Nesta segunda-feira (2), o governo do Estado de Pernambuco divulgou, com tom de celebração, os números da Pnad Contínua do IBGE sobre pobreza e extrema pobreza no estado. Os dados indicam que, em 2024, 40,3% da população pernambucana ainda vive em situação de pobreza e 6,3% está na extrema pobreza.
Apesar da narrativa oficial apontar para avanços – como a saída de 698 mil pessoas da pobreza e de 288 mil da extrema pobreza –, é impossível ignorar a gravidade do cenário atual: quase metade da população do estado ainda enfrenta privações severas, muitas vezes sem acesso adequado à alimentação, moradia digna, saúde e educação.
A gestão estadual associa a suposta melhoria ao crescimento econômico dos últimos 15 anos, ao aumento do emprego e à elevação da renda. Mas é preciso ir além da propaganda. O que vemos nas ruas, nas periferias, na zona rural e nos sinais de trânsito é um povo passando dificuldades enquanto a classe política vive cercada de privilégios, assessores, carros oficiais e discursos prontos.
Pernambuco, que em 2022 tinha 50,8% da população pobre e 12,2% na extrema pobreza, conseguiu uma redução importante em termos percentuais. Mas isso não pode servir de escudo para esconder o que salta aos olhos: a fome ainda ronda os lares mais humildes, crianças vão à escola com fome, famílias sobrevivem com auxílio insuficiente e muitos trabalhadores enfrentam jornadas exaustivas para garantir o básico.
Enquanto isso, milhões são gastos com publicidade institucional para “vender” um estado que só existe nos comerciais. É hora de menos marketing e mais políticas públicas reais, estruturadas, contínuas e transparentes. A população não quer números bonitos em relatórios; quer dignidade no prato, no bolso e na vida.
Pernambuco precisa, sim, reconhecer os avanços, mas precisa principalmente encarar a dura realidade social com seriedade, coragem e prioridade. Não basta criar programas para estatísticas — é necessário mudar realidades. E isso só acontece com planejamento, fiscalização, descentralização de recursos e, acima de tudo, compromisso com os que mais precisam.
A sociedade quer mais do que manchetes otimistas: quer ações concretas, imediatas e sustentáveis, que respeitem a dignidade do povo e combatam as desigualdades com responsabilidade, e não com promessas vazias ou propaganda disfarçada de informação.
Waldiney Passos