Depois de ocuparem, por tempo indeterminado, a comporta do canal secundário no Pontal Sul, no último domingo (18), agricultores do Pontal Central estiveram nesta segunda-feira (19) na Codevasf, em Petrolina. O objetivo foi solicitar a disponibilização de mais água que atenda a demanda dos quase 500 agricultores familiares que produzem no local. Em 2023 os agricultores realizaram outra mobilização que durou 41 dias com o mesmo objetivo. De acordo com os coordenadores da manifestação, a água que é liberada não atende à demanda das famílias para fins agrícolas.
De acordo com o presidente do Consu Pontal, Reginaldo Alencar, são 452 agricultores familiares irrigando mais de 750 hectares e gerando mais de 800 empregos diretos e a cota social não atende a demanda de produção. “Com a escassez de chuvas, as famílias têm a necessidade da água para fins agropecuários. Precisamos que a Codevasf não interrompa a distribuição da água, que não pare de bombear nesta área porque para os agricultores que dependem da sobra da água, a dificuldade aumenta, mas a Companhia alega que em função das dívidas com a Neoenergia, não é possível a liberação total da água”, explica
Ele ainda ressalta a importância em lembrar que os colonos e empresários pagam as contas de água e o recurso pago vai para o Tesouro Nacional e não chega à Codevasf e aproveita para reforçar a relevância da emancipação do Perímetro para assegurar a administração da água.
De acordo com Francisca Ribeiro, agricultora no Pontal e vice-presidente do Sintraf/Petrolina, nos meses de janeiro a junho ainda foi possível contar com as águas das chuvas, mas nos meses seguintes os agricultores sofreram com as consequências da falta de água. “Já são muitos anos vivendo nesta luta, pedindo a regularização da água para quem mora e produz no local, que tem área irrigada e outra parte de sequeiro. Nós agricultores temos dificuldades na criação de animais e no plantio de frutas e verduras, pois precisamos da água para manter a nossa produção”, explica.
A tensão das famílias aumenta quando as barragens chegam ao volume morto e outros secam, a exemplo das Barragens da Lagoa da Pedra e do Gavião que já atingiram um nível tão abaixo que é impossível bombear e outras como as Barragens de Amargosa, Mandim, Cumprida e Poço do Canto que estão secando.
A presidente do Sintraf Petrolina, Isália Damacena, ratifica o movimento e chama a atenção dos representantes políticos do município para resolver esse impasse. “É possível acabar com essa pendência e vamos continuar lutando para que a viabilidade da água no Pontal seja uma realidade evitando que os agricultores familiares percam suas culturas e continuem impulsionando a produção agrícola de Petrolina”, ratifica o movimento.
O Conselho de Usuário da Água do Pontal Central-Consu Pontal foi criado em 2002, com o objetivo manter a gerência e uso racional da água e de lutar pela segurança hídrica dos agricultores familiares.
Ascom