Reportagem expõe relação entre Gilmar e cúpula da CBF

Ministro do STF, Gilmar Mendes e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. (Fotos: Agência Brasil)

O conflito de interesses e a falta de ética pública no Judiciário brasileiro foram expostas em recente reportagem da revista Piauí.

A matéria trouxe à tona uma série de questões envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Documentos e movimentações judiciais indicam que a atuação do ministro coincidiu com decisões estratégicas em favor da entidade esportiva.

A matéria detalha a parceria estabelecida entre o IDP, instituição fundada por Gilmar Mendes e dirigida por Francisco Schertel Mendes, filho do ministro, e a CBF Academy, braço educacional da CBF responsável por cursos de formação no futebol.

Em agosto de 2023, o IDP assumiu a gestão desses cursos, ficando com 84% (aproximadamente R$ 9,2 milhões) da receita gerada, enquanto a CBF manteve os 16% restantes. ​

Ednaldo Rodrigues assumiu interinamente a presidência da CBF em 2021, após o afastamento de Rogério Caboclo por denúncias de assédio. Rodrigues foi eleito oficialmente presidente em março de 2022.

No entanto, sua eleição foi anulada em dezembro de 2023 pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que apontou irregularidades no processo, resultando em seu afastamento.

Para articular a defesa de Ednaldo nos tribunais superiores, a CBF desembolsou R$ 6,5 milhões dos cofres da entidade ao advogado Pedro Trengrouse, que, duas semanas após receber o pagamento, atuou em Brasília para auxiliar na recondução dele. ​

Posteriormente, uma nova ação foi movida no STF pelo PCdoB, partido do secretário-geral da CBF, Alcino Reis Rocha. Contrariando o procedimento padrão, que deveria ter remetido o recurso ao ministro André Mendonçao caso foi redistribuído e por sorteio caiu com o ministro Gilmar Mendes.

Em janeiro de 2024, o ministro Gilmar Mendes concedeu uma liminar permitindo o retorno de Ednaldo ao cargo.

Essas revelações suscitam debates sobre possíveis conflitos de interesse e a necessidade de transparência nas relações entre instituições públicas e privadas, especialmente quando envolvem figuras de destaque no cenário jurídico e esportivo nacional.

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