Médicos residentes protestam em Petrolina com ação solidária

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Na manhã desta quinta-feira (10), médicos residentes do IMIP – Hospital Dom Malan, em Petrolina, sertão de Pernambuco, realizaram protesto na Praça do Bambuzinho no Centro de Petrolina. Os médicos estão em estado de greve desde a última quinta-feira (09).

Segundo Sinara Milena de Carvalho Cordeiro, médica residente no HDM, fazer atendimento ao público, como testes de glicemia e aferindo pressão, foi uma maneira de chamar a atenção da população para a bandeira levantada.

“ Estamos aderindo a paralisação nacional dos médicos residentes e a maneira que a gente encontrou de trabalhar em cima da greve foi promovendo ações sociais para a população” diz a residente.

Está na pauta de reclamações dos médicos, melhoria na bolsa dos residentes, melhoria de infraestrutura e atendimento à população, melhores condições de trabalho e formação.

“Estão se abrindo vagas de residência médica sem estrutura e qualidade. A gente também reivindica melhoria da bolsa de residência que não sofre reajuste desde 2013. Melhores condições de formação, a gente está sendo formado, por muitas das vezes, em péssimas condições ou por preceptores que não tem qualificação“ explica Sinara.

No Dom Malan, 15 residentes participam da paralisação que permanece por tempo indeterminado.

Artigo do leitor, 5 de dezembro, dia da Medicina de Família e Comunidade

Médicos das UBS reunidos na Univasf

Um grande dia para celebrar a história da Medicina de Família e Comunidade no Vale do São Francisco e no Brasil, reconhecendo o importante papel que esta especialidade possui para o SUS e os sistemas de saúde no mundo, além de projetar um futuro ainda melhor para a nossa população.

Neste dia 5 de dezembro de 2015 comemoramos no Brasil o Dia da Medicina de Família e Comunidade, data que coincide com a fundação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), assim escolhida para celebrar a nossa especialidade. Somos ainda poucos profissionais na região, no entanto somos o maior programa de residência médica da região e o terceiro maior programa de residência em medicina de família e comunidade do país.

Representamos uma área que ainda vem chegando a sua maturidade (34 anos) mas que aos poucos, com a ampliação da Atenção Básica e a presença cada vez maior de médicos de família nas unidades de saúde, temos conquistado importante vinculação com as pessoas e a confiança da nossa população.

Comemorar este dia é lembrar-se daqueles que são o nosso maior objetivo: as pessoas.

E nesse momento vem a lembrança do abraço de dona Maria que acamada em seu quarto enfaticamente expressou gratidão e disse “obrigado por não se esquecer de mim, espero que volte logo! “.  Do seu João que chegou todo preocupado com dúvidas sobre “querer cuidar da próstata” e com muita tranquilidade conversamos sobre o quanto aquilo lhe preocupava e, baseado em seu histórico e suas informações, aos poucos fomos esclarecendo suas dúvidas e combinando o seu acompanhamento. Mesmo sem exames ou medicamentos isso garantiu bastante tranquilidade ao seu João. De dona Josefa que mesmo já tendo se esquecido da visita que realizamos no mês passado combina toda animada a visita do mês que vem para “acertarmos seu remédio”.

Da perseverança “daquelas” senhoras de oitenta e poucos anos que mesmo com dificuldade, naquele dia que você achou que não iria ninguém participar do grupo educativo, enfrenta as dores nos joelhos e chega no grupo de tabagismo dizendo “doutor… eu não poderia faltar e deixar de participar do grupo! “.

Da gestante que mesmo tendo o doutor do “plano de saúde” faz questão de ser acompanhada na unidade de saúde para saber “se tudo está indo bem”. Das mães de “primeira viagem” que chegam cheias de dúvidas e quando saem das consultas exibem um olhar de alívio e de confiança.

Da garra das nossas equipes de saúde da família que mesmo cansadas e sobrecarregadas planejam e se esforçam todos os dias para realizar um melhor cuidado para nossa comunidade. E ainda de outras tantas oportunidades de encontros, que conseguimos lembrar, em que houve valorização da qualidade de vida, da autonomia e de autoconfiança das pessoas.

Ainda hoje muitos nos perguntam…Colegas, amigos, pacientes, pai, mãe, avó, avô, tio, tia, irmão, irmã:

– A sua especialidade cuida de que mesmo?

E prontamente respondo:

– De gente como a gente…

Além de ser um dia para comemorar todas essas gratas lembranças, ainda é uma importante data para lembrar do nosso comprometimento em conquistar uma saúde que seja acessível, humanizada e qualificada e também dos principais avanços desta nossa especialidade aqui no Vale do São Francisco e em todo o nosso Brasil.

A MFC é uma especialidade que se dedica à Atenção Básica, um nível fundamental e estratégico para todos os sistemas de saúde eficazes. Uma área que se dedica a pensar e garantir o acesso da população aos serviços de saúde, que vê as pessoas como um todo indivisível, coordenando todo o cuidado das pessoas em todas as etapas de vida e considerando importante o seu contexto familiar e comunitário.

Mesmo com algumas dificuldades em nosso país, pudemos vivenciar nestes últimos dois anos uma mudança importante na organização do SUS. Como a expansão pela qual passa a Atenção Básica em todo o país, com crescimento de 4,5 vezes da sua cobertura, com um aumento de 33% das consultas nas unidades de saúde e redução de 4% nas internações hospitalares e especialmente em nossa região a rede municipal de saúde de Petrolina que em cinco anos partiu de uma cobertura de 32% para os atuais 82% na atenção básica.

Aqui em nossa região temos atuado e acompanhado ativamente o impacto que o Programa Mais Médicos vem trazendo. Com o apoio da Universidade Federal do Vale do São Francisco e da Residência de Medicina de Família e Comunidade supervisionamos profissionais ligados ao programa em 45 municípios e, em âmbito nacional, foi possível observar a ampliação de acesso para mais de 60 milhões de brasileiros ao SUS em cerca de 72,8% dos municípios nestes últimos 2 anos.

Nosso programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade, construído em conjunto com o município de Petrolina, completa cinco anos de existência e passou por uma ampliação de uma para dezoito vagas neste período. Hoje estamos presentes em 20 equipes de saúde distribuídos e seis unidades, o que corresponde a 25 % da rede de atenção básica do município, também responsáveis pela preceptoria dos estudantes em formação, recebendo estudantes de todos os períodos do curso de medicina. As perspectivas futuras são de que todos os médicos formados possuam vivências mais expressivas em Medicina de Família e Comunidade no intuito de garantir uma formação generalista, humanista e qualificada.

Sentimos que a responsabilidade de lutar por tudo que acreditamos bate à nossa porta e que continuar com muita garra é fundamental! Devemos sempre olhar para frente e vislumbrar um enorme campo de possibilidades nas quais possamos desempenhar um papel fundamental juntos aos maiores protagonistas a que destinamos nossos esforços: as pessoas, suas famílias e a comunidade.

Paulo Meira – Residente de MFC (R2)

Brasil aumenta número de médicos, mas mantém desigualdade na distribuição aponta relatório

Médicos no Brasil

Dados do relatório Demografia Médica no Brasil 2015 indicam que cerca de 400 mil médicos atuam no Brasil. De acordo com os números divulgados hoje (30) pelos conselhos Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e Federal de Medicina (CFM), o total de registros de médicos no país é de 432.870, mas 33.178 registros se referem a registros secundários, ou seja, são de profissionais com mais de um registro nos conselhos regionais.

A segunda inscrição ocorre quando o médico trabalha em áreas fronteiriças entre dois estados [e ele têm registro em mais de um conselho] ou quando ele muda temporariamente para fazer cursos ou especializações. Deduzidos os registros secundários, o total de médicos no país soma 399.692 profissionais.

Considerando-se o total de registros médicos no país, já que um médico pode atuar em estados diferentes, o Brasil tem, em média 2,11 médicos para cada grupo de mil pessoas. A taxa é muito próxima a de países desenvolvidos como Estados Unidos [média de 2,5 médicos por grupo de mil habitantes], Canadá (2,4) e Japão (2,2). Segundo Mário Scheffer, coordenador do estudo, nessa média não é considerada o número total de médicos, mas o de registro, porque “um médico com dois registros tem de ser contado nos dois estados, porque ele é mão de obra para ambos”.

Desigualdade

A distribuição desses médicos pelo país é muito desigual tanto entre as unidades da Federação quanto em relação a capitais e interior do país. A região Sudeste, por exemplo, concentra mais da metade dos médicos do país (55,3%), enquanto a região Norte tem apenas 4,4% desse total, seguida pelo Centro-Oeste, com 7,9%.

O estado do Maranhão dispõe de 5.396 médicos, o que corresponde a 1,3% do total de profissionais brasileiros, enquanto sua população corresponde a 3,4% do total nacional. A média é a mais baixa do país, de 0,79 profissionais para cada grupo de mil pessoas. O estado de São Paulo concentra 117.995 médicos (28,1% do total), para uma população que corresponde a 21,7% do país [2,7 médicos a cada grupo de mil]. O Distrito Federal é a unidade federativa com maior concentração de médicos por grupo de pessoas do país: 4,28 médicos a cada mil pessoas.

As 27 capitais do país concentram 55,24% do total de registros de médicos, embora a população dessas cidades represente apenas 23,80% do país. Todas as 5.543 cidades do interior têm 44,76% dos médicos, enquanto sua população soma 76,2% do Brasil. Com isso, a taxa de médicos por grupos de mil habitantes soma 4,84 nas capitais e 1,23 médicos no interior.

“O médico é um profissional que demora 12 anos para se formar. Ele não vai trabalhar em lugares distantes se não houver boas condições para sua família. O relatório mostra que abrir escolas não resolverá o problema porque a maioria deles [médicos] vai trabalhar em cidades com mais de 50 mil habitantes. O governo precisa desenvolver uma política de interiorização”, defendeu Braúlio Luna, presidente do Cremesp.

Perfil

Em 2014, os homens eram maioria dos médicos no país (57,5% do total), mas há uma tendência de feminização da medicina no Brasil. “Desde 2010, há mais registros de mulheres que de homens. A profissão ainda é masculina, mas isso está mudando”, afirmou Mário Scheffer. Desde 2011, 52,6% dos médicos eram mulheres. No ano passado, esse número já correspondia a 54,8% do total.

Segundo Scheffer, a maior presença das mulheres na medicina vem acompanhada de desigualdade. “As mulheres recebem menos, embora tenham vínculos e carga horária equivalentes aos homens.”

A idade média dos médicos em atividade no país chega a 45,7 anos.  Conforme o estudo, essa média vem caindo ao longo do tempo, resultado da entrada de novos médicos no mercado de trabalho.

Salário

A maioria dos médicos tem mais de um emprego e se submete a longas jornadas semanais de trabalho. Do total de médicos do país, apenas 22% têm somente um empregador. O restante tem entre dois ou mais vínculos.

A maioria dos médicos [75,5% do total] trabalha mais de 40 horas semanais. O salário da maioria [62,4%] é de R$ 16 mil mensais. No entanto, o salário é considerado baixo pelo presidente do CFM, Carlos Vital. Segundo ele, o ideal seria um salário de R$ 11 mil por 20 horas semanais ou R$ 22 mil por 40 horas.

“Essa é a proposta que a categoria médica tem defendido. Mas o governo paga, em média, R$ 6 mil por 40 horas semanais. Isso é extremamente desmotivador”, afirmou Braúlio Luna, presidente do Cremesp.

Para Vital, a PEC 459, em tramitação na Câmara dos Deputados desde 2009 e que institui a carreira de estado para o médico brasileiro, poderia ajudar a resolver esse problema salarial e garantir condições dignas para o exercício da profissão. “A PEC reconhece o exercício da medicina como essencial ao estado. A lei é que irá, posteriormente, regulamentar e determinar esses salários”, concluiu. (Fonte: AB)

 

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