Declínio financeiro em pessoas entre 50 e 65 anos aumenta risco de demência, alerta novo estudo

Um estudo realizado com 8 mil pessoas analisou pessoas que perderam pelo menos 75% de suas economias em dois anos. Esses homens e mulheres, quando comparados com quem manteve uma situação financeira estável, tiveram um risco 27% maior de desenvolver demência.

Coordenado pela Escola de Medicina da Universidade de Zhejiang, na China, e publicado na revista JAMA Network Open, o trabalho acompanhou pessoas com mais de 50 anos nos Estados Unidos ao longo de 14 anos. O diagnóstico foi baseado em uma avaliação telefônica detalhada com um médico especializado e no desempenho em testes de habilidades de pensamento. O médico também investigou sobre questões relacionadas a atividades diárias, como fazer compras, cozinhar e tomar medicamentos.

Aqueles que foram acometidos por uma mudança financeira mostraram um declínio mais rápido quando submetidos a testes regulares que avaliaram suas capacidades de raciocínio, que incluíam lembrar uma lista de itens após um atraso, contar regressivamente e matemática mental.

A relação entre a queda econômica o declínio cognitivo foi observada, no entanto, apenas em pessoas com até 65 anos de idade. Uma das possíveis explicações para o impacto nessa faixa etária está no fato de ser uma fase da vida em que ainda temos grandes responsabilidades financeiras, estamos produtivos, mas com uma perspectiva de envelhecimento mais próxima.

Os mais velhos não sofreram o mesmo efeito. Os autores do estudo sugerem que os idosos podem lidar melhor com acontecimentos estressantes da vida. Mas a conclusão sobre os mais velhos pode não ser precisa, uma vez que o estudo incluiu um número relativamente pequeno de pessoas com mais de 65 anos, o que pode ter distorcido os resultados.

Jing Guo, autor principal do estudo, afirmou que o estresse de um choque financeiro negativo e repentino implica, em primeiro lugar, na diminuição do consumo de bens e serviços de bem-estar que melhoram a saúde. Além disso, as pessoas podem ter de abandonar os hábitos alimentares saudáveis e reduzir drasticamente a atividade física e atividades sociais devido à emoção deprimida, afirmou o pesquisador.

A experiência de desamparo e impotência causada pelo drama financeiro também age diretamente no funcionamento dos mecanismos do corpo. O organismo tem a pressão arterial e a inflação aumentada, o que pode também prejudicar o cérebro e acelerar a perda de memória mais tarde na vida.

A longo prazo, a pressão alta pode danificar as artérias cerebrais, sobretudo as de pequeno calibre o que pode resultar em declínio cognitivo. Além disso, a hipertensão também pode danificar artérias maiores, aumentando o risco de derrame.As pessoas que participaram do estudo perder pelo menos três quartos de suas economias, como dinheiro na poupança, ações, imóveis e dívidas no cartão de crédito e empréstimos.

Agência O Globo

IFSertãoPE: Em estudo, pesquisador do IFSertãoPE desenvolve metodologia para o diagnóstico precoce do Alzheimer por meio de células bucais

O professor e pesquisador do campus Floresta do IFSertãoPE, Marfran Claudino Domingos, desenvolveu estudo que investiga a possibilidade de diagnóstico da doença de Alzheimer através de células bucais. A técnica utiliza-se do potencial da espectroscopia infravermelha, que baseia-se no fato de que a maioria das moléculas absorvem luz na região infravermelha do espectro eletromagnético, podendo, assim, ser usada para identificar um composto ou investigar a composição de uma amostra.

“Combinada com algoritmos de aprendizagem automática, a análise obteve uma sensibilidade de 76% e uma especificidade de 100%, indicando, assim, alta precisão na detecção da doença. Essas descobertas destacam a viabilidade da análise espectroscópica de células bucais como uma alternativa não invasiva e econômica para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, com potencial impacto na progressão da doença através de intervenções oportunas”, explicou o pesquisador.

O estudo, desenvolvido em parceria com pesquisadores do Reino Unido e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi transformado em artigo. Com o título “O uso da espectroscopia ATR-FTIR para o diagnóstico da doença de Alzheimer utilizando células orais bucais”, a produção rendeu publicação na prestigiada revista científica Applied Spectroscopy Reviews (Fator de Impacto 6.1 e Qualis A1), do prestigiado grupo Taylor & Francis.

Aascom

Estudo identifica, pela primeira vez, região árida no Norte da Bahia

Um estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), identificou características de clima árido no norte da Bahia. É a primeira vez que essa situação é detectada no país. Os pesquisadores dos dois órgãos federais, ambos ligados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), também constataram que a área com clima semiárido vem aumentando.

Conforme os resultados do estudo, com exceção da região Sul e do litoral dos estados de Rio de Janeiro e São Paulo, a tendência de aumento da aridez se observa em todo o país. Os pesquisadores apontam que esse processo está relacionado com o aquecimento global. Isso porque, com o clima mais quente, cresce também a evapotranspiração [combinação entre a evaporação da água que cai no solo e a transpiração de água pelas plantas]. Na região Sul, no entanto, observa-se uma tendência inversa, associada ao aumento das chuvas.

Os resultados constam em uma nota técnica divulgada na última terça-feira (14). Eles utilizaram uma metodologia reconhecida internacionalmente. Através dela, é estabelecido o índice de aridez, calculado a partir de uma fórmula onde os valores de precipitação são divididos pela evapotranspiração potencial de cada região.

Nos climas mais secos, onde há um déficit de chuvas, essa razão fica abaixo de 1. A região é considerada semiárida se o resultado ficar entre 0,21 e 0,5 e árida se ficar abaixo de 0,2. De acordo com a nota técnica, em regiões com índice de aridez crítico, a falta de água favorece a ocorrência de queimadas e pode afetar de forma severa a agricultura e a pecuária. Nessas condições, quando o uso do solo não é feito de forma sustentável, observa-se processos de desertificação no longo prazo.

O diagnóstico produzido pelo Inpe e pelo Cemaden subsidiará a Política Nacional de Combate à Desertificação, coordenada pelo Ministério do Meia Ambiente. A análise considerou dados levantados entre 1960 e 2020. Eles foram divididos em períodos de 30 anos. Assim, foram feitos mapas com as médias históricas de quatro intervalos: 1960-1990, 1970-2000, 1980-2010 e 1990-2020.

Observou-se que áreas do semiárido do país, a cada década, cresce a uma taxa média superior a 75 mil quilômetros quadrados. Essas áreas concentram-se principalmente no Nordeste e no norte de Minas Gerais. No último período considerado, 1990-2020, observou-se o aparecimento de uma área de 5,7 mil quilômetros quadrados definida como árida no norte da Bahia.

Agência Brasil

Estudo aponta perfil de quem compartilha notícias falsas sobre vacinas

Pessoas entre 35 anos e 44 anos de idade, educação inferior ao ensino médio, das classes D ou E, independente de sexo, e que frequentam igrejas evangélicas, são as que mais compartilham notícias falsas sobre vacinas no Brasil. O perfil foi delineado pelo estudo A Comunicação no Enfrentamento da Pandemia de Covid-19, realizado em agosto, no Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/UnB), que ouviu 1.845 pessoas com acesso à internet.

“Não quer dizer que pessoas que têm essas características são pessoas que automaticamente compartilham notícias falsas, mas o contrário, que pessoas que compartilham esses tipos de desinformação sobre vacinas costumam ter essas características”, explicou o pesquisador que está a frente do estudo e coordenador do CPS/UnB, Wladimir Gramacho.

Segundo o pesquisador, quando comparado a outros levantamentos que também trataram sobre desinformação na internet, é possível observar que o comportamento de pessoas que divulgam informações incorretas, ou notícias falsas, variam conforme o tema. De acordo com Wladimir, quando o tema político é observado, há uma tendência de pessoas idosas mais facilmente compartilharem notícias erradas, mas quando o assunto é vacina esse padrão é diferente no Brasil, inclusive quando comparado a pesquisas realizadas em outros países.

“A principal explicação para isso talvez seja o fato de pessoas mais velhas terem sido socializadas em uma época em que o país viveu grandes conquistas no seu Programa Nacional de Imunizações”, disse.

Metodologia
Para seleção da amostra nacional, os pesquisadores utilizaram um cadastro online com mais de 500 mil inscritos, no qual foram aplicadas cotas de gênero, idade, região e classe social para representar adequadamente a população brasileira. Os participantes selecionados responderam um questionário online no qual foram convidados a compartilhar 12 notícias sobre vacinas, identificadas apenas pelo título, sendo metade com conteúdo verdadeiro e outras seis falsas.

De todos os pesquisados, 11,3% informaram que compartilhariam ao menos uma das notícias falsas e 3,7% informaram que compartilhariam cinco das notícias inverídicas.

Hábitos de mídia
Na amostra também foram analisados os hábitos de uso de mídias das pessoas que afirmaram que compartilhariam as notícias falsas. Os pesquisadores puderam observar que as pessoas que mais espalhariam desinformação são as que têm nas mídias digitais a principal fonte de informação. “São usuários mais frequentes de plataformas como Telegram e Tik Tok que têm maior tendência de compartilhar notícias falsas sobre as vacinas”, disse Wladimir.

Quando os pesquisadores analisaram o comportamento de uso da televisão, principal meio de informação no país, eles verificaram que, na comparação entre os que declararam fazer parte da audiência do Jornal Nacional e os que declararam fazer parte da audiência do Jornal da Record, os primeiros tiveram a metade das chances de divulgarem notícias falsas.

Para os analistas, uma possível justificativa para esse comportamento seria um processo de exposição seletiva dos brasileiros entre esses dois telejornais. “A audiência mais frequente do Jornal da Record reúne pessoas simpatizantes do governo Jair Bolsonaro, que foi um governo que difundiu muitas informações incorretas sobre as vacinas e que, ele próprio, fez campanha contra a vacinação”, destaca Wladimir.

Seminário
No dia 7 de novembro, uma análise sobre as possibilidades de intervenção para diminuir a divulgação de informações incorretas nos meios digitais será divulgada pelos pesquisadores durante o 2º Seminário A Desinformação Científica como um Problema Público Transnacional, que acontecerá na Faculdade de Comunicação da UnB.

Agência Brasil

HPV: um a cada três homens está infectado pelo vírus no mundo

O novo artigo da revista científica The Lancet Global Health divulgado nesta terça-feira (05/09) mostra que um a cada três adultos jovens entre 18 e 35 anos estão infectados com ao menos algum tipo do papiloma vírus humano (HPV), precursor do câncer de colo de útero em mulheres. Os dados foram coletados entre os anos de 1995 e 2022.

O HPV é a infecção viral sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo. Pesquisas mostraram que a maioria dos homens e mulheres sexualmente ativos terão pelo menos uma infecção genital por HPV durante suas vidas. Ainda de acordo com o artigo da The Lancet, existem mais de 200 tipos do vírus que podem ser transmitidos e todos os anos mais de 340 mil mulheres morrem de câncer de colo de útero no mundo. Nos homens, a doença se manifesta clinicamente com verrugas genitais, associadas aos cânceres de pênis e anal.

O estudo e as estimativas enfatizam a importância de incorporar os homens em estratégias abrangentes de prevenção, principalmente para reduzir a mortalidade relacionada com o vírus e a eliminação do cancro do colo de útero nas mulheres.

Vacinação

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há duas estratégias para eliminar a incidência do câncer de colo de útero em mulheres no mundo. São elas: o rastreamento da doença e a vacinação contra o HPV.

O rastreamento do câncer deve ser feito desde as mulheres que não apresentam sintomas e podem se sentir perfeitamente saudáveis até aquelas que apresentam lesões pré-cancerosas. A triagem também pode detectar o câncer em um estágio inicial, fazendo com que o tratamento tenha um alto potencial de cura.

Ainda de acordo com a OMS, existem atualmente duas vacinas que protegem contra o HPV 16 e o 18, que são conhecidos por causar pelo menos 70% dos casos do câncer. As vacinas também podem ter alguma proteção cruzada contra outros tipos menos comuns de HPV, como o 6 e 11, causadores de verrugas anogenitais.

Importante ressaltar que ambas as vacinas funcionam melhor se administradas antes da exposição ao HPV, por isso, a OMS recomenda a vacinação para meninas com idades entre 9 e 13 anos.

CorreioBrasiliense

Estudo internacional projeta cenários para futuro do trabalho em 2050

Pesquisadores do Laboratório do Futuro do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), que participaram do Projeto Millennium, para elaboração de um estudo sobre o futuro do trabalho e da tecnologia para 2050, projetam três cenários. A análise considerou a evolução tecnológica atual e o que poderá vir como provável consequência.

Além de apresentar projeções, o relatório aborda a visão das nações mais avançadas economicamente e dos demais países. De forma geral, o primeiro cenário mostra o que se vê hoje em dia: alguns países adotam tecnologias de forma mais rápida e outros, de forma mais lenta. “O Brasil se enquadra no segundo grupo, que tende a demorar mais para colocar as tecnologias em prática”, disse à Agência Brasil o pesquisador Yuri Lima, coordenador da linha de pesquisa Futuro do Trabalho, do Laboratório do Futuro da Coppe/UFRJ.

“O cenário 1, chamado É Complicado – Uma Mistura, é projeção da realidade atual. A gente continua com dificuldades para lidar com novas tecnologias, não cria estratégias de longo prazo. Em consequência, há um certo impacto tecnológico, que não chega a ser desemprego tecnológico, Aí, existe a questão do emprego em que os governos não foram capazes de criar estratégias de longo prazo, cenário que já se vê no Brasil, com dificuldades de planejamento de longo prazo. Esse cenário é caracterizado também pelo aumento do poder de grandes empresas , que superam inclusive o controle do governo”.

Lima destacou que isso já acontece com algumas multinacionais que se tornam até mais fortes do que alguns países, chegando a ter receita maior que alguns produtos internos brutos (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos pelos países). Segundo o pesquisador, é um cenário que acaba exacerbando a visão de como as coisas estarão em 2050.

Pessimismo
O estudo Future Work/Technology 2050 projeta um segundo cenário ainda mais pessimista, com piora do quadro atual. Chamado de Agitação Político-Econômica, é um cenário muito parecido com o que já se vive no Brasil, com desemprego alto e o governo tendo dificuldade de prever o impacto de tecnologias na política e de levar em conta a visão da ciência, disse Yuri Lima. Apesar de ser uma projeção para 2050, o cenário mostra a dificuldade de lidar com o avanço tecnológico, que acaba causando automação muito além do que o previsto, desemprego em diversas partes do mundo, além de governos e empresários querendo lucro rápido.

A perspectiva é que a automação provoque desemprego em massa, como ocorreu na Revolução Industrial, em que a máquina substituiu a mão de obra. De acordo com Lima, nessa projeção mais pessimista, a automatização do trabalho é mais rápida do que se poderia imaginar para um mundo que não foi capaz de se preparar. Conforme o relatório, nesse cenário, dos 6 bilhões de pessoas hoje trabalhando no mundo, 2 bilhões seriam desempregados, 2 bilhões estariam na economia informal e os 2 bilhões restantes estariam divididos meio a meio entre empregados e autônomos.

Novas profissões
Yuri Lima destacou que o primeiro e o terceiro cenários não têm perspectiva tão negativa. A ideia, no cenário 1, é que as coisas deverão permanecer como estão e, no cenário 3, mais positivo, que a tecnologia criará tantos empregos quantos destruir, ou criará até mais empregos do que os que serão destruídos. O pesquisador lembrou que, nas revoluções industriais, quem vivia aquele momento tinha dificuldade de imaginar que trabalho poderia existir para ele a partir dali. “Agora, a gente vê um trabalho criativo também sendo automatizado e fica um pouco perdido sobre o que pode vir a acontecer.”

Uma das ideias no terceiro cenário é que a tecnologia crie novas profissões e mais demanda em áreas que não eram imaginadas. Citou, como exemplo, a economia do cuidado, com a profissionalização das pessoas que cuidam de idosos ou de crianças, por exemplo, e das que trabalham como a saúde, como enfermeiros, médicos, profissionais de educação física. Pode haver também aumento de profissões vinculadas às artes, na própria área de tecnologia. “Há várias possibilidades. Tem áreas já conhecidas que podem crescer, outras que nem se sabe que existem e as que vão ser criadas no futuro. Esta é a perspectiva que se coloca: que a automação deve criar mais empregos do que destruir.”

No terceiro cenário, denominado Se os Humanos Fossem Livres – A Economia da Autorrealização, a ideia é que os governos tentem se antecipar em termos da inteligência artificial (IA), principalmente a geral, e não a restrita que se vê hoje em dia. A IA geral é capaz de resolver o que for preciso, em termos de inteligência.

Segundo Lima, o governo que se antecipar a isso e promover a renda básica universal, o autoemprego como possibilidade de autorrealização do indivíduo, com capacidade de sobreviver sem se preocupar com suas necessidades básicas, terá mais vantagens. A pessoa não precisará se preocupar com seu trabalho e poderá agir de maneira mais autônoma, com liberdade no que quer fazer. Este cenário sinaliza para a digitalização, a automação, ajudando a produzir com menos custos. Porém, os pesquisadores não estão seguros de que tal quadro poderá ser realidade para todo mundo.

Iniciativas
O relatório apresenta 100 iniciativas divididas entre governo, empresas, ciência, educação e cultura que podem ser feitas para endereçar desafios futuros. “Vai além da questão de cenários para ações que podem ser tomadas”, afirmou Yuri Lima.

Em termos de governo, o estudo sugere a criação de uma agência nacional de prospecção e avaliação tecnológica, que seria capaz de identificar as próximas tecnologias e pensar sobre o impacto que terão na sociedade. Isso serve para a discussão legislativa ou do Poder Executivo para a criação de políticas públicas, para incentivar a discussão com outros setores.

Já no sentido da educação, Yuri Lima propôs o ensino do futuro como disciplina. “Assim como a história ensina [sobre] o passado, é importante a começar a aprender também a refletir sobre o futuro, desde criança, na escola”. Segundo o relatório, outra iniciativa interessante nessa área seria o uso de robôs e de inteligência artificial para promover e melhorar a educação ao longo do tempo.

De acordo com Lima, o estudo sugere que se abracem essas tecnologias como novas possibilidades.

Agência Brasil

UFPE investe em biofábrica de mosca que consome lixo e transforma em ração animal

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está criando uma biofábrica para produzir um tipo de inseto que pode ajudar o meio ambiente consumindo lixo e produzindo insumos para rações animais. A unidade deve estar em funcionamento até o final do ano.

O inseto em questão é o hermetia ilucens, uma mosca de espécie diferente das que são encontradas em residências. Ela é popularmente conhecida como mosca soldado negra. Ao invés de transmitir doenças, a soldado negra é uma aliada no ciclo de sustentabilidade. Primeiro, ela combate o desperdício de alimentos, consumindo restos de comida que vão para o lixo. Depois, ela produz larvas nas quais os pesquisadores encontram uma proteína de alta qualidade para a produção de ração animal.

Das larvas, também pode ser extraído um óleo que atende à indústria farmacêutica. “Na natureza, essas larvas comem esses restos de comida, de resíduos sólidos, de frutas, agindo como descontaminantes ambientais”, explica o professor Simão Vasconcelos, do Departamento de Zoologia da UFPE.

Hoje, a universidade já possui uma colônia capaz de produzir um quilo de larvas por semana em laboratório. Depois que o espaço passar por uma reforma, deve chegar a produzir esse volume em um dia.

“Nessa primeira fase, vamos fazer um teste de aceitação. Para entender se os clientes estão satisfeitos com o produto, seja ele in natura ou processado”, explica Gabriela Steindorff, doutoranda em Biologia Animal da UFPE. Como a ração costuma ser vendida em pacotes pequenos, que têm entre 200 e 300 gramas, o volume será suficiente para fazer testes e entender se é viável produzir numa escala maior.

Numa etapa posterior, a fábrica poderá colocar quatro tipo de produtos no mercado:
1 – As larvas in natura, para serem consumidas por répteis ou aves;
2 – Uma farinha feita a partir da parte seca, que pode ser dada a outros tipos de animais;
3 – Óleo para uso industrial;
4 – Farinha para ser usada em produtos processados, como biscoitos para animais domésticos.

A ração feita a partir da soldado negra alimenta animais de corte, como os bois, como um insumo mais sustentável, já que os insetos consomem menos alimento e água do que a maioria das rações animais.

O biólogo Flávio Leal faz parte do grupo de ex-alunos que decidiram investir na produção industrial do inseto. A ideia, que surgiu na graduação, se tornou uma start up, modelo de empresa em fase inicial, e vai funcionar dentro da UFPE. Segundo Leal, o grupo já tem parcerias com fornecedores de restos de alimentos, que iriam virar lixo e serão insumo para a biofábrica.

Também já foram procurados por criadores que têm interesse em oferecer a farinha como ração para seus animais. “Já tem pessoas interessadas em comprar a nossa raçãozinha para o pet. Já já, se tudo der certo, vai estar nas prateleiras”, afirmou Leal.

G1 Pernambuco

Apenas 11% das delegacias da mulher no país funcionam 24 h

De 505 delegacias especializadas no atendimento à mulher no país, apenas 57 (ou 11,3%) funcionam 24 horas por dia. Os dados foram levantados pelo g1 junto aos governos estaduais.

Para cumprir a nova lei que estabelece o funcionamento ininterrupto das delegacias da mulher – sancionada nesta semana pelo presidente Lula – os estados terão de correr para converter cerca de 440 unidades ao novo modelo.

A lei sobre o atendimento ininterrupto das delegacias da mulher foi proposta em 2020 pelo senador Rodrigo Cunha (União-AL) e aprovada pelo Senado no início de março. O texto foi publicado no Diário Oficial da terça-feira (4).

A nova lei prevê que o atendimento às mulheres nas delegacias especializadas seja 24 horas, inclusive em feriados e finais de semana. Além disso, deve ser feito em salas reservadas e, preferencialmente, por policiais do sexo feminino.

Manter delegacias sempre de portas abertas para mulheres vítimas de violência é um desafio e tanto em meio a um cenário discrepante.

Há estados, como Santa Catarina, sem unidades dedicadas exclusivamente ao atendimento de mulheres. Enquanto isso, São Paulo, por exemplo, tem dezenas de unidas especializadas para o público feminino (140), mas só uma atendendo continuamente. Já a Bahia tem 22 especializadas e nenhuma no regime 24 h.

Em Roraima, Distrito Federal e Amapá todas as delegacias da mulher são plantonistas, no entanto, não passam de três unidades em cada uma dessas unidades federativas. O número é baixo, considerando que são áreas com população de 652 mil a mais de 3 milhões de pessoas.

No Rio de Janeiro também só existem delegacias da mulher em regime de 24 h, sendo 14 ao todo.

O que dizem os governos estaduais

Procurados pelo g1, os governos estaduais não informaram prazos precisos para adotar o funcionamento ininterrupto em 100% de suas delegacias dedicadas ao público feminino.

Os estados também não disseram quando pretendem ampliar a quantidade de unidades especializadas nesse tipo de atendimento. Boa parte disse que vai se “adequar” à mudança ou está estudando a implementação do novo modelo.

O g1 perguntou ao Ministério da Justiça como a pasta vai acompanhar o cumprimento da lei, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

O Espírito Santo disse que não vai ampliar os horários das delegacias da mulher. O governo do estado justificou que pretende aproveitar o espaço das unidades regionais que já são 24 horas para atender vítimas de violência doméstica.

Ainda segundo o governo do Espírito Santo, as vítimas serão atendidas em locais especializados chamados “Salas Marias”. No entanto, não existe uma data para que o projeto saia do papel.

Leis locais anteciparam a nova exigência federal no Rio de Janeiro e Pernambuco, onde a adoção de delegacias em tempo integral é prevista desde setembro de 2019 e março de 2023, respectivamente.

Em Pernambuco, no entanto, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que, a princípio, não há planos para reforçar o serviço.

Veja quantas delegacias 24 horas existem em cada estado:

  • Acre: duas delegacias da mulher; nenhuma funciona 24 h
  • Amapá: três delegacias da mulher; todas 24 h
  • Amazonas: três delegacias da mulher na capital; apenas uma 24 h
  • Alagoas: três delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Bahia: 22 delegacias da mulher; nenhuma 24 h
  • Ceará: 10 delegacias da mulher, sendo duas 24h
  • Distrito Federal: as duas delegacias são 24h
  • Espírito Santo: 14 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Goiás: 27 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Maranhão: 22 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Mato Grosso: oito delegacias da mulher, mas nenhuma é 24 h
  • Mato Grosso do Sul: 13 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Minas Gerais: 69 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Pará: 23 delegacias especializadas, sendo quatro 24 h
  • Paraíba: 14 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Paraná: 21 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Pernambuco: 15 delegacias da mulher; seis 24 h
  • Piauí: 13 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Rio de Janeiro: 14 delegacias da mulher, sendo todas 24 h
  • Rio Grande do Norte: 12 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Rio Grande do Sul: 21 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Rondônia: oito delegacias da mulher; nenhuma funciona 24 h
  • Roraima: uma delegacia da mulher, que já funciona 24 h
  • Santa Catarina: não tem delegacia especializada ao atendimento da mulher, mas possui 32 delegacias que atendem idosos, adolescentes crianças e mulheres
  • São Paulo: 140 delegacias da mulher; 11 são 24 h
  • Sergipe: 11 delegacias da mulher, sendo uma 24 h
  • Tocantins: 14 delegacias da mulher; nenhuma delas funciona 24h

Fonte – G1

Mais de 60% das mortes cometidas por policiais não são investigadas

Entre as mortes cometidas por policiais no estado do Rio de Janeiro, 61%  não são investigadas. A conclusão é apontada no estudo Letalidade Policial no Rio de Janeiro e Respostas do Ministério Público.

Os dados são do Fórum Justiça, uma articulação de integrantes do sistema judiciário com membros da sociedade civil. O grupo apurou que mais da metade dessas ocorrências, quando não são apoiadas no argumento da legítima defesa, são arquivadas por falta de provas.

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), no ano de 2021, mais de 87% das mortes nessas ações foram de pessoas negras, que representam 52% da população. No mesmo ano, a taxa de mortalidade em ações policiais diminuiu 30% em relação às pessoas brancas e aumentou 5,8% em relação às negras.

A pesquisa do Fórum Justiça leva à conclusão de que mais de 90% dos inquéritos de homicídios envolvendo agentes de segurança estavam sob sigilo e que menos de 9% resultaram em denúncia pelo Ministério Público do Rio.

O levantamento baseou-se em casos entre 2011 e 2021, porém as mortes de mais de 23 mil pessoas ocorreram entre 1993 a 2021. O pesquisador Pablo Nunes, que assina o relatório com Jonas Pacheco, cita o que precisa melhorar em relação às investigações de mortes decorrentes da violência policial. “Aprimorar os mecanismos de transparência para que a população possa, não só acompanhar o trabalho desenvolvido pelo Ministério Público, mas também cobrar que o trabalho seja feito, que o controle da atividade policial seja feito de forma mais eficiente, tendo em vista o caso problemático que o Rio de Janeiro tem em relação à letalidade policial”.

A conclusão é de que a ausência de informações sobre os processos sigilosos impediu que as análises fossem feitas com mais segurança e que, para isso, é necessário compreender como as informações produzidas pelo Ministério Público são produzidas, sistematizadas e disponibilizadas.

Em nota, o MP informou que reforça o compromisso de aprimorar a sua atuação dentro dos limites constitucionais e legais de sua atribuição. E que a área de segurança pública é foco da atuação institucional e envolve, também, a atuação dos poderes e de outras instituições.

Fonte – Agência Brasil