Apoiadores de Bolsonaro ocupam Avenida Paulista em ato convocado pelo ex-presidente

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocupam, na tarde deste domingo, parte da Avenida Paulista, em São Paulo, numa manifestação convocada pelo ex-titular do Palácio do Planalto para se defender das investigações da Polícia Federal (PF) por suposta tentativa de golpe de Estado.

O ato começou, oficialmente, às 14h, mas desde o início da manhã a avenida, um dos cartões postais da capital paulista, já registrava movimentação intensa, com a presença de apoiadores do ex-presidente vestindo camisas verde e amarelo, além de bandeiras do Brasil, de Israel e de Bolsonaro estendidas nas calçadas. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) ficou fechado neste domingo por conta da manifestação.

No último dia 12, o ex-presidente gravou um vídeo chamando seus seguidores às ruas num “ato pacífico” e em defesa do “Estado democrático de direito”. Na mensagem, amplamente divulgada por aliados nas redes sociais, Bolsonaro prometeu rebater “todas as acusações” que lhe foram feitas nos últimos meses.

Ele ainda faz um apelo para que seus apoiadores não levassem cartazes “contra quem quer que seja”— as manifestações bolsonaristas frequentemente exibem faixas com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros, recomendações que foram repetidas por aliados durante toda a semana em grupos bolsonaristas.

O convite para o ato numa das mais emblemáticas vias da capital paulista surgiu após a PF implicar Bolsonaro e a cúpula de seu governo em uma suposta tentativa de golpe. Entre as provas já divulgadas estão um texto, encontrado na sala de Bolsonaro na sede do PL em Brasília, com argumentos para a decretação de estado de sítio e de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Além do vídeo de uma reunião ministerial datada de 5 de julho de 2022 na qual Bolsonaro instiga seus ministros a lançarem ataques contra o sistema eleitoral. As imagens foram citadas pela PF como indício de uma suposta “dinâmica golpista” dentro do governo, no âmbito de um inquérito que tramita no STF.

Caravanas
Manifestantes começaram a ocupar a Avenida Paulista por volta das 10 horas. Muitos deles chegaram em caravanas vindas de diferentes estados do país, como Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maior estava vestida com trajes nas cores verde e amarelo.

Pela manhã, parte dos ônibus estacionou próximo ao Parque Ibirapuera, local ao lado do Comando Militar do Sudeste, onde ocorreram os atos pedindo intervenção militar pré 8 de Janeiro de 2023. Hoje, porém, não havia qualquer manifestação na porta do quartel. Já as caravanas que chegaram depois do meio-dia estacionaram na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu.

Ao todo, os organizadores do ato terão quatro veículos na Paulista, sendo dois carros de som, onde políticos e influenciadores bolsonaristas se dividirão para falar, e dois carros com telões de led para retransmissão dos discursos. Há um forte esquema de segurança preparado, com 2 mil agentes da Polícia Militar na Avenida Paulista e arredores, de batalhões como Força Tática, 7º Batalhão de Ações Especiais (Baep), Choque, Cavalaria, Policiamento de Trânsito e Comando de Aviação da Polícia Militar, além de drones.

Agência O Globo

Bolsonaro põe popularidade à prova em ato contra suspeitas golpistas

O ex-presidente Jair Bolsonaro vai encabeçar, neste domingo (25), uma manifestação para repudiar as suspeitas golpistas contra ele e, de quebra, pôr à prova sua força como líder da oposição ao governo Lula. Bolsonaro convocou os seguidores a se concentrarem a partir das 15h na Avenida Paulista, em São Paulo. Seus apoiadores esperam reunir pelo menos 500.000 pessoas.

Será “uma manifestação pacífica para defender nosso Estado democrático de direito e nossa liberdade”, afirmou o ex-presidente em vídeos publicados nas redes sociais para mobilizar seus apoiadores. Ele disse que pretende se defender de “todas as acusações” que enfrenta, incluindo as suspeitas de ter participado de um plano de golpe de Estado para se manter no poder, após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022.

Em 8 de fevereiro, a Polícia Federal lançou a operação Tempus Veritatis (a hora da verdade, em latim), contra Bolsonaro e vários de seus aliados próximos, incluindo alguns de seus ex-ministros. Houve apreensões, detenções e o ex-presidente foi proibido de deixar o país. Segundo a investigação, os suspeitos planejaram desacreditar as urnas eletrônicas antes das eleições e depois prepararam um golpe de Estado contra o novo governo Lula. Bolsonaro diz ser vítima de uma “perseguição” e na quinta-feira se manteve em silêncio ao ser interrogado na sede da Polícia Federal, em Brasília.

Aliados na manifestação
Nas pesquisas, Bolsonaro se mantém como líder da oposição, embora esteja impossibilitado de disputar eleições até 2030, após ter sido declarado inelegível no ano passado precisamente por criticar as urnas eletrônicas sem apresentar provas. Está prevista a participação no ato de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e ex-ministro de Bolsonaro, além do prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB).

Um dos advogados de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, disse na quinta-feira esperar que a manifestação reúna entre “500.000 e 700.000” apoiadores, além de uma centena de deputados. “Dia 25 EU VOU! É pelo Brasil, vai ser GIGANTE!”, escreveu na plataforma X a deputada federal bolsonarista Bia Kicis (PL-DF). “Em caso de grande adesão, (Bolsonaro) venderá mais facilmente a narrativa de que o povo está com ele, e que a oposição ao Governo será forte”, disse à AFP André Rosa, cientista político da Universidade de Brasília. Caso contrário, vai perder “legitimidade”, acrescentou.

A manifestação também foi promovida pelo pastor Silas Malafaia, uma das personalidades mais influentes entre os milhões de evangélicos do país, um eleitorado-chave para Bolsonaro e a oposição conservadora.

Verde e amarelo, sim, palavras de ordem, não
O ex-presidente pediu que seus apoiadores participem do ato vestidos de verde e amarelo, mas que não levem cartazes ou faixas. Também solicitou que não haja manifestações em outras cidades do país. Durante seu mandato, os atos bolsonaristas foram marcados por palavras de ordem contra as instituições da República, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes.

Além de estar à frente das investigações contra Bolsonaro e seu círculo próximo, o magistrado autorizou a operação “Tempus Veritatis”. Desde que deixou o poder, o ex-presidente tem sido alvo de uma série de investigações. No ano passado, ele se apresentou às autoridades por suspeitas de ter incentivado a invasão das sedes dos Três Poderes na capital federal por seus apoiadores dias depois da posse de Lula.

Também foi convocado pela PF para depor sobre a suposta entrada irregular no Brasil de joias que lhe foram presenteadas pela Arábia Saudita e de falsificar certificados de vacinação contra a covid. Na Avenida Paulista também poderão ser vistas bandeiras de Israel. Manifestantes conservadores pediram nas redes sociais apoio ao país, após as polêmicas declarações de Lula, que comparou a campanha militar israelense em Gaza ao Holocausto.

AFP