Tamanho de penas do 8/1 divide ministros, e mudança de Fux embaralha plenário

O indicativo dado pelo ministro Luiz Fux de que deve mudar sua visão sobre as penas do 8 de janeiro embaralha o cenário dos julgamentos no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal).

Dos 11 ministros que compõem o pleno do tribunal, cinco já consolidaram posição contrária às penas máximas sugeridas pelo ministro Alexandre de Moraes —relator de mais de 1.600 ações penais ligadas ao ataque às sedes dos Poderes.

Caso Fux reveja seu posicionamento e vote pela condenação com penas mais brandas, o Supremo pode formar maioria para decretar sentenças intermediárias em julgamentos futuros.

A Folha ouviu cinco ministros do STF nos últimos dois dias sobre o impacto que uma eventual mudança de Fux pode causar no andamento dos processos do 8 de janeiro. Sob reserva, a maioria diz acreditar que o efeito será pequeno ou nulo na Primeira Turma, mas incerto no plenário.

Um ministro disse que o histórico de Fux não é de benevolência em assuntos penais. Ele é considerado um dos integrantes do setor punitivista do Supremo. A aposta é que o ministro não faça uma manobra brusca na revisão do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos —a mulher que escreveu com batom a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça durante o 8 de janeiro.

Outro integrante do STF avalia que um novo voto de Fux pode reabrir o debate sobre o princípio da consunção —regra que estabelece que uma pessoa não pode ser condenada por um crime-meio se o objetivo final era um crime-fim.

As defesas dos condenados argumentam que esse princípio deveria impedir a condenação pela tentativa de abolição do Estado democrático de Direito se o objetivo final da turba era o golpe de Estado.

Esse debate é considerado superado no Supremo já que as condenações seguiram os moldes sugeridos por Alexandre de Moraes. Há uma avaliação de que o tema seja rediscutido caso Fux apresente o novo voto.

A Folha analisou o julgamento dos 45 condenados, até março deste ano, a 17 anos pela participação nos ataques do 8/1.

Alexandre de Moraes foi sempre seguido integralmente pelos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia —seis dos 11 integrantes do plenário.

Os ministros Cristiano Zanin e Edson Fachin seguiram Moraes, com ressalvas, na maioria dos processos. Eles sugerem uma pena intermediária de 15 anos.

Luís Roberto Barroso, André Mendonça e Kassio Nunes Marques apresentaram votos diferentes em quase todos os processos.

Barroso aponta divergência parcial com Moraes. Ele sugere afastar a condenação pela tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, porque entende que o caso configura o crime de golpe de Estado. Com isso, a pena cairia de 17 anos para 11 anos e seis meses.

André Mendonça apresenta três votos diferentes, a depender das provas. A pena padrão é de sete anos pelos crimes de abolição do Estado e associação criminosa àqueles que comprovadamente depredaram os prédios.

Em outros casos, Mendonça pede quatro anos e dois meses ou cinco anos de prisão, conforme análise dos autos.
Nunes Marques é o único que nega, nos votos, que os acusados pelo 8 de janeiro cometeram crimes contra o Estado. Ele sugere penas de quatro meses de detenção ou de dois anos e seis meses, por incitação ao crime ou deterioração do patrimônio público, de acordo com as provas apresentadas pela PGR.

Das 45 condenações a 17 anos de prisão, somente cinco foram definidas na Primeira Turma do STF. Nesses casos, a unanimidade é pela condenação pelos cinco crimes —Zanin é o único a apresentar ressalvas e sugerir pena levemente menor.

Os cinco ministros ouvidos pela Folha afirmam que, por mais que o cenário seja de incerteza quanto ao plenário, a Primeira Turma tem consenso e uma eventual mudança de Luiz Fux traria pouco impacto aos julgamentos do colegiado.

No fim de 2023, a corte passou para as Turmas o julgamento das ações penais, para evitar que o acúmulo de processos do 8 de janeiro interditasse o plenário do tribunal. As denúncias recebidas pelo STF antes desta data correm no plenário. Já as acusações feitas pela PGR depois de dezembro de 2023 são analisadas pela Primeira Turma.

Mesmo as condenações nas Turmas do Supremo podem ser levadas ao plenário. Para isso, algumas defesas estão entrando com revisões criminais de sentenças transitadas em julgado (quando o processo é encerrado).

Três condenados a penas de mais de 14 anos entraram com ações no Supremo para a revisão das condenações. O ministro Edson Fachin é responsável por dois desses processos, e Flávio Dino foi sorteado relator de um deles.

O ministro Luiz Fux anunciou na quarta-feira (26) que pretende revisar o processo contra Débora dos Santos para apresentar uma nova dosimetria da pena para a cabeleireira. “Debaixo da toga bate o coração de um homem, então é preciso que nós também tenhamos essa capacidade de refletir”, disse.

“O ministro Alexandre, em seu trabalho, explicitou a conduta de cada uma das pessoas. E eu confesso que em determinadas ocasiões eu me deparo com uma pena exacerbada. E foi por essa razão, dando satisfação à vossa excelência, que eu pedi vista desse caso. Eu quero analisar o contexto em que essa senhora se encontrava”, completou.

Fux disse querer exercer a “humildade judicial” e que o juízes “têm sempre que refletir dos erros e dos acertos porque os erros autenticam a nossa humanidade”.

Ato na praça dos Três Poderes terá Lula e comandantes das Forças Armadas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará presente na próxima celebração em defesa da democracia, na quinta-feira (8), na Praça dos Três Poderes, às 11h.

O evento marca os dois anos da tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2023 e será prorrogado pelo Partido dos Trabalhadores (PT-DF), sindicatos e organizações da sociedade civil.

Durante o ato, o presidente descerá a rampa do Palácio do Planalto ao lado de ministros e autoridades, como os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e os comandantes das Forças Armadas: general Tomás Paiva (Exército), brigadeiro Marcelo Damasceno (Aeronáutica) e almirante Marcos Olsen (Marinha).

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Morador de rua está preso há um ano por 8/1, e PGR pede soltura

Um morador de rua está preso preventivamente há mais de um ano após ser acusado, sem provas concretas, de ter participado dos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro.

Jeferson Franca da Costa Figueiredo, de 31 anos, é andarilho e foi preso, em um primeiro momento, na manhã de janeiro de 2023, em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília.

Em depoimento, o morador de rua contou ter ido ao local na noite anterior para buscar abrigo e comida, após ter sido impedido de ficar em um shopping popular. Ele havia chegado a Brasília naquele domingo (8/1), de carona em um caminhão, e não tinha onde dormir, de acordo com a Defensoria Pública da União (DPU), que faz a defesa do denunciado.

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PF conclui que narrativas golpistas fomentaram atos antidemocráticos

A Polícia Federal (PF) concluiu que a disseminação de narrativas golpistas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro criou condições para o atentado com um homem-bomba no Supremo Tribunal Federal (STF), em 13 de novembro de 2024, e para os atos de vandalismo e invasão de prédios públicos em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

A conclusão do golpe consta no relatório do inquérito do golpe, no qual Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciados por tentativa de golpe de Estado e pela abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O documento teve seu sigilo retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do caso.

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Bolsonaro pede anistia para presos do 8 de janeiro nas redes sociais

O ex-presidente Jair Bolsonaro fez coro nas redes sociais neste domingo (13), para pedir a concessão de anistia para os bolsonaristas presos no atentado antidemocrático à Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

Em vídeo publicado na rede social X, uma mulher relata que o marido deixou o país para não ser preso por envolvimento nos atos ocorridos no início de 2023.

“Há poucos dias estive com essas 6 crianças em Ji-Paraná/RO, assim como me encontrei com tantas outras, nas mesmas condições em minhas viagens pelo Brasil. São órfãos de pais vivos. Quem não se emociona ou chora com tanta maldade praticada por quem deveria fazer justiça, não passa de um covarde, omisso, ‘direcionado coincidentemente’ ou líder de p… nenhuma”, escreveu Bolsonaro.

A Tarde

STF condena barbeiro piauiense de 20 anos a 11 anos de prisão por participar de atos golpistas em Brasília

João Oliveira Antunes Neto, um jovem de 20 anos, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 11 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, por sua participação em atos golpistas realizados no dia 8 de janeiro.

João, que se identifica como barbeiro profissional e “pregador do evangelho de Jesus Cristo” nas redes sociais, está detido em Brasília desde então.

Até o momento, a Corte já condenou 116 participantes dos ataques às sedes dos Três Poderes, quando o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto foram invadidos e destruídos.

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Supremo condena mais 15 réus pelo 8 de janeiro

Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal – STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) proferiu nesta sexta-feira (1º) a condenação de mais 15 acusados de participação nos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro do ano passado.

Por meio de votação majoritária, os ministros aplicaram penas que variam de 14 a 17 anos de prisão aos acusados, que respondem por crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

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Retrospectiva 2023: Emissora revela imagens que mostram ministro-chefe do GSI dentro de prédio no dia 8 de janeiro

Imagens exibidas pela CNN Brasil mostram o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias caminhando pelo Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, quando manifestantes pró-Jair Bolsonaro (PL) invadiram os Três Poderes e promoveram depredação nos prédios.

Dias foi flagrado por volta das 16h29, caminhando sozinho no terceiro andar do palácio e depois, em um gabinete. Em outro trecho obtido pela emissora, servidores do GSI são vistos caminhando com os manifestantes. Há ainda uma imagem flagrando um militar do Exército fornecendo alimento aos vândalos.

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Retrospectiva 2023: Com pedaços de pau e pedras, radicais invadem Congresso Nacional e STF

Manifestantes radicais a favor de Jair Bolsonaro (PL) invadiram o prédio do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), na tarde deste domingo (8). Há relatos de depredação de objetos nos dois prédios.

Policiais militares do Distrito Federal tentaram conter a ação, usando spray de pimenta, sem sucesso. Eles foram atacados pelos manifestantes, que usavam pedaços de pau e pedras. Por outro lado, um grupo de PMs foi filmado sorrindo e deixando o grupo subir a rampa do Congresso.

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STF rejeita 48 recursos de réus por atos golpistas de 8 de janeiro

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou 48 recursos de réus acusados de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.

Nos recursos, os réus apontavam o que seriam nulidades processuais e reclamaram da análise de provas e das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Todos pediam a rejeição de todas as acusações.

Os julgamentos se encerraram às 23h59 desta segunda-feira (19) e se deram no plenário virtual, em que os ministros registram seus votos de forma remota.

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Moraes vota por condenar mais 29 réus pelos atos de 8 de janeiro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou hoje (15) pela condenação de mais 29 réus pelos atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes do Três Poderes foram invadidas e depredadas, em Brasília.

A ações penais são julgadas no plenário virtual, em que os ministros têm um período para votar remotamente, em sessão aberta até 5 de fevereiro. O grande espaço de tempo, de várias semanas, ocorre por causa do recesso judicial.

Cada processo é julgado individualmente, a partir de denúncias também individualizadas. Relator, Moraes votou por penas que variam de 14 e 17 anos de prisão. Os demais ministros ainda não votaram.

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Supremo chega a 12 condenados por atos golpistas de 8 de janeiro

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, por maioria, mais seis réus por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas. Com isso, chega a 12 o número de condenados com relação ao episódio.

Todos foram denunciados pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. O julgamento virtual foi finalizado às 23h59 de terça-feira (17).

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General Ridauto Fernandes é alvo de mandados de busca e apreensão

A Polícia Federal informou, nesta sexta-feira (29), que o alvo da 18ª fase da Operação Lesa Pátria é o general da reserva do Exército Ridauto Lúcio Fernandes.

Ele aparece em vídeos durante os atos golpistas do 8 de janeiro deste ano, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e vandalizadas por simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro que não aceitaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, nas eleições de 2022.

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Heleno se irrita com pergunta de relatora e solta palavrão em comissão

O ex-ministro Augusto Heleno, que comandou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Jair Bolsonaro, se irritou com perguntas da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro.

Após a relatora questionar se ele havia mudado de ideia e reconhecia o resultado das urnas que deu vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele se virou ao advogado que o acompanha na sessão e começou a proferir palavrões.

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Supremo julga primeiros réus pelos atos golpistas de 8 de janeiro

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar hoje (13) os primeiros réus acusados de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. A sessão de julgamento deve começar às 9h30.

Nove meses após os atos de depredação dos prédios sede dos três poderes, a Corte leva a julgamento os réus Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus Lima de Carvalho Lázaro.

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