Morre aos 94 anos a artista plástica Lygia Sampaio, única mulher a integrar movimento de renovação das artes na Bahia

A artista plástica baiana Lygia Sampaio morreu aos 94 anos, em Salvador, mesma cidade em que nasceu, na manhã de sábado (15). Contemporânea e elogiada por outros grandes nomes da arte baiana, como Carybé, Mário Cravo e Rubem Valentim, ela faleceu em casa, de causas naturais. Entre as décadas de 1940 e 1950, Lygia Sampaio revolucionou as artes visuais, ao se tornar a única mulher a participar do movimento que deu o experimentalismo estético do modernismo na Bahia, ao lado dos companheiros de tela.

Suas obras são marcadas pela presença forte de mulheres, como em “Menina de Plataforma” e “Pequena Bordadeira”, e pela inclusão da vida urbana de Salvador, como em “Palma”. As telas foram expostas nos Salões Baianos de Belas Artes, além do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.A artista também foi a responsável pela implementação do Museu de Imprensa da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e trabalhou por 30 anos no Arquivo da Prefeitura de Salvador, depois de forma-se em Museologia pela Universidade Federal da Bahia em 1975.

Em 2006, Lygia publicou o livro “De Sam Payo a Sampaio”, fruto de pesquisa genealógica e ilustrado com desenhos em bico de pena de sua autoria, que ganharam exposição no Museu de Arte da Bahia. A última exposição da artista foi realizada em 2014, no Museu de Arte Sacra de Salvador.

G1 Bahia

Distribuição de absorventes beneficiará 24 milhões de mulheres

O governo federal divulgou, nesta segunda-feira (19), os critérios para distribuição gratuita de absorventes, que deverá atender cerca de 24 milhões de pessoas em condição de vulnerabilidade social.

Conforme portaria interministerial, o público-alvo é de pessoas inscritas no Cadastro Único, em situação de rua ou pobreza, matriculadas em escolas públicas federais, estaduais e municipais e que pertençam a famílias de baixa renda, estejam no sistema penal ou cumprindo medidas socioeducativas.

Os absorventes serão distribuídos em estabelecimentos da Atenção Primária à Saúde, escolas da rede pública, unidades do Sistema Único de Assistência Social, presídios e instituições de cumprimento de medidas socioeducativas.  Estão previstos cursos de capacitação de agentes públicos para esclarecer sobre a dignidade menstrual, além de campanhas publicitárias.

A compra dos absorventes deve levar em conta critérios de qualidade previstos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Caberá ao Ministério da Saúde fazer uma estimativa do uso médio de unidades de absorventes e do ciclo menstrual.

O Ministério da Saúde ressalta que milhares de pessoas não têm acesso a absorventes no país “e, em consequência, meninas deixam de frequentar aulas por vergonha, e mulheres usam formas inadequadas de contenção do fluxo, como papel higiênico e até miolo de pão”.

O projeto, que previa a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda da rede pública e para mulheres em situação de rua ou de vulnerabilidade social, foi aprovado no Senado em setembro de 2021 e seguiu para sanção presidencial. Porém, o então presidente Jair Bolsonaro vetou trechos do projeto. O governo à época argumentou que o projeto contrariava o interesse público.

Em março deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou o decreto que regulamenta a Lei nº 14.214/21 e instituiu o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual.  O objetivo do programa é combater a falta de acesso a produtos de higiene e a outros itens necessários ao período da menstruação ou a falta de recursos que possibilitem sua aquisição, oferecer garantia de cuidados básicos de saúde e desenvolver meios para a inclusão das mulheres em ações e programas de proteção à saúde menstrual.

No mesmo mês, o Congresso Nacional derrubou veto de Jair Bolsonaro à distribuição de absorventes.

Agência Brasil

Bahia: Governo lança edital que incentiva empreendimentos liderados por mulheres indígenas

O Governo do Estado lançou, nesta sexta-feira (16), mais um edital que favorece empreendimentos liderados por mulheres, desta vez, mulheres indígenas. Em uma parceria entre a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), o novo edital conta com investimentos de mais de R$ 2 milhões que serão aplicados em assistência técnica e extensão rural (ATER) e inclusão socioprodutiva de empreendimentos liderados por mulheres indígenas.

O anúncio, ocorrido durante o encerramento do 5º Acampamento dos Povos Indígenas da Bahia, nesta sexta-feira, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), é o novo marco nas ações do Governo do Estado para a valorização dos povos originários baianos, em especial, às mulheres indígenas. “É o primeiro edital na Bahia, acho que até no Brasil, para mulheres indígenas. É uma parceria muito importante com a CAR na construção desse edital, que vai impactar positivamente a vida de centenas de mulheres indígenas na nossa Bahia”, comemorou a Secretária de Políticas para Mulheres (SPM), Elisângela Araújo.

O diretor-presidente da CAR, Jeandro Ribeiro, enfatizou o lançamento do edital e a entrega das habitações rurais para os povos indígenas Tumbalalá, do município de Curaçá. “Foi um dia de anúncios importantes. Foram 95 unidades habitacionais rurais entregues no município de Curaçá, das 273 habitações rurais que estão sendo construídas com investimentos que ultrapassam R$ 3,5 milhões. Outro momento que mostra a transformação de vida para os povos indígenas por meio da CAR foi o anúncio do novo edital para empreendimentos liderados por mulheres indígenas, que receberão assistência técnica e extensão rural (ATER) e investimentos para a base de produção”, comentou o diretor.

A cacica Rosivânia Kiriri, do município de Barreiras, falou da alegria com o anúncio do edital. “Será muito importante para nós enquanto representantes das mulheres indígenas. Foi muito bom para nós do Oeste da Bahia, que produzimos artesanato, feijão, feijão de corda, macaxeira, entre outros alimentos plantados sem agrotóxicos. Vai melhorar muito a nossa renda e será enriquecedor para as nossas comunidades”, analisou.

Já o cacique Jucinaldo Tumbalalá, do município de Curaçá, o contentamento foi enorme, sobretudo para os indígenas que receberam suas moradias, cada uma com dois quartos, sala-cozinha, banheiro e varanda, além de acesso à água e energia elétrica. “É uma satisfação imensa a gente conseguir tirar essas pessoas que viviam de favor em outras casas para terem o seu próprio teto, a sua moradia. É muito gratificante”, celebrou.

O 5º acampamento foi organizado pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba) e reuniu representantes de 30 etnias de diversas regiões do estado.

Silvia CostaAssessoria de Comunicação da CAR

Foto: Rafael Barreto/CAR-GOVBA

 

Prefeitura de Juazeiro realiza a 1ª oficina gratuita de empreendedorismo em parceria com o ‘Ela Pode’

A prefeitura de Juazeiro, através da Agência de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pecuária (Adeap), em parceria com o Instituto Rede Mulher Empreendedora, e apoiado pelo Google, realizou nesta sexta-feira (19), a 1ª oficina gratuita de empreendedorismo do programa Ela Pode. A capacitação aconteceu no Espaço Colaborar, foi ministrada pela professora Queliane Martins, embaixadora do Instituto em Juazeiro, e contou com a participação de 42 mulheres.

O secretário da Adeap, Carlos Neiva fez a abertura da oficina e destacou a busca por parcerias para fomentar a geração de empregos em Juazeiro. “Com essa parceria firmada com o programa Ela pode, iremos realizar oficinas voltadas para mulheres aqui no Espaço Colaborar. Estamos conversando com outros parceiros para oferecer mais cursos gratuitos de capacitação aqui na Adeap. Capacitação é uma prioridade na gestão da prefeita Suzana Ramos para garantir a geração de emprego, renda e ocupação em Juazeiro”, declarou o secretário Carlos Neiva.

A capacitação

Entre os vários aspectos do empreendedorismo, a professora Queliane Martins abordou o que é empreendedorismo, quais as formas de empreender, como identificar seus talentos e as necessidades do mercado, como transformar uma ideia em negócio, entre outros.  “O que nós mostramos aqui hoje, entre tantos conhecimentos relevantes, foi a importância de olhar o empreendedorismo além da abertura de empresas, isso vai impactar não só a vida profissional delas, mas trará reflexos na vida pessoal”, explicou Queliane.

A oficina também contou com representantes do Sebrae e do Banco do Nordeste que falaram sobre linhas de crédito para as mulheres. Suzaneide Souza participou da oficina, ela que produz e vende geladinho na rua afirma que os ensinamentos serão úteis na sua atividade. “Muita coisa eu já sabia com a prática, mas por exemplo, a forma de organização da empresa eu achei muito interessante, só isso já valeu a pena ter participado”, declarou.

 

Programa ELA PODE

ELA PODE é um programa totalmente gratuito e exclusivo para mulheres, que tem como objetivo apoiar as mulheres a conquistarem um emprego ou desenvolverem seu próprio negócio.

Texto e fotos: Rinaldo Lima – Ascom Adeap/PMJ

Curso online e gratuito de empreendedorismo para mulheres abre inscrições em Arcoverde

Estão abertas inscrições para um curso gratuito de empreendedorismo para mulheres promovido pela Prefeitura de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco. As vagas são para mulheres a partir dos 18 anos.

O projeto é uma parceria com o Instituto Gerdau e integra o Programa Gerdau Transforma, executado pela Agência Besouro com o objetivo de auxiliar pessoas a desenvolverem seus próprios negócios. As participantes receberão certificado e logomarca personalizada ao fim do curso.

O curso é totalmente gratuito e online, será realizado de 8 a 12 de maio, das 19h às 22h, através de transmissão pelo YouTube. As inscrições podem ser feitas através do site do Programa Gerdau Transforma.

G1 Pernambuco

Política de drogas causa extermínio de jovens negros, diz pesquisadora

Mulheres presas acusadas de tráfico de drogas são na maioria negras e com poucas oportunidades de estudar, diz a pesquisadora Dina Alves que analisa as condições de mulheres encarceradas.

“A política de drogas é instrumento de extermínio da juventude negra. Porque são jovens e são negras. São mulheres que nem sequer tiveram a oportunidade de acessar a universidade”, enfatiza.
Para a pesquisadora, a forma como está estabelecido o combate aos mercados ilícitos de drogas é uma maneira de perseguir populações sem oportunidades. “Se as mulheres negras que estão encarceradas compõem o mesmo perfil de mulheres negras fora do sistema prisional que estão desempregadas, que são mães com mais de um, dois ou três filhos, que exercem função muitas vezes de subemprego – de empregada doméstica, de babá, de faxineira ou de vendedoras ambulantes – elas já estão em um lugar de vulnerabilidade”, aponta.

Perseguição a negras e periféricas
Essas mulheres são atingidas ainda, segundo Dina, pela forma como as ações que têm como pretexto o enfrentamento ao tráfico de drogas são direcionadas a determinadas comunidades.

“As mulheres que são acusadas de tráfico com penas muito severas sobre os seus corpos, não exerciam nenhuma função de gerência no microtráfico de drogas. Muitas estavam no varejo ou exerciam um lugar de aproximação ao que se chama de tráfico. Porque elas já moram em comunidades criminalizadas como lugar de produção do tráfico”, acrescenta.

Como marco nesse processo, a pesquisadora destaca a promulgação da lei de drogas de 2006, que estabeleceu penas mais duras às pessoas acusadas de tráfico. Essa mudança, na visão de Dina, faz parte de um recrudescimento da repressão a nível global que aconteceu a partir da década de 1990.

“Desde que a lei foi promulgada, a gente vê um alarmante crescimento de mulheres encarceradas sob a justificativa que são perigosas traficantes de drogas”, diz. “De 2000 a 2016, se a gente for fazer esse recorte, foi um crescimento de 525% – encarceramento de mulheres.”, acrescenta.

O fato dessas prisões atingirem, na grande maioria, pessoas negras, é, na avaliação da pesquisadora, um reflexo do racismo que descende do regime escravocrata brasileiro, que vigorou legalmente até 1888. “Se existe uma perseguição histórica contra negros e indígenas no Brasil, a gente tem que enxergar e compreender o sistema de justiça criminal como um dos braços mais expressivos do Estado de extermínio dessa população.”

Sem condenação e sem estudo
Dados do Sistema de Informações do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça (Sisdepen) apontam que, em junho de 2022, estavam nas prisões brasileiras 45,5 mil mulheres. Dessas, pelo menos 29%, cerca de 13,2 mil, não tinham condenação.

As informações relativas ao perfil racial e a escolaridade só abrangem 33,3 mil das encarceradas. Nessa amostragem, o número de analfabetas, que totalizam 675, supera daquelas que tem curso superior (661). Há ainda 1,5 mil que são alfabetizadas, mas não frequentaram o ensino regular e 13,8 mil que não concluíram o ensino fundamental.

Dina alerta que é preciso ter cuidado ao fazer análises a partir das informações fornecidos pelo Poder Público, que tem sido, segundo ela, um dos principais violadores de direitos dessas populações. “A gente não pode confiar nos dados que o Estado produz sobre as suas próprias violações”, afirma.

Por isso, em seus trabalhos, ela tem optado por ouvir diretamente as pessoas afetadas. “Existem outros dados que devem também ser considerados que são as narrativas que se produzem dentro do sistema prisional, a narrativa das mulheres”, ressalta. Essas escutas embasaram o espetáculo de Dança Rés, montado pela Corpórea Companhia de Corpos em 2017.

Indulto e desencarceramento
A socióloga e cofundadora da Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, Nathália Oliveira, defende que seja feita uma inflexão na forma como o Estado brasileiro lida com a questão das drogas.

“A gente pode ter neste ano um bom indulto de mulheres. Muitas dessas mulheres são presas por baixas quantidades, são vítimas do tráfico de drogas, não necessariamente apenas agentes de violência, como é colocado pela mídia”, diz ao defender que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promova uma anistia a mulheres presas por acusações de tráfico a partir do indulto presidencial. É costume que na época de Natal o presidente conceda perdão a grupos de pessoas condenadas.

Esse gesto poderia, na opinião de Nathália, ser um indicativo de mudança na atual política de drogas. “Nós precisamos desenvolver uma relação pacífica com a indústria que envolve a produção, circulação e consumo de substâncias em geral. Uma relação racional do ponto de vista da nossa sociedade. Isso é fundamental. Não faz sentido a gente ficar investindo o nosso orçamento público em uma agenda de morte em vez de investir em uma agenda de garantia de direitos”, ressalta.

A secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Martha Machado, diz que o Ministério da Justiça não deve atuar pela mudança na atual legislação sobre o tema. “Essas decisões devem ser resolvidas ou pelo STF [Supremo Tribunal Federal] ou pelo legislativo”, diz. O ministério promoveu em março um seminário sobre os impactos da política de drogas na população feminina e lançou um edital, com inscrições até 21 de abril, para apoiar grupos que trabalham com essas pessoas.

Segundo Marta, a secretaria tem feito ações para reduzir o número de mulheres presas acusadas de tráfico. “A gente já tem uma lei que não penaliza o usuário. A gente entende que tem muito o que fazer para evitar os vieses de aplicação dessa lei. Trabalhar junto às audiências de custódia. Existe uma experiência exitosa no CNJ [Conselho Nacional de Justiça] de fomentar as audiências de custódia, de melhorar a qualidade, de trabalhar na porta de entrada do sistema de justiça criminal, auxiliando o juiz”, diz.

As audiências de custódia são o momento em que as pessoas presas em flagrante são ouvidas por um juiz para averiguar a legalidade ou necessidade daquela pessoa ser mantida privada de liberdade. Nessa ocasião, o magistrado pode optar por liberar o acusado ou determinar medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, em substituição à prisão.

“Então, a gente tem como modelo de ter uma rede psicossocial de profissionais – psicólogos, assistentes sociais, pessoas ligadas ao sistema de saúde que, por exemplo, atendem essa pessoa antes do encaminhamento ao juiz e conseguem fazer um laudo que ajude o juiz. O laudo pode mostrar mais claramente se a pessoa é usuária ou traficante. Nessa separação a gente acha que isso é muito importante”, acrescenta a secretaria.

Dina Alves defende a adoção de uma agenda ampla de desencarceramento e de reconhecimento dos erros cometidos pela política instituída até aqui. “Um dos primeiros passos é reconhecer essa memória escravocrata, que é póstuma na memória e na existência das instituições. Reconhecer a formação política, com perspectiva racial para a sociedade. Mas, principalmente, eu acho que o cárcere precisa ser aberto na sociedade. A gente precisa falar sobre a desmilitarização da polícia como agenda urgente. E também políticas de desencareramento. Que as políticas de desencarceramento sejam efetivas.”

Fonte – Agência Brasil

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