Reconhecimento facial: procurados por estupro e tráfico são capturados

Dois procurados pela Justiça pelos crimes de tráfico de entorpecentes e estupro de vulnerável foram alcançados, na sexta-feira (20), em Salvador, após serem identificados pelo Sistema de Reconhecimento Facial da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

De acordo com a unidade, as últimas capturas aconteceram após acionamento das equipes do 18⁰ BPM (Centro Histórico) e do Batalhão Gêmeos. A ferramenta atingiu a marca de 2.295 pessoas encontradas

A tecnologia é empregada em pontos estratégicos de grande circulação em Salvador, cidades da Região Metropolitana e no interior do estado, para auxiliar no monitoramento em grandes eventos. Em 2024, 1.042 criminosos foram alcançados pela polícia baiana.

A Tarde

Polícia prende primeira pessoa por reconhecimento facial em Pernambuco

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) informou que realizou, neste Sábado de Zé Pereira (10/2), a primeira prisão com a ajuda das câmeras de reconhecimento facial, que estão em uso inédito no Carnaval pernambucano 2024.

Segundo a secretaria, o preso é um foragido da Justiça que foi identificado por volta das 8h. As equipes confirmaram que a imagem do homem de 46 anos era compatível com a fotografia incluída no Banco Nacional de Mandados de Prisão.Assim, logo após ser feita a confirmação de que o mandado permanecia válido, uma equipe de campo realizou a abordagem e conduziu o foragido à uma delegacia de polícia, onde permanecerá à disposição da Justiça. A SDS não repassou mais detalhes da prisão.

A ideia é rastrear 15 mil foragidos da Justiça, que poderão ser presos se frequentarem os polos carnavalescos. Apesar do imediato resultado, a tecnologia de reconhecimento facial, usada pela primeira vez no Carnaval do Recife e de Olinda, foi alvo de críticas entre especialistas da área de segurança pública. Em geral, eles apontam que há falhas e que elas resultam em prisões injustas – principalmente de negros.

Dois kits com equipamentos de reconhecimento facial estão sendo usados no Estado desde o fim de 2023. E nos dias oficiais de folia passaram a ser utilizados para identificar pessoas com mandados de prisão em aberto – como a prisão da manhã deste sábado.

JC Online

Uso do reconhecimento facial preocupa entidades

Enquanto espera pelo trem na estação, caminha pela rua ou relaxa em uma praia, você pode estar sendo vigiado por câmeras de segurança, que enviam imagens diretamente para um centro de controle policial. Lá, um programa de computador acessa o banco de dados com rostos de suspeitos de crimes e compara com as imagens das câmeras. O que parece roteiro de ficção científica, é realidade há um tempo em diferentes partes do país, onde sistemas de reconhecimento facial vêm sendo cada vez mais usados na segurança pública.

O caso mais recente foi a adesão de concessionárias do transporte público no Rio de Janeiro à tecnologia controlada pela Polícia Militar. Mais de 1.000 câmeras posicionadas em estações e vias estão agora disponíveis para o trabalho da corporação. Enquanto autoridades defendem a medida como eficaz para o combate à criminalidade, especialistas em direitos humanos e segurança apontam os riscos de ampliação do racismo e da privação de liberdade.

Horrara Moreira é advogada e coordenadora da campanha Tire Meu Rosto da Sua Mira, que defende o “banimento total do uso das tecnologias digitais de reconhecimento facial na segurança pública no Brasil”. Ela diz que o primeiro problema a ser considerado é a ocorrência de prisões equivocadas.

“Há o problema da identificação, quando acontece algum erro nas informações biométricas do rosto e na comparação delas com o banco de dados. E existem os erros decorrentes dos trâmites do próprio sistema de justiça, como mandados de prisão que estão vencidos ou que já foram cumpridos”, alerta Horrara. E se fosse possível melhorar as tecnologias disponíveis, a ponto de praticamente zerar o número de erros? Mesmo assim, Horrara afirma que não impediria um outro problema grave, a característica inerentemente racista do sistema.

“Muitas tecnologias de reconhecimento facial usam a inteligência artificial como regra de processamento matemático. Ela pode ser de deep learning ou de machine learning, em que você fornece previamente um banco de dados, para que ela aprenda a identificar os rostos de pessoas no geral. E você também precisa definir critérios de quem é homem, mulher, branco, negro, e ensinar a máquina a identificar esses padrões. Qualquer enviesamento nesse treinamento da máquina vai influenciar na taxa de precisão. E o treinamento não é transparente. Se eu dou mais informações para a máquina sobre pessoas negras, ela pode indicar que pessoas negras cometem mais crimes do que pessoas brancas”, avalia a advogada.

Thalita Lima coordena o Panóptico, projeto sobre reconhecimento facial do Centro de Estudo de Segurança e Cidadania (CESeC). Ela defende que a tecnologia não produz impacto significativo na redução da criminalidade e cita os exemplos de Salvador e do Rio de Janeiro para corroborar o argumento.

“O estado que mais utilizou reconhecimento facial no Brasil foi a Bahia, onde mais de 60 municípios já o adotaram como medida de segurança pública. Salvador é permeada por câmeras que usam essa tecnologia. E um estudo do Panóptico mostra que entre 2019 e 2022, os índices criminais de roubo a transeuntes e de atentados contra a vida não tiveram mudanças significativas”, diz Thalita.

“Assim como no estudo sobre o Rio de Janeiro, de um projeto piloto que aconteceu em 2019 em Copacabana e no Maracanã, quando foi verificado que a criminalidade aumentou. Segurança pública envolve medidas que são muito mais estruturais do que simplesmente adotar câmeras de reconhecimento facial”, acrescenta Thalita. A pesquisadora enfatiza que também é preciso estar alerta à ampliação da vigilância sobre a população. Em termos morais e políticos, quais os riscos à privacidade e ao direito de livre circulação nas cidades?

“Temos a vigilância em escala ampliada em ambientes de grande circulação de pessoas, e precisamos analisar que outras camadas de direito vão ser flexibilizadas. Não apenas o de se locomover, o de mobilidade, o direito à cidade, aos espaços onde se possa circular e não ter o risco de ser abordado erroneamente, mas também é preciso resguardar o direito à privacidade e à livre expressão nesses espaços. No Brasil, tem aumentado cada vez mais o uso dessa tecnologia sem uma reflexão dos riscos e sem relatórios de impacto dela”, afirma.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com os governos do estado do Rio de Janeiro e da Bahia, citados na matéria, para que apresentassem mais dados e informações sobre o sistema de reconhecimento facial. Mas não obteve resposta até o momento.

Agência Brasil

Reconhecimento facial passará a ser obrigatório nas aulas práticas em autoescolas, segundo o Detran-PE

(Foto: Paulo Maciel)

Para a execução dessa nova ferramenta os veículos serão compostos com um smartphone e um tablet com GPS. (Foto: Paulo Maciel)

Com o objetivo de diminuir a quantidade de fraudes no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), a Secretaria Estadual das Cidades (SECID), por meio do Departamento de Estadual de Trânsito de Pernambuco – DETRAN-PE começa a exigir a partir de agosto o monitoramento biométrico e facial dos alunos e instrutores. Pioneiro no país, a medida que deverá ser adotada em todas as aulas práticas realizadas pelos Centros de Formação de Condutores – CFC’s foi inspecionada pelo diretor presidente do DETRAN-PE, Charles Ribeiro.

Para a execução dessa nova ferramenta os veículos serão compostos com um smartphone e um tablet com GPS, que servirão para realizar a telemetria com imagem para reconhecimento facial e biometria dos alunos. “O sistema SuperPrático é composto por três módulos e segue toda legislação da categoria conforme as regras dos órgãos federais e estaduais”, enfatizou Saulo Gomes, consultor técnico da empresa que desenvolve o serviço para os CFC’s.

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