Marcha das Mulheres Indígenas começa nesta segunda em Brasília

Mulheres indígenas de todo o país reúnem-se em Brasília, de 11 a 13 de setembro, a fim defender os direitos das mulheres e a preservação das culturas indígenas. Com o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais”, a abertura oficial da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas ocorre na noite deste domingo (10).

A marcha de 2023 também marca a continuação da luta contra o garimpo ilegal, pela demarcação de terras e pela formação política de representação indígena nos espaços de poder.

O evento é promovido pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e as atividades se concentram no Eixo Cultural Ibero-Americano, na área central da capital federal. Estão previstas plenárias, grupos de trabalho e ações culturais. Na quarta-feira (13), elas sairão em caminhada pela Esplanada dos Ministérios e terão diálogo com autoridades sobre a carta de reivindicações, que foi entregue na pré-marcha, em janeiro deste ano.

“Nossos maiores inimigos são as leis que não reconhecem nossa diversidade e nossa existência. Falar em demarcação de terras indígenas é gritar pela continuidade da existência dos nossos povos. Ter uma mulher indígena como primeira ministra indígena é afirmar que as mulheres são a cura da terra e a resposta para enfrentamentos à violência de gênero e racismos como o estrutural, institucional e ambiental”, diz a Anmiga, em referência à ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

“No centro dessa marcha está um poderoso apelo por direitos iguais para as mulheres indígenas. Essas mulheres enfrentaram inúmeros desafios e injustiças ao longo de suas vidas, mas se recusam a continuar sendo silenciadas. Exigimos acesso a cuidados de saúde de qualidade, educação e oportunidades econômicas. Lutamos pela proteção da terra e recursos naturais, que vêm sendo explorados por muito tempo. Defendemos o fim da violência contra as mulheres indígenas, um problema generalizado que tem atormentado nossas comunidades há gerações”, acrescentou.

Representantes do movimento de mulheres indígenas de outras partes do mundo também estarão presentes, como do Peru, dos Estados Unidos, da Malásia, da Rússia e da Nova Zelândia. “Essa diversidade de participantes destaca a universalidade das questões enfrentadas pelas mulheres indígenas, como o acesso à terra, a violência de gênero, a discriminação e a luta pela autonomia e empoderamento”, explicou a Anmiga.

A 1ª Marcha das Mulheres Indígenas ocorreu em 2019, com o tema “Território: nosso corpo, nosso espírito”. A segunda edição foi em 2021 e teve como tema “Mulheres originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra”.

Ãgência Brasil

Bahia: Governo lança edital que incentiva empreendimentos liderados por mulheres indígenas

O Governo do Estado lançou, nesta sexta-feira (16), mais um edital que favorece empreendimentos liderados por mulheres, desta vez, mulheres indígenas. Em uma parceria entre a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), o novo edital conta com investimentos de mais de R$ 2 milhões que serão aplicados em assistência técnica e extensão rural (ATER) e inclusão socioprodutiva de empreendimentos liderados por mulheres indígenas.

O anúncio, ocorrido durante o encerramento do 5º Acampamento dos Povos Indígenas da Bahia, nesta sexta-feira, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), é o novo marco nas ações do Governo do Estado para a valorização dos povos originários baianos, em especial, às mulheres indígenas. “É o primeiro edital na Bahia, acho que até no Brasil, para mulheres indígenas. É uma parceria muito importante com a CAR na construção desse edital, que vai impactar positivamente a vida de centenas de mulheres indígenas na nossa Bahia”, comemorou a Secretária de Políticas para Mulheres (SPM), Elisângela Araújo.

O diretor-presidente da CAR, Jeandro Ribeiro, enfatizou o lançamento do edital e a entrega das habitações rurais para os povos indígenas Tumbalalá, do município de Curaçá. “Foi um dia de anúncios importantes. Foram 95 unidades habitacionais rurais entregues no município de Curaçá, das 273 habitações rurais que estão sendo construídas com investimentos que ultrapassam R$ 3,5 milhões. Outro momento que mostra a transformação de vida para os povos indígenas por meio da CAR foi o anúncio do novo edital para empreendimentos liderados por mulheres indígenas, que receberão assistência técnica e extensão rural (ATER) e investimentos para a base de produção”, comentou o diretor.

A cacica Rosivânia Kiriri, do município de Barreiras, falou da alegria com o anúncio do edital. “Será muito importante para nós enquanto representantes das mulheres indígenas. Foi muito bom para nós do Oeste da Bahia, que produzimos artesanato, feijão, feijão de corda, macaxeira, entre outros alimentos plantados sem agrotóxicos. Vai melhorar muito a nossa renda e será enriquecedor para as nossas comunidades”, analisou.

Já o cacique Jucinaldo Tumbalalá, do município de Curaçá, o contentamento foi enorme, sobretudo para os indígenas que receberam suas moradias, cada uma com dois quartos, sala-cozinha, banheiro e varanda, além de acesso à água e energia elétrica. “É uma satisfação imensa a gente conseguir tirar essas pessoas que viviam de favor em outras casas para terem o seu próprio teto, a sua moradia. É muito gratificante”, celebrou.

O 5º acampamento foi organizado pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba) e reuniu representantes de 30 etnias de diversas regiões do estado.

Silvia CostaAssessoria de Comunicação da CAR

Foto: Rafael Barreto/CAR-GOVBA