

Promotor de justiça Carlan Carlo da Silva / Foto: Waldiney Passos
O blog Waldiney Passos traz à todos que nos acompanham na cobertura do caso Beatriz uma entrevista exclusiva com o promotor do caso Dr. Carlan Carlo da Silva.
A entrevista foi realizada na sede da Promotoria de Justiça da cidade, e o promotor não se negou a responder as perguntas que foram elaboradas a partir de questionamentos dos leitores. Durante a entrevista em certos momentos foi perceptível a emoção do profissional e do pai que tem filhos, inclusive com a mesma idade de Beatriz. A seguir a entrevista:
Blog Waldiney Passos – Esse crime chocou o Vale do São Francisco e tem sido pauta certa da imprensa local quase diariamente, e o povo de modo geral tem questionado a participação do Ministério Público, então qual tem sido o papel do MP no caso Beatriz?
Promotor Carlan Carlo da Silva – O Ministério Público em delitos de homicídio que a priori não tem uma razão dessa investigação ser conduzida ou como por exemplo, em crime cometido por policiais que justificaria a atuação do Ministério Público como presidente do inquérito, presidente da ação do procedimento de investigação ele é conduzido pela autoridade policial que é quem tem, inclusive, a atribuição precípua, apriorística de conduzir investigação, inicialmente é a polícia, só em alguns casos especiais é que Ministério Público conduziria esse procedimento, mas toda investigação é de certa forma acompanhada pelo Ministério Público, todo pedido de prisão, de qualquer eventualidade no meio dessa investigação tem a participação do Ministério Público e também muitas vezes do Poder Judiciário, então esse acompanhamento do Ministério Público primeiramente se deu ao saber que eu me tornarei o promotor para acompanhar essa investigação, eu já me disponibilizei, no dia seguinte compareci a delegacia para disponibilizar o Ministério Público como parte contribuinte para essa investigação e aí estive lá na delegacia, falei com a autoridade presidente Dra. Sara e me coloquei à disposição, tomei conhecimento sobre os procedimentos iniciais da investigação e aí aguardei, como é o papel do Ministério Público, as primeiras diligências policiais no sentido da solução da questão e somente 15 dias depois, que chegaram os primeiros pedidos com relação a intervenção do Ministério Público, que eu pude tomar conhecimento das diligências policiais que já tinham sido realizadas. Então a participação do Ministério Público, em resumo, é pelo acompanhamento das atividades que são realizadas mais diretamente pela polícia em casos desse tipo.
Blog Waldiney Passos – O senhor procurou a delegacia no dia seguinte e teve acesso aos autos no primeiro momento?
Promotor Carlan Carlo da Silva – Praticamente, ainda não havia autos por que as primeiras oitivas estavam sendo realizadas pela autoridade policial, estavam sendo ouvidas possíveis testemunhas e coletadas as primeiras provas. Então, ainda não havia uma formalização, quer dizer, já havia a portaria de início do procedimento, mas ainda não havia autos constituídos adequadamente para que possibilitasse o acesso, então o que eu pude fazer foi acompanhar em parte algumas parcelas das oitivas, mas deixei a condução para quem de direito, para quem tem a atribuição naquele momento, que era a Polícia Civil.
Blog Waldiney Passos – Já foi feita por esta promotoria de Justiça alguma diligência nesse caso?
Promotor Carlan Carlo da Silva – Eu não posso falar muito, mais especificamente sobre qual diligência, mas o Ministério Público já tem acompanhado esse caso mais de perto, a gente já realizou, inclusive, visita no local e fizemos contatos com peritos, tivemos várias reuniões com os delegados que conduziram o caso e também com peritos que também atuaram no caso para formar opinião e que nessas oportunidades o Ministério Público, eu na qualidade promotor, sugeri algumas providências que a polícia ficou de realizar.
Blog Waldiney Passos – Existem várias interrogações que se referem ao dia do crime, como por exemplo, o local não teria sido isolado devidamente, várias pessoas tiveram acesso a cena do crime o que de certo modo poderia alterar ou segregar algumas informações importantes para investigação, como o Ministério Público analisa esses questionamentos?