Raiva humana: morre mulher que contraiu doença ao ser mordida por sagui em Pernambuco

Morreu, na manhã deste sábado (11), a mulher de 56 anos que contraiu raiva após ser atacada por um sagui em Santa Maria do Cambucá, no Agreste de Pernambuco. Ela estava internada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife. O caso foi o primeiro registrado em oito anos no Estado. A paciente, identificada como Ivonete, teve a mão esquerda mordida pelo animal ao tentar defender o neto, de 3 anos, no dia 28 de novembro, enquanto chegava em casa.

Falta de profilaxia pós-exposição ao vírus

A família acredita que a mulher sofreu negligência médica ao procurar socorro na cidade onde morava. Ela não foi submetida à profilaxia pós-exposição ao vírus (vacina e/ou soro) no tempo indicado. Ao sair do Hospital Santina Falcão, no Centro de Santa Maria do Cambucá, o filho de Ivonete teria ouvido alguém da equipe médica dizer: “Só falta chegar alguém com mordida de sapo”. Quando soube, a mulher chateou-se e não quis voltar à unidade de saúde.

Os sintomas começaram a aparecer. Em dezembro, ela sentiu insônia, febre e uma dor muito forte no braço. Nesse momento, retornou ao hospital, mas, conforme os parentes, o médico fez um eletrocardiograma, avaliou que estava tudo bem e a liberou.

Os sinais da raiva humana se intensificaram, e Ivonete retornou ao hospital no dia 31 de dezembro. Nesse momento, de acordo com a família, o médico percebeu que realmente se tratava de um caso grave. “Não pensaram duas vezes e a encaminharam direto para o Oswaldo Cruz, no Recife”, relatou a sobrinha de Ivonete, Maria Aparecida Santos, 29, ao Diário.

A família avalia acionar a Justiça. “Era para ela ter sido bem tratada e encaminhada para algum lugar que tivesse o tratamento e não terem deixado voltar para casa”, disse a sobrinha.

O que diz a gestão municipal 

O atual diretor do Hospital Municipal Santina Falcão, Rafael Oliveira, afirmou que a cidade possui estoque de vacina antirrábica, mas o soro fica disponível em polos regionais de saúde. No caso de Santa Maria de Cambucá, é no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru.

Oliveira disse que, por ter assumido a gestão do hospital neste ano, não possui detalhes do que aconteceu na unidade de saúde quando Ivonete procurou ajuda. “Hoje, nenhum dos profissionais que atenderam naquele momento fazem parte do quadro, desde coordenadores a profissionais de assistência direta”, contou. O diretor afirmou que uma equipe multidisciplinar da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) foi à cidade e recolheu os prontuários de atendimento de Ivonete.

O que diz a Secretaria Estadual de Saúde

Em nota, a SES-PE informou que faz cópia dos documentos dos pacientes para investigação epidemiológica e monitoramento de casos. “Quanto à conduta profissional, reforça que, de acordo com as atribuições do Sistema Único de Saúde, compete ao município a apuração e os devidos encaminhamentos”, acrescentou a pasta.

A secretaria também disse que intensificará, junto à Regional de Saúde, os protocolos e diretrizes relacionados à raiva com as equipes dos municípios da região e realizará um ciclo complementar de vacinação de animais domésticos.

Diário de Pernambuco

Exame confirma que mulher morreu por raiva humana no Recife

(Foto: G1)

O resultado de exames feitos pelo Instituto Pasteur, de São Paulo, divulgado nesta segunda-feira (3) confirmam que a raiva humana causou a da morte de uma dona de pet shop do Recife, ocorrida na última quinta-feira (29), no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).

Desde 2004, não havia registro de raiva canina ou felina no Recife. O último caso da doença em humanos na capital tinha sido notificado em 1998. Em Pernambuco, o registro anterior foi de um garoto, diagnosticado com a doença em 2008. Morador de Floresta,  ele levou uma mordida de um morcego. O adolescente sobreviveu e o caso se tornou a primeira ocorrência de cura de raiva humana no Brasil.

De acordo com a médica Ana Flávia Campos, no caso de Adriana Vicente da Silva foram enviadas ao instituto amostras de saliva, sangue, líquido encéfalo-raquidiano e pele. “Podemos afirmar que os testes confirmam que a raiva humana foi a causa da morte da paciente”, disse.

Campos ressalta que os testes mostraram, ainda, que a vítima foi infectada por uma variante do vírus da raiva comum em morcegos. “Podemos entender que o morcego infectou o gato, que transmitiu a doença para a mulher”, observou a médica. O laudo ficou pronto no sábado (1º). No entanto, os médicos que cuidaram da paciente só tiveram acesso aos resultados na manhã desta segunda.

Com informações do G1