Instituto federal cria gerador que usa partículas quase invisíveis para recuperar área degradada do Rio São Francisco

Quase metade do esgoto no Brasil ainda é despejado sem nenhum tratamento na natureza. Por isso, chama a atenção uma tecnologia que está sendo usada em Pernambuco. Ela usa bolhas quase invisíveis para descontaminar a água.

A degradação transformou a área. Onde o rio passava há quatro anos, hoje o rastro de destruição se revela no assoreamento, flora reduzida e mau cheiro. A União dos Ribeirinhos e do Instituto Federal de Tecnologia vem semeando esperanças no Velho Chico. O instituto desenvolveu um gerador de nanobolhas, que usa o ozônio para despoluir as águas. A pesquisa custou R$ 100 mil.

As partículas são quase invisíveis. As do gás usado para produzir refrigerantes, por exemplo, são 100 mil vezes maiores. Essas micropartículas transformam toda a contaminação – como vírus, bactérias e matéria orgânica – em radicais livres, fragmentos que podem ser eliminados rapidamente, renovando a oxigenação da água.

“A ideia da gente é que a gente possa estar recuperando não só esse pedaço, mas possa estar escalonando, recuperando outras margens do rio. A ideia é que a gente possa estar expandindo, levando essa tecnologia do sertão para o mundo”, diz o ambientalista Victor Flores.

Os primeiros resultados são visíveis e animadores. Em apenas 28 dias de utilização da tecnologia nanobolhas, toda uma área do Rio São Francisco que estava degradada foi recuperada – o equivalente a 3 mil m². As análises em laboratório das amostras de água confirmam a evolução do tratamento com ozônio.

“Nós conseguimos baixar bastante a turbidez da água. Isso é um demonstrativo que esse tratamento está surtindo efeito. A radiação ultravioleta agora está conseguindo atravessar esse manto líquido, conseguindo chegar ao processo de desinfecção da água. A nossa visão aqui é com as pesquisas que serão feitas, tornar ele um equipamento possível de ser usado em todo e qualquer corpo hídrico”, diz Sebastião Costa, professor do Instituto Federal do Sertão – PE.

O retorno dos peixes, dos pássaros e de outras espécies é outro sinal de que, por lá, a vida, pouco a pouco, se renova.

Fonte G1

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