os jovens de 16 e 17 anos, 70% ou 80% deles votam na esquerda. E nessa campanha, 4 milhões e poucos de jovens tiraram título de eleitor. Só aí os jovens deram uma diferença de 2 milhões e poucos de votos para o outro lado. Houve interferência ou não houve? Ou não posso tocar nesse assunto, senão é crime e eu posso receber outra visita da Polícia Federal para outra busca e apreensão?”, declarou.

Questionado mais uma vez se seu governo tramou um golpe, Bolsonaro voltou a negar e citou o ato golpista de 8 de janeiro. “Esses termos, golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, são completamente… não é nem equivocado, é um crime falar nisso daí. O pessoal do 8 de janeiro, no meu entender, foi levado numa armadilha da esquerda, mas o que aconteceu foi baderna, ninguém tentou de forma violenta, usando armas, como estão sendo acusados e condenados”, disse o ex-presidente.

“E outra coisa, 1.500 pessoas partiram para um golpe e ninguém sabia de nada? Querem jogar a responsabilidade para mim, mas eu não estava no Brasil. Como eu vou dar golpe fora do Brasil e quando os comandantes militares, que eram novos naquele 8 de janeiro, foram nomeados por mim como presidente a pedido do Lula? Eu não tenho nada com isso e aquelas pessoas, no meu entender, estão sendo injustamente condenadas. Nunca existiu uma tentativa de golpe no Brasil durante meu governo. Eu discutia tudo com todos os meus 23, depois 22 ministros. Sobre tudo o que acontecia, exatamente para me precaver”.

Agência O Globo

Moraes mantém prisões de ex-assessores de Jair Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve as prisões preventivas de três colaboradores do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e converteu em preventiva a prisão do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. A decisão foi divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta sexta-feira (9).

Os quatro foram presos na quinta-feira (8) na Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal, que apura o envolvimento de Bolsonaro, de militares e de aliados na tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.

No caso de Costa Neto, Alexandre de Moraes deu 24 horas para a Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestar-se sobre o pedido de liberdade provisória apresentado pela defesa e deferiu o pedido de vista dos autos pelos advogados. Inicialmente alvo de mandado e busca e apreensão, Costa Neto foi preso em flagrante por porte ilegal de arma.

Os demais presos são o ex-assessor especial de Bolsonaro Filipe Martins Garcia; o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, também ex-assessor especial; e o major Rafael Martins de Oliveira.

Minuta de golpe
Segundo as investigações, o grupo elaborou uma minuta de decreto que tinha como objetivo executar um golpe de Estado. Filipe Martins e o advogado Amauri Feres Saad, apontado como mentor intelectual da minuta, entregaram o documento a Bolsonaro em 2022. O texto previa as prisões dos ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e também do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além da realização de novas eleições.

Após receber o texto, Bolsonaro pediu mudanças e a retirada das prisões de Mendes e Pacheco do texto. Na nova versão, permaneceram a prisão de Moraes e a convocação de novas eleições.

Agência Brasil

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