Editorial: Enfraquecimento da esquerda nas eleições e a estratégia de João Campos para conquistar o eleitorado de centro

As eleições municipais de 2024 consolidaram um cenário de enfraquecimento da esquerda e fortalecimento da centro-direita e extrema-direita em diversas cidades do Brasil. Este movimento reflete uma mudança importante no cenário político nacional, com o avanço de figuras alinhadas às pautas conservadoras e uma crítica cada vez mais aberta à gestão federal do presidente Lula. Em Pernambuco, a situação é particularmente interessante, com o prefeito reeleito do Recife, João Campos, já traçando seus próximos passos e sinalizando para um futuro em que ele provavelmente será candidato ao governo do estado em 2026.

João Campos, neto de Miguel Arraes e herdeiros de uma tradição política de esquerda, tem se distanciado gradativamente desse espectro ideológico. Em entrevistas recentes, ele fez críticas ao governo Lula, especialmente no que diz respeito à condução da economia e à falta de respostas concretas para questões que afetam diretamente os municípios. Em entrevista ao Roda Viva, prefeito do Recife disse que Lula cai em “armadilhas” que prejudicam a imagem do governo, como a visita de Maduro, em 2023. Esse posicionamento sugere uma tentativa de descolamento da esquerda, com vistas a ampliar seu eleitorado em 2026.

Campos, ao se afastar das pautas mais associadas ao PT e à esquerda tradicional, busca construir uma imagem mais ao centro, aproveitando a popularidade que acumulou em seu primeiro mandato no Recife. Ele sabe que, para vencer em 2026, precisará se diferenciar da atual gestão federal e conquistar o apoio de setores que, historicamente, se alinharam à centro-direita. Essa estratégia já está sendo testada e deverá ser refinada nos próximos anos, com Campos tentando se posicionar como uma alternativa moderada e pragmática.

Por outro lado, sua provável adversária, a governadora Raquel Lyra, ganhou força com a vitória de aliados estratégicos nas eleições municipais, como a prefeita eleita de Olinda Mirella Almeida. Raquel Lyra, que vem consolidando sua política de base no estado, desponta como um nome forte para a reeleição e também para manter a hegemonia da direita em Pernambuco. Sua gestão, embora discreta em alguns aspectos, tem sido suficiente para garantir vitórias em cidades importantes.

Essa disputa entre João Campos e Raquel Lyra deve se acirrar nos próximos dois anos, com ambos tentando atrair o eleitorado insatisfeito com o governo federal e ao mesmo tempo se distanciando das pautas mais polêmicas da esquerda. O debate não será apenas regional, mas terá reflexos no cenário nacional.

Enquanto isso, Lula e o PT enfrentam o desafio de manter sua base unida diante do avanço da direita e da extrema-direita. As eleições municipais realizadas que a esquerda precisa reinventar sua estratégia para reconquistar o eleitorado perdido, especialmente nos estados do Nordeste, onde antes tinha uma hegemonia quase inabalável. O distanciamento de João Campos é um sinal claro de que o cenário político está em transformação e que a esquerda, para sobreviver, precisará se adaptar rapidamente.

Waldiney Paasos

Exclusiva: “os projetos da direita estão tornando o Brasil cada vez mais fraco”, afirma Humberto Costa

(Foto: Arquivo)

O senador Humberto Costa (PT) esteve em Petrolina no final de semana, onde falou com exclusividade ao Blog Waldiney Passos. Cumprindo agenda no Sertão, o líder do PT no Senado falou sobre o crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) nas intenções de voto e também opinou sobre a polarização entre direita e esquerda.

Na visão do senador, a polarização não é ruim. “Nós vamos ter as pessoas se colocando do ponto de vista ideológico. O que eu acho ruim é que a direita utiliza métodos que são fascistas, usa a violência, a mentira, o preconceito, a agressão e isso é ruim, pode comprometer a eleição no sentido de provocar um processo violento”, afirmou Costa.

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Apesar dos métodos utilizadas pela direita, Humberto acredita que a esquerda pode se fortalecer no pleito de outubro. “Espero que esse processo aconteça de forma civilizada e se isso acontecer, não tenho dúvidas de que a esquerda vai ganhar porque os projetos da direita estão tornando o Brasil cada vez mais fraco”, disse.

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Moro é alvo de protestos na Universidade de Coimbra em Portugal

(Foto: Ilustração)

A palestra do juiz federal Sérgio Moro em Portugal foi marcada por protestos. Os muros da Universidade de Coimbra, uma das mais tradicionais do país, foram pichados por estudantes brasileiros e portugueses com frases contra Moro.

A palestra estava marcada para a tarde desta segunda-feira (5). A participação dos interessados custa dez parcelas de R$ 850 e confere o direito a uma série de jantares que correm paralelamente ao evento. O evento é chamado Accountability, Compliance, Boa Governança e Princípio Anticorrupção”.

Por meio de cartas abertas, a Esquerda Brasileira em Coimbra (EBRAC) e a Associação dos Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb/Coimbra) afirmaram que “não é condizente com os princípios da Universidade receber um juiz que contribuiu de forma decisiva para o golpe de estado no Brasil”.

Com informações do Jornal do Brasil

“É preciso o impeachment do atual modelo político”, diz Cristovam Buarque  

A solução, segundo o senador, é o surgimento de uma nova esquerda/Foto: Waldemir Barreto Agência Estado

A solução, segundo o senador, é o surgimento de uma nova esquerda/Foto: Waldemir Barreto Agência Estado

Pernambucano, nascido no Recife em 1944, mas com mandato pelo Distrito Federal, o senador Cristovam Buarque (PPS) é um dos mais respeitados homens públicos do País. Ele foi ministro da Educação do primeiro governo Lula (PT), entre 2003 e 2004, e hoje é um dos maiores críticos do modelo político encabeçado pelo ex-presidente da República e executado pela presidente Dilma Rousseff (PT).

Cristovam é uma das vozes que defendem o impeachment da presidente, mas enfatiza que a iniciativa pouco ajudará o País. “Com o impeachment ou com Dilma no governo, o Brasil vai ficar no mesmo rumo de uma crise profunda. Não tenho otimismo do que vai acontecer na história, política, econômica e social do Brasil nos próximos anos”, opinou.

Ninguém escapa às críticas de Cristovam. “A democracia entrou em crise porque os partidos não significam nada, o Congresso não funciona bem e o Executivo aparelhou o Estado. Há uma crise de modelo. Precisamos de um impeachment do modelo”, falou.

Para o senador, que já foi filiado ao PT, a esquerda brasileira sairá manchada após os últimos acontecimentos, que envolvem desde a Operação Lava Jato até o processo de impeachment de Dilma.

“A esquerda brasileira sai mais do que arranhada desses episódios. Ela está embaixo dos escombros criados pelo governo do PT”, diz.

A solução, segundo o senador, é o surgimento de uma nova esquerda. “Uma esquerda que entenda a estabilidade monetária como algo possível, que o fundamental não seja o estatal, mas o público, que ponha a educação como motor do progresso. Tenho a impressão que isso vai demorar, que vai ter que passar pela oposição para acontecer. O lugar de definir sonhos é a oposição e o de realizar é o governo”, declarou.

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