Editorial: A Transposição do Rio São Francisco — 18 anos de promessas e palanques

Nesta quarta-feira, 28 de maio, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cumpre agenda no Sertão de Pernambuco. Ele visitará a cidade de Salgueiro, onde participa da cerimônia de assinatura da ordem de serviço para a duplicação da Estação de Bombeamento EBI-3, no Ramal do Salgado, uma extensão do Eixo Norte da transposição do Rio São Francisco. Antes do evento oficial, Lula fará uma visita técnica à estação.

A presença do presidente em mais uma solenidade ligada à transposição reacende um debate que, para muitos nordestinos, já se tornou um ciclo de frustrações: a promessa de que a água do Rio São Francisco chegaria de forma plena e contínua às regiões mais castigadas pela seca ainda não foi cumprida.

A ideia de transpor as águas do “Velho Chico” remonta ao século XIX, ainda no Império, sob Dom Pedro II, mas foi somente no governo de Lula, em 2007, que o projeto finalmente saiu do papel. À época, foi anunciado com pompa: um investimento de R$ 4,5 bilhões e a promessa de conclusão em 2012. A proposta era ambiciosa — construir mais de 700 quilômetros de canais, por meio dos eixos Leste e Norte, para beneficiar cerca de 12 milhões de pessoas em mais de 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

De 2012 a 2025 já se passaram 13 anos do prazo original, e a obra, iniciada há 18 anos, ainda não foi concluída de forma definitiva. O orçamento inicial já triplicou — hoje, estima-se que mais de R$ 14 bilhões tenham sido investidos, e os custos seguem aumentando. São quase duas décadas de atrasos, aditivos contratuais, disputas judiciais, paralisações e trocas de comando, enquanto a população aguarda por um recurso que, além de vital, foi transformado em instrumento político.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, houve entregas importantes de trechos do Eixo Norte. Em eventos realizados no interior do Nordeste, o então presidente fez questão de mostrar a chegada da água em locais como Jati (CE), Sertânia (PE) e outras comunidades que, de fato, viram os canais ganharem vida. Ainda assim, mesmo após essas entregas, muitas regiões contempladas pelo projeto permanecem à margem da promessa: a água chega e vai embora, como aconteceu após a posse de Lula em 2023, quando denúncias de moradores e lideranças locais indicaram a suspensão da liberação da água em alguns pontos.

A duplicação da EBI-3, que será anunciada agora, não deixa de ser mais um capítulo dessa longa novela. Trata-se de uma estação de bombeamento localizada no Eixo Norte, importante para garantir pressão e continuidade do fluxo hídrico. A obra é necessária, mas não pode ser tratada como um novo marco. Não é a ampliação de estrutura que irá resolver a principal questão: a efetivação plena da distribuição da água prometida desde 2007.

O uso da transposição como palco político se tornou regra. Governos de diferentes colorações ideológicas a utilizam como vitrine, ignorando que a verdadeira entrega não se mede em palanques montados, mas na água que chega à torneira de quem sempre dependeu de carros-pipa, cacimbas e poços de baixa qualidade. A seca não espera por eleição.

É preciso responsabilidade, transparência e respeito. O Governo Federal deve explicações claras à população sobre o cronograma final da obra. É necessário garantir não apenas a infraestrutura física dos canais, mas também a manutenção, a gestão eficiente da água transposta e a implantação de sistemas que permitam a sua chegada aos pequenos municípios, vilarejos e comunidades rurais.

A transposição do Rio São Francisco foi vendida como o projeto mais ousado da história recente do Brasil no combate à seca. Hoje, ela representa o símbolo mais claro do fracasso da classe política em cumprir aquilo que prometeu. É inaceitável que, após tantos anos e bilhões gastos, ainda se inaugurem obras parciais, estações duplicadas, trechos inacabados, enquanto milhões seguem com sede.

É hora de transformar a transposição em um verdadeiro legado de dignidade e desenvolvimento, não em um eterno palanque. Porque quem tem sede, não pode esperar.

Waldiney Passos

Editorial: O Brasil mais enxuto e eficiente com o fim da reeleição e eleições unificadas

Comungamos integralmente com a proposta aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal que prevê o fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos, e a unificação das eleições em um único pleito a cada cinco anos. A proposta de emenda à Constituição, relatada pelo senador Marcelo Castro, é um passo corajoso e necessário para destravar o país de um ciclo vicioso que há muito tempo emperra a administração pública.

Sempre defendemos essa ideia. As eleições a cada dois anos criam um ambiente de instabilidade política e administrativa permanente. Quando o país começa a respirar depois de um processo eleitoral, já se prepara para outro. Campanhas quase contínuas desviam o foco do que realmente importa: governar. A máquina pública fica a serviço da manutenção de poder, e não da entrega de resultados.

O novo modelo, que prevê um mandato único de cinco anos sem possibilidade de reeleição, representa uma evolução institucional. Tira o peso do cálculo eleitoral da gestão. Um presidente, governador ou prefeito eleito saberá, desde o início, que terá um tempo limitado e único para deixar seu legado. Isso pode estimular decisões mais corajosas e menos populistas. É uma resposta direta à crescente fadiga do eleitorado com figuras que se perpetuam no poder — e muitas vezes esquecem para quem deveriam trabalhar.

Além disso, a proposta de unificar as eleições representa economia, organização e eficiência. Evitar dois grandes pleitos a cada quatro anos significa menos gastos públicos, menos paralisações na administração e mais coerência no planejamento nacional. Com um ciclo político sincronizado, o país poderá respirar e avançar com mais estabilidade.

A proposta, claro, ainda tem um caminho a percorrer: precisa ser aprovada em dois turnos no plenário do Senado, com pelo menos 49 votos, e depois seguir para a Câmara dos Deputados. Mas o apoio entre lideranças partidárias, inclusive de ex-presidentes, indica um amadurecimento político que merece ser saudado.

Sabemos que há resistência. O próprio presidente Lula já se posicionou contra a medida, assim como setores do governo. Mas essa não é uma pauta de governo, é uma pauta de Estado. Não se trata de punir ninguém, mas de modernizar o Brasil.

Se o texto for aprovado, prefeitos eleitos em 2028 terão mandatos de 6 anos, enquanto os eleitos a partir de 2034, assim como vereadores, deputados e o presidente da República, passarão a ter mandatos de 5 anos. Senadores, por sua vez, terão mandatos progressivamente ampliados até chegarem a 10 anos. É uma transição organizada, justa e necessária.

A proposta do senador Jorge Kajuru, com relatoria de Marcelo Castro, é um avanço civilizatório. Que o Senado e, depois, a Câmara tenham a coragem de romper com o modelo viciado atual. O Brasil não pode viver eternamente entre uma eleição e outra. É hora de fazer política pensando no povo e não na próxima campanha.

Waldiney Passos

Editorial – Moradores em situação de rua no centro de Petrolina: um problema social que exige ação imediata

É preciso dizer com todas as letras: a circulação de moradores em situação de rua no centro de Petrolina se tornou um grave problema social e urbano que precisa, urgentemente, de uma resposta concreta das autoridades competentes. Apesar de sabermos – e reconhecermos – que essas pessoas têm o direito de serem acolhidas com dignidade, o que vemos hoje é um completo abandono por parte do poder público no que diz respeito à organização e preservação dos principais espaços públicos da cidade.

O centro de Petrolina, cartão-postal do município, está tomado por essa realidade. As praças do Malan e Maria Auxiliadora, que deveriam ser espaços de convivência, lazer e contemplação, têm sido ocupadas por dezenas de pessoas em situação de rua, o que compromete não só a paisagem urbana, mas também a segurança dos pedestres, a mobilidade da região e o próprio comércio local. É comum encontrar comerciantes e clientes inseguros, assustados, com dificuldades de manter suas atividades diante do cenário que se impõe.

Na concha acústica, um dos pontos mais simbólicos da cidade, o retrato é ainda mais evidente. Quem passa ali entre as 6 e 9 da manhã, especialmente nos primeiros dias da semana, constata a cena: dezenas de pessoas dormindo no palco, em colchonetes improvisados ou no chão frio. Não estamos aqui relegando o direito dessas pessoas de serem acolhidas. Ao contrário: estamos cobrando que esse acolhimento aconteça de forma digna, estruturada, com assistência social, saúde, alimentação, abrigo, e acima de tudo, oportunidade de recomeço.

O que não pode continuar é a omissão. Não se pode fingir que o problema não existe. Cidades como Recife já enfrentam o mesmo drama, com o aumento expressivo do número de pessoas em situação de rua. É um problema de escala nacional, é verdade, mas que exige ações locais imediatas. E Petrolina, como uma das cidades mais importantes do Nordeste, não pode fechar os olhos para isso. Esperar que a situação piore ainda mais é compactuar com o abandono.

Este é um apelo, portanto, às autoridades municipais: que seja feito um plano emergencial, um projeto estruturado que preserve os espaços públicos e acolha os que precisam. Que haja um olhar técnico, social e humanizado, mas também com firmeza, planejamento e responsabilidade com o espaço urbano. A Catedral, símbolo de nossa fé e da identidade de Petrolina, merece estar em um ambiente digno, seguro e bem cuidado.

E é importante chamar atenção também dos vereadores da nossa cidade. A Câmara Municipal de Petrolina parece distante dessa realidade. Por que esse tema ainda não virou pauta prioritária nos discursos dos parlamentares? Onde estão os debates, as audiências públicas, os requerimentos que cobrem ações do Executivo para resolver o problema? Não se pode legislar de costas para a cidade.

A nossa sugestão é clara: que se elabore um projeto de acolhimento e reinserção dessas pessoas, com o envolvimento da Secretaria de Desenvolvimento Social, da saúde, de instituições religiosas, de ONGs e até mesmo do setor produtivo. É possível unir forças. O que não dá é continuar do jeito que está.

Petrolina precisa preservar sua imagem, sua funcionalidade urbana e, sobretudo, sua dignidade social. Que nossa observação, a título de contribuição, possa ecoar onde precisa: nas salas de decisão, nos gabinetes e, principalmente, na consciência de quem tem poder para mudar essa realidade.

Waldiney Passos

Editorial: Marco regulatório da EaD impõe aulas presenciais e limita cursos a distância

O decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 19 de maio de 2025, que estabelece o novo marco regulatório da Educação a Distância (EaD) no Brasil, representa uma inflexão significativa na política educacional do país. Ao extinguir os cursos 100% online e exigir atividades presenciais ou síncronas mediadas, o governo busca enfrentar as fragilidades que se acumularam na oferta desenfreada do EaD nos últimos anos .

A medida proíbe a oferta de cursos de graduação totalmente a distância, exigindo que pelo menos 20% da carga horária seja presencial ou composta por aulas síncronas mediadas. Além disso, cursos como Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia deverão ser ofertados exclusivamente no formato presencial, enquanto outras áreas da saúde e licenciaturas terão restrições específicas quanto à carga horária a distância.

A explosão de matrículas em cursos EaD, de 1,7 milhão para 4,9 milhões em oito anos, evidenciou a necessidade de regulamentação mais rigorosa. A falta de infraestrutura adequada, a precarização do ensino e a ausência de interação efetiva entre alunos e professores comprometeram a qualidade da formação em diversas áreas, especialmente na saúde e nas licenciaturas .

A introdução da modalidade semipresencial, que combina atividades presenciais, síncronas mediadas e a distância, visa equilibrar flexibilidade e qualidade. A obrigatoriedade de pelo menos uma prova presencial por unidade curricular, com peso maior na nota final, reforça o compromisso com a integridade acadêmica.

Embora as instituições de ensino tenham um prazo de dois anos para se adequar às novas regras, é fundamental que o processo de transição seja acompanhado de investimentos em infraestrutura, capacitação docente e suporte aos estudantes. A regulamentação é um passo necessário, mas sua eficácia dependerá da implementação cuidadosa e do compromisso de todos os envolvidos com a qualidade da educação superior no Brasil.

Em suma, o novo marco regulatório do EaD representa uma tentativa legítima de corrigir distorções e assegurar que a educação a distância cumpra seu papel de forma responsável e eficaz. A medida é um avanço na busca por uma formação acadêmica que una acessibilidade e excelência, preparando profissionais competentes para os desafios do mercado e da sociedade.

Waldiney Passos

Editorial – Gripe aviária acende alerta no Brasil e afeta exportações de frango

O assunto tomou conta das manchetes e precisa da sua atenção!

Vários países começaram a suspender a compra do frango brasileiro por causa da confirmação de um caso de gripe aviária (Doença de Newcastle), em uma granja no interior do Rio Grande do Sul.

A gripe aviária é uma doença que atinge as aves e se espalha com facilidade. Em humanos, é muito rara e, quando acontece, os sintomas são leves. O mais importante: a carne de frango que chega até você, nos mercados e açougues, é segura para o consumo, desde que seja bem cozida e venha de locais inspecionados.

Mas a notícia preocupa. O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. E com países como Argentina, Japão e África do Sul suspendendo temporariamente as compras, o impacto pode bater forte na economia, especialmente para os produtores da região Sul.

O governo federal já agiu: interditou a granja, sacrificou as aves doentes, reforçou a vigilância e está conversando com os países compradores para mostrar que o problema está isolado e sob controle.

Ainda assim, o caso serve de alerta: é preciso investir cada vez mais em fiscalização, saúde animal e segurança nas granjas. Isso protege a produção, garante o emprego de milhares de trabalhadores e evita prejuízos ao país.

Por enquanto, fique tranquilo: o frango está liberado no seu prato. Mas o setor precisa ficar atento para que uma notícia como essa não vire uma crise ainda maior.

Waldiney Passos

Editorial – Quando os poderes deixam de ser “independentes”

A relação entre os poderes da República volta ao centro do debate nacional. Nesta terça-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, anunciou que entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal para tentar reverter uma decisão da Primeira Turma da Corte. A decisão manteve uma ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem, mesmo após a Câmara aprovar um relatório suspendendo o processo.

Motta defende que os votos dos 315 deputados devem ser respeitados, reforçando que só há harmonia entre os poderes quando todos usam o mesmo “diapasão”, ou seja, quando atuam em sintonia. O pedido protocolado no STF busca suspender os efeitos da decisão da Primeira Turma, alegando que ela desrespeita a resolução da Câmara.

Por outro lado, o ministro Flávio Dino afirmou que a decisão do Supremo não fere a separação dos poderes. Segundo ele, a suspensão do processo contra Ramagem vale apenas para os atos cometidos após a diplomação como deputado — e não para os crimes anteriores, que ainda podem ser investigados.

Em meio a esse embate, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, falou em um evento nos Estados Unidos sobre a importância de se respeitar decisões políticas, desde que estejam de acordo com a Constituição. Segundo Gonet, no Direito nem sempre há uma única resposta correta, mas cabe aos aplicadores da lei respeitar as decisões do Parlamento quando elas se encaixam nos limites da Carta Magna.

E é aí que mora o ponto central dessa discussão: a democracia só se sustenta quando há equilíbrio e respeito entre os poderes. Nenhum pode se sobrepor ao outro. O Legislativo é legítimo quando representa a vontade popular, o Judiciário é legítimo quando aplica a lei com isenção, e o Executivo quando governa com responsabilidade e diálogo.

Mais do que um impasse jurídico, estamos diante de um alerta institucional. É preciso maturidade, autocrítica e, sobretudo, respeito mútuo. A democracia brasileira não pode se transformar em um tabuleiro onde cada poder tenta mover as peças de forma isolada. Ou jogamos juntos, dentro das regras, ou todos perderemos.

Waldiney Passos

Editorial – Atlas da Violência: enquanto Brasil reduz homicídios, Pernambuco registra aumento preocupante

O Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, trouxe um dado que merece atenção: o Brasil registrou, em 2023, o menor número de homicídios dos últimos 11 anos. Foram 45.747 assassinatos, com uma média de 21,2 mortes por 100 mil habitantes uma queda de 1,4% em comparação com 2022.

Aparentemente, é um dado positivo. Mas quando analisamos os detalhes, surgem alertas importantes. A redução nacional foi puxada por alguns estados que investiram em políticas de segurança baseadas em dados, com foco em inteligência, prevenção e presença efetiva do Estado. Porém, em nove estados brasileiros a taxa de homicídios aumentou, mostrando que a violência não recuou de forma uniforme.

E é aqui que o caso de Pernambuco merece destaque infelizmente, de forma negativa. O estado foi na contramão da tendência nacional, com alta de 8% nos homicídios em 2023. A situação é ainda mais preocupante quando se considera que Pernambuco já vinha enfrentando dificuldades no enfrentamento da criminalidade urbana e rural. A atual gestão estadual demonstra, mais uma vez, fragilidade em combater de forma eficiente a violência que atinge sobretudo as periferias, os jovens e as mulheres.

Outros estados com aumento expressivo foram o Amapá, com alta alarmante de 41,7%, e o Rio de Janeiro, com 13,6%. Também registraram crescimento: Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

O estudo aponta que a redução nacional pode estar relacionada a fatores como o envelhecimento da população, acordos de não-agressão entre facções criminosas em algumas regiões e políticas locais mais eficazes. Mas isso não garante que o país esteja mais seguro no longo prazo. Sem políticas estruturais e de combate às causas profundas da violência como desigualdade, exclusão social, falta de acesso à educação e cultura , a queda pode ser apenas temporária.

Outro dado que precisa ser encarado com seriedade: a violência contra mulheres aumentou. Em pleno século XXI, o número de mulheres assassinadas subiu, em desacordo com o restante do país. O feminicídio segue como uma ferida aberta, que exige resposta imediata do poder público.

Pernambuco precisa de uma reorientação firme na política de segurança. A população quer mais do que estatísticas: quer viver sem medo. Que os números do Atlas sirvam de alerta e não de consolo.

Waldiney Passos

Editorial – A nova alta da Selic e o peso sobre os brasileiros

Mais uma vez, o Banco Central decidiu aumentar os juros no Brasil. A taxa Selic, que serve como referência para todas as demais taxas de crédito no país, subiu de 14,25% para 14,75% ao ano, atingindo o maior patamar desde julho de 2006, ainda no primeiro governo do presidente Lula. A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) joga mais luz sobre uma realidade dura e recorrente: o custo de vida para os brasileiros continua a subir, enquanto o acesso ao crédito e ao consumo se estreita.

O argumento técnico do Copom é que a inflação segue pressionada por fatores externos, como a instabilidade econômica dos Estados Unidos e os desdobramentos da guerra comercial, além de um cenário fiscal interno ainda desajustado. Tudo isso é verdade. Mas a decisão, embora justificada do ponto de vista técnico, tem implicações diretas e profundas na vida real de quem trabalha, empreende e tenta manter as contas em dia.

Quando a taxa Selic sobe, o crédito encarece imediatamente. Juros de cartão de crédito, cheque especial, empréstimos pessoais e financiamentos de empresas ficam ainda mais altos. Isso freia o consumo, trava investimentos e afeta duramente o pequeno empreendedor, que depende de capital de giro para manter seu negócio funcionando. Para quem sonha com a casa própria ou precisa renegociar dívidas, o cenário é ainda mais desanimador.

Além disso, essa política de juros altos como forma de combater a inflação é, em muitos aspectos, uma solução preguiçosa, que penaliza a base da pirâmide social. Pouco se discute o impacto real das despesas públicas mal administradas, da corrupção que drena bilhões da educação, saúde e infraestrutura, ou da necessidade urgente de reformas estruturantes que tragam previsibilidade e eficiência à economia brasileira.

Enquanto isso, milhões de brasileiros seguem lutando para pagar contas básicas, comprar comida e garantir dignidade com salários que não acompanham a inflação real dos supermercados. A elevação da Selic, se por um lado ajuda a conter o avanço dos preços, por outro representa um freio no crescimento e no bem-estar da população mais pobre.

É preciso coragem política e visão de longo prazo para sair desse ciclo. O Brasil não pode continuar prisioneiro da lógica dos juros altos como única resposta à inflação. É hora de buscar soluções integradas, que envolvam responsabilidade fiscal, investimento em produtividade, fortalecimento da indústria nacional e educação financeira para a população.

Enquanto isso não acontece, quem paga a conta — como sempre — é o povo.

Waldiney Passos

EDITORIAL — A CORRUPÇÃO VOLTOU COM FORÇA E AFUNDA O BRASIL

A corrupção voltou a crescer no Brasil como uma praga silenciosa, mas devastadora. E não é apenas uma percepção popular: os dados mostram claramente que o país está recuando no combate à roubalheira, aos desvios e à impunidade que tanto atrasam nossa nação. A cada escândalo, a cada operação abafada, a cada punição esquecida, os brasileiros, especialmente os mais pobres, são os que mais sofrem.

Em 2024, o Brasil alcançou a sua pior pontuação e posição no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), divulgado pela Transparência Internacional. O país obteve 34 pontos e a 107ª posição entre 180 países, o que representa uma queda em comparação com o ano anterior. 

Corrupção não é só desvio de dinheiro, é desvio de futuro. Cada centavo desviado de merenda escolar, de hospitais, de obras públicas ou da Previdência é um prato vazio, uma fila mais longa, uma rua sem asfalto, uma vida perdida. É o agricultor sem estrada, o estudante sem professor, o aposentado vítima de fraude, como temos visto com as denúncias no INSS.

O mais alarmante é perceber que parte da classe política e da elite administrativa do país parece não apenas tolerar, mas se beneficiar dessa engrenagem suja. Operações de combate à corrupção foram desmobilizadas, estruturas de controle desmontadas, e discursos que antes clamavam por ética agora silenciam diante de escândalos dentro do próprio governo.

Essa permissividade cria um ambiente em que o corrupto se sente confortável, e o cidadão honesto, abandonado. A impunidade não apenas incentiva novos crimes, como mina a confiança do povo nas instituições. E sem confiança, não há democracia sólida. A corrupção destrói o presente e rouba o futuro.

Não podemos normalizar esse cenário. É hora de exigir transparência, fortalecer os órgãos de controle, dar autonomia real ao Judiciário e às polícias investigativas. O Brasil não pode mais ser conhecido lá fora como o país do “jeitinho”, mas sim como um país que pune os corruptos e protege seu povo.

Porque onde há corrupção, há injustiça. Onde há injustiça, não há progresso.

Waldiney Passos

Editorial — Pec da Segurança: Avanço ou ilusão?

O Brasil vive uma crise crônica na segurança pública. Violência urbana, criminalidade crescente, facções organizadas e um sistema penal sobrecarregado. Nesse contexto, a chamada PEC da Segurança Pública surge como mais uma tentativa do Congresso de dar uma resposta a um dos maiores anseios da população: segurança.

A proposta pretende inserir a segurança pública no rol de direitos sociais da Constituição, equiparando-a à saúde, educação, moradia e alimentação. Em tese, isso parece positivo. Ao tornar a segurança um direito fundamental, o Estado seria legalmente obrigado a garantir esse serviço com mais prioridade e investimento — e os cidadãos teriam mais instrumentos para cobrar. Ponto forte? Sim, mas só até certo ponto.

O problema é que, na prática, muitos especialistas alertam: isso pode ser apenas uma medida simbólica, sem resultados concretos. Afinal, saúde e educação já estão na Constituição como direitos há décadas, mas continuam enfrentando falta de recursos, más gestões e desigualdade de acesso. Colocar a segurança pública nesse mesmo patamar, sem garantir mecanismos objetivos de financiamento, metas e fiscalização, é como pintar uma parede com rachadura: parece bonito, mas por dentro continua podre.

Outro ponto levantado por críticos é o risco de judicialização. Tornar a segurança um direito constitucional pode gerar uma enxurrada de ações contra o Estado, exigindo patrulhamento em bairros, investigações mais rápidas, presença de polícia em locais específicos. Mas o Estado tem estrutura para isso? Se não tiver, de que adianta dar esse “direito” no papel?

Além disso, a PEC não enfrenta os verdadeiros gargalos da segurança pública no Brasil:

  • Falta de integração entre as polícias civil e militar;

  • Sistema penitenciário dominado por facções;

  • Políticas públicas falhas de prevenção ao crime;

  • Baixa valorização dos profissionais de segurança.

Enquanto isso, governadores e prefeitos seguem à deriva, sem orçamento, tentando apagar incêndios com baldes furados. Não é à toa que especialistas em direito público e segurança têm dito que a PEC soa como uma medida populista, sem um plano de execução estruturado.

A sociedade quer e precisa de segurança. Isso é fato. Mas o que se exige do Congresso é mais que um aceno simbólico: é um projeto real, com metas claras, recursos garantidos, investimentos em inteligência, prevenção, combate ao tráfico, e valorização das forças policiais.

Criar um direito constitucional à segurança pode até parecer um avanço — mas se vier sem estrutura, sem plano, sem dinheiro e sem responsabilidade, será apenas mais uma promessa vazia para um povo que já sofre demais com o medo, a impunidade e o abandono.

Fica o nosso apelo: que o Congresso e o governo parem de legislar para manchetes e comecem a trabalhar por soluções concretas. Segurança não se resolve com tinta na Constituição. Se resolve com ação, coragem e compromisso com a vida dos brasileiros.

Editorial – Trânsito trava e população cobra instalação urgente de semáforo no contorno da Cohab Massangano

A duplicação da BR-407 em Petrolina é, sem dúvidas, uma das obras mais importantes realizadas nos últimos anos na cidade. Ela representa um avanço significativo na mobilidade urbana, no escoamento da produção, na segurança viária e no desenvolvimento da região. O novo viaduto na Avenida Honorato Viana, por exemplo, é uma estrutura moderna que vem garantindo mais fluidez ao tráfego e eliminando antigos gargalos que, por anos, castigaram motoristas e moradores.

No entanto, apesar da grandiosidade da obra e da importância que ela representa para Petrolina e todo o Vale do São Francisco, é preciso reconhecer que ainda há ajustes urgentes a serem feitos para que os benefícios sejam sentidos por todos.

O Blog Waldiney Passos tem recebido diversas reclamações de condutores sobre um ponto crítico que precisa ser revisto com urgência: o estrangulamento do contorno da Avenida Honorato Viana, nas proximidades da feirinha da Cohab Massangano. Com a retirada da rotatória que existia próximo ao Posto Asa Branca — um importante acesso para diversos bairros da zona Oeste — e a instalação de uma nova rotatória mais adiante, já próximo à entrada do bairro Quati, muitos motoristas estão utilizando o contorno da Cohab Massangano como ponto de retorno.

Essa nova dinâmica está gerando grandes engarrafamentos, principalmente nos horários de pico. O problema maior ocorre quando quem está no sentido Centro/bairros precisa fazer o retorno, mas enfrenta um fluxo intenso de veículos vindo no sentido oposto, bairros/Centro, o que acaba estrangulando o trânsito e gerando muita irritação entre os condutores.

A solução, ao nosso ver — e respaldada pelo clamor de quem vive essa realidade diariamente — seria a instalação de um semáforo no local. A presença de um equipamento semafórico ajudaria a ordenar o trânsito, oferecer intervalos de passagem mais justos e evitar o atual caos nos horários de maior movimento. É uma demanda simples, de fácil execução, mas de grande impacto positivo na vida da população.

Reconhecemos e elogiamos a obra da duplicação da BR-407, mas reforçamos: a eficácia de um projeto de mobilidade só se completa quando cada ponto crítico é observado e ajustado. O apelo vem da rua, do povo, dos motoristas que, dia após dia, enfrentam esse desafio. Que as autoridades responsáveis possam ouvir a voz da população e agir com a urgência que o caso requer.

Waldiney Passos

Editorial – Cidade limpa é dever de todos

Durante o evento de avaliação dos cem primeiros dias de gestão do prefeito Simão Durando, realizado na última terça-feira (22), um ponto chamou particularmente a nossa atenção: a limpeza pública. Em sua fala, o prefeito destacou que o compromisso com uma cidade limpa não deve se limitar à atuação da Secretaria de Serviços Públicos, embora seja esta a pasta responsável, mas deve envolver todas as secretarias municipais e, acima de tudo, a população.

Aqui no Blog Waldiney Passos e também no nosso programa Espaço Aberto, na Rádio Rural FM, sempre fazemos questão de reforçar esse chamado à responsabilidade coletiva. Sim, é dever do poder público garantir ruas limpas, coleta regular de lixo, manutenção de áreas públicas. Mas também é dever do cidadão colaborar com essa missão.

Não é possível exigir uma cidade limpa se continuarmos a ver lixo jogado em terrenos baldios, em calçadas, em canteiros, ou sacos descartados fora do horário e dos dias certos da coleta. São atitudes que, infelizmente, ainda persistem no nosso dia a dia, e que impedem avanços maiores, mesmo diante dos esforços da gestão pública.

Cuidar da cidade é também respeitar os dias e horários da coleta, evitar jogar lixo na rua, não descartar entulho ou móveis em locais impróprios e denunciar descarte irregular. Todos esses gestos ajudam e muito a manter Petrolina mais bonita, saudável e digna para se viver.

O Blog Waldiney Passos continuará a fiscalizar, cobrar e dar voz à população, como sempre fez. Mas reforçamos: não se constrói uma cidade limpa apenas com máquinas e garis, mas com cidadãos conscientes, que entendem que o bem-estar coletivo também depende da atitude individual.

A cidade que queremos começa pelo cuidado que temos com ela. Petrolina merece mais. E isso começa com todos nós.

Waldiney Passos

Editorial – Em memória do Papa Francisco: um pastor do povo e para o povo

O mundo despede-se, com o coração apertado, de um dos maiores líderes espirituais da nossa era: o Papa Francisco. Homem simples, de gestos profundos e palavras transformadoras, ele foi – e continuará a ser – uma referência de fé, humanidade e coragem moral. O seu legado transcende fronteiras religiosas e políticas, deixando um rastro de luz, diálogo e esperança.

Francisco entrou para a história como o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o trono de Pedro. Mas, mais do que títulos, foi a sua prática de vida, o seu estilo pastoral próximo dos pobres, dos excluídos, dos migrantes e das periferias, que fez dele um símbolo de amor e de misericórdia cristã.

O povo brasileiro, em especial, guarda com carinho a lembrança da sua visita em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Naquela ocasião, vimos de perto o carisma e a empatia de um pontífice que não se isolava nos palácios, mas caminhava entre o povo, abençoando crianças, abraçando idosos e falando diretamente ao coração da juventude. A sua famosa frase – “Quero bagunça nas dioceses” – foi um chamado para uma Igreja viva, ousada e próxima da realidade.

Ontem, em Petrolina, estivemos presentes na emocionante Missa em sufrágio ao Papa Francisco, celebrada na Igreja Catedral pelo bispo diocesano, Dom Antônio Carlos Cruz Santos. A celebração, marcada por orações sinceras e cânticos comoventes, reuniu uma multidão de fiéis que lotaram a igreja. Foi uma expressão de fé e de gratidão pela vida e missão deste Santo Padre, cuja partida deixa saudades, mas cuja memória permanecerá para sempre gravada na alma do nosso povo.

A Missa foi muito bonita, tocante, marcada por momentos de silêncio e reflexão profunda. Dom Antônio Carlos, em sua homilia, destacou o exemplo de simplicidade, coragem e compromisso com os mais vulneráveis deixado por Francisco. Uma verdadeira celebração da vida daquele que foi, verdadeiramente, o papa da misericórdia.

Francisco, o mundo chora a tua ausência, mas celebra tua vida e missão. Obrigado por nos ensinar a amar sem medida, a lutar pela justiça e a nunca perder a esperança. Vá em paz, Santo Padre. A tua luz continuará a guiar os nossos caminhos.

Editorial: Faixas ou passarelas? Urgência por segurança na Avenida Honorato Viana, em Petrolina

O Blog Waldiney Passos vem recebendo, com frequência e crescente preocupação, reclamações de moradores dos bairros Cohab Massangano, Jardim Amazonas, Alto do Cocar e Pedro Raimundo, que enfrentam diariamente um desafio perigoso e desumano: atravessar a Avenida Honorato Viana.

O ponto crítico se encontra nas imediações dos dois grandes atacadistas da cidade — Atacadão e Mix Mateus, localizados praticamente um de frente para o outro. O fluxo de veículos na região é intenso em tempo integral, e se torna ainda mais caótico nos horários de pico. Os clientes dos atacadistas, os trabalhadores dos bairros vizinhos e as famílias que precisam circular por ali relatam o risco constante de atropelamentos, além da dificuldade imposta pela ausência de faixas de pedestres.

A avenida é duplicada e extensa, o que obriga os pedestres a cruzarem duas pistas movimentadas. Sem sinalização adequada, sem redutores de velocidade e sem nenhum tipo de estrutura que favoreça a travessia segura, as pessoas arriscam suas vidas todos os dias.

Já houve vários registros de acidentes. É inadmissível que, mesmo com esse histórico preocupante, nenhuma providencia tenha sido tomada até  o presente momento

Contudo, sejamos francos: faixas são apenas um paliativo. O que realmente traria segurança e agilidade ao trânsito seriam as passarelas elevadas, solução definitiva que não compromete o fluxo de veículos e salva vidas. É uma medida que exige mais planejamento e investimento, mas que se paga com a preservação de vidas humanas.

O problema não se limita apenas a esse trecho. Outras áreas ao longo da Avenida Honorato Viana também carecem de intervenções estruturais e merecem a mesma atenção. Portanto, sugerimos que, além da instalação urgente de faixas nos pontos críticos, seja elaborado um plano mais amplo de segurança viária, com a construção de passarelas elevadas ao longo de todo o eixo da avenida.

A pauta é urgente. A cobrança é justa. A omissão custa vidas.

Reafirmamos aqui nosso compromisso com o jornalismo que ecoa a voz da população. O Blog Waldiney Passos segue atento e vigilante diante dessa demanda, e continuará cobrando ações concretas dos responsáveis até que soluções efetivas sejam colocadas em prática.

Editorial: O Verdadeiro Sentido da Semana Santa

Waldiney Passos – Editor do Blog

A Semana Santa deveria ser o tempo mais sagrado do calendário cristão. Um período de silêncio, recolhimento e profunda meditação sobre o sacrifício de Jesus Cristo, que se entregou por amor à humanidade. Deveríamos, como fiéis, reservar esses dias para elevar nossas orações, refletir sobre nossas ações e buscar uma sincera conversão interior. No entanto, a realidade que se vê em muitas cidades brasileiras — inclusive aqui na nossa região — está bem distante desse ideal.

Em vez da oração, há bebedeira. Em vez da contemplação, festas, paredões e farras que atravessam a madrugada. Em vez do recolhimento, o barulho ensurdecedor de quem parece ignorar o verdadeiro motivo desse feriado. A Sexta-feira Santa, que deveria ser marcada pelo silêncio e respeito ao Cristo crucificado, se transforma, para muitos, apenas em mais um dia de folga, um convite à balbúrdia e à irresponsabilidade.

É triste constatar que muitos que se dizem cristãos esquecem completamente do protagonista da Semana Santa: Jesus Cristo. Aquele que foi traído, julgado injustamente, torturado e morto numa cruz para redimir os nossos pecados. E quantos, mesmo sabendo disso, tratam esses dias como se fossem um simples feriado prolongado, uma “folga” a mais no calendário?

É preciso, com coragem, cobrar dos fiéis mais coerência. A fé não pode ser vivida apenas no domingo de Páscoa com a roupa nova e o almoço farto em família. A fé se mostra no respeito aos símbolos, na reverência aos momentos santos e no compromisso com a espiritualidade.

A Semana Santa não é Carnaval fora de época. Não é tempo de excessos, mas de entrega. Não é tempo de festas, mas de fé. É hora de retomarmos o verdadeiro significado desses dias: o amor incondicional de Cristo, a dor da cruz, a esperança da ressurreição.

Aos que têm fé, que este editorial seja um chamado. Que os sons dos paredões deem lugar às preces. Que o copo de bebida seja substituído pela leitura do Evangelho. Que o tempo livre seja dedicado à alma. E que, sobretudo, nunca esqueçamos que, sem Jesus, a Semana Santa perde o sentido.

Waldiney Passos

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