O que era para ser um aeroporto internacional, receber voos das principais empresas aéreas do país e facilitar o acesso dos turistas ao Parque Nacional Serra da Capivara está abandonado a própria sorte. Mas 12 anos e R$ 18 milhões depois, o Aeroporto Internacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, é internacional apenas no nome. Pois, quatro meses após ser inaugurado, nunca recebeu um voo comercial.
Apenas 25 aeronaves particulares, com cerca de 80 passageiros, passam pela pista por mês. O terminal de passageiros permanece fechado desde a inauguração, e o custo mensal de manutenção do aeroporto é de R$ 150 mil, pagos pelo Estado do Piauí.
A construção era reivindicação antiga dos pesquisadores do parque. A expectativa era que o empreendimento, bancado pela União e pelo Estado, atraísse mais turistas.
Mas o parque, nos 12 anos de obras do aeroporto, foi se deteriorando e perdendo visitantes, segundo a arqueóloga Niède Guidon, uma das responsáveis. Sem receber verba do governo, o parque não tem dinheiro para fazer a manutenção nem para pagar aos funcionários, que passaram de 270 a 40, segundo Guidon.
Para ela, o atraso na obra contribuiu para a situação. “O aeroporto mais próximo é o de Petrolina (PE), a 350 km, e as estradas são péssimas. ”
SEM DEMANDA
O governo do Piauí diz que a obra do aeroporto demorou por causa de atrasos no repasse do Ministério do Turismo e por um embargo do Ministério Público Federal, que investigava irregularidades.
O aeroporto tem autorização da Anac (agência de aviação civil) para funcionar, mas as companhias dizem não haver demanda, segundo o secretário de Transportes do Piauí, Guilhermano Pires.
O Estado oferece isenção de tarifas e subsídios às empresas e até se propôs a patrocinar os voos com publicidade na aeronave. “Mas as companhias não conseguem fechar equação financeira para viabilizar as operações.”
Segundo a chefe interina do Parque Nacional Serra da Capivara, Maria Lucia Carvalho, a situação do local é um reflexo da crise financeira do país. “Empresas como a Petrobras, que injetavam somas razoáveis, não estão mais colaborando”, lamenta.
Com informações da Folha de São Paulo