Assassinato de Mãe Bernadete completa um ano neste sábado

O assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico Moreira completou um ano neste sábado (17). Mãe Bernadete, como era conhecida, foi assassinada com 12 tiros no Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.

A Anistia Internacional Brasil, que acompanha o caso, lembrou que, no momento do crime, ela estava acompanhada de seus três netos, um jovem de 22 anos e dois adolescentes de 12 e 13 anos. “Com décadas de atuação pelo direito dos povos quilombolas no Brasil, Mãe Bernadete havia perdido o filho, Flávio Gabriel dos Santos, ‘Binho do Quilombo’, que também era ativista, assassinado em 2017”, diz a nota divulgada pela entidade.

Segundo Ministério Público do Estado da Bahia, os três homens que foram denunciados pela morte de Mãe Bernadete – Arielson da Conceição Santos, Marílio dos Santos e Sérgio Ferreira de Jesus – vão a júri popular. Eles foram denunciados pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, de modo cruel, sem possibilidade de defesa da vítima. Josevan Dionísio dos Santos e Ydney Carlos dos Santos de Jesus, que também foram denunciados, estão foragidos.

Mãe Bernadete era alvo de ameaças por conta de sua luta política e, desde 2017, tinha sido incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH). A pesquisa “Linha de Frente: violência contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil”, desenvolvida pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global revelou 1171 casos de violência, sendo 169 assassinatos e 579 ameaças, entre 2019 e 2022.

Coreio a Bahia

Conhecimentos tradicionais podem salvar planeta, diz líder quilombola

As soluções que estão sendo debatidas durante o Diálogos Amazônicos “têm potencial para salvar o mundo”. Mas, para tanto, é fundamental a colaboração efetiva de todos os países participantes da Cúpula da Amazônia, pondera o coordenador Executivo de Articulação da Malungu, Hilário Moraes.

Ele se refere às propostas que estão sendo elaboradas durante o evento iniciado nesta sexta-feira (4) em Belém (PA). A Malungu é uma organização das comunidades quilombolas que, apesar de centrada no Pará, atua indiretamente junto a cerca de 600 comunidades não afiliadas localizadas em outras partes do país.

Segundo ele, a grande expectativa com o encontro – que prepara propostas a serem apresentadas aos chefes de Estado durante a Cúpula da Amazônia nos dias 8 e 9 de agosto – é a de se construir, de forma conjunta, com a participação de autoridades e povos da Amazônia, uma salvaguarda que realmente proteja os territórios quilombolas, indígenas, bem como outras comunidades tradicionais e povos da Amazônia.

“Sem essa salvaguarda, o planeta passa, hoje, por um processo muito duro das mudanças climáticas. Os povos que destruíram suas florestas investem agora pesado na Amazônia, para que se possa deixar a floresta em pé e para que o planeta possa sobreviver”.

“Nós podemos salvar”
Ele lembra que, historicamente, são os povos da região os que dominam conhecimentos tradicionais que garantem uma relação sustentável com a floresta, e que isso precisa ser levado em conta pelas autoridades.

“Nós podemos salvar o planeta, mas a gente precisa ter essa cooperação dos países que estão na Amazônia Legal. Que eles realmente escutem e leiam o que ficará visível na carta-síntese que vai ser construída, falando de toda problemática e de toda emblemática que existe dentro da Amazônia”, acrescentou.

O Diálogos Amazônicos reúne, até dia 6 de agosto, representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e demais países amazônicos, com o objetivo de formular sugestões para a reconstrução de políticas públicas sustentáveis para a região.

Durante o evento preparatório para a Cúpula, serão organizadas cinco plenárias-síntese, que debaterão temas como participação social, erradicação do trabalho escravo, saúde, soberania, segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia, transição energética, mudança do clima e a proteção aos povos indígenas e tradicionais da região.

Estão previstas também plenárias transversais para debater situações de públicos específicos, como mulheres, jovens e negros na região amazônica. Os resultados servirão de base para a produção de cinco relatórios a serem entregues aos presidentes dos países amazônicos durante a cúpula.

“Nossa expectativa é a de que realmente possamos ser escutados. Nós estamos dentro das florestas, dos rios, dos igarapés e dos campos. E tudo isso nos está sendo retirado. Estão tirando nosso sono, nossa vida e a floresta que é uma herança e um patrimônio que está sendo destruído diante dos nossos olhos”, acrescentou, referindo-se a empreendimentos como os do agronegócio e as “obras faraônicas” construídas em território amazônico.

Agência Brasil