Projeto garante às pessoas não binárias o direito de serem quem elas são

O reconhecimento por parte da sociedade da identidade de pessoas que não se sentem pertencentes ao ao próprio corpo é uma forma de garantir visibilidade e cidadania a essa parcela da população. A retificação de nome e gênero nos documentos é um passo significativo para essas minorias saírem da invisibilidade. Graças ao projeto “Cidadania Não Binária”, no Distrito Federal, entre 2022 e 2023, 84 pessoas conquistaram na Justiça o direito de retificar suas certidões de nascimento.

A iniciativa é da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) em parceria com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Em novembro do ano passado ocorreu o primeiro mutirão, que retificou 24 certidões. No dia 27 de fevereiro ocorreu a segunda edição do projeto, quando 60 pessoas garantiram o direito de retificação.

“No final de 2021, recebemos um grupo de pessoas não binárias que não estavam conseguindo fazer o pedido de forma administrativa para constar um terceiro gênero. O jeito que encontramos foi a partir de uma provocação da sociedade civil entrar com ações e realizar audiências para garantir o direito”, revela o defensor público e coordenador do Núcleo de Direitos Humanos da DPDF, Ronan Figueiredo.

Kai Fadel Helgert, 19 anos, dá aulas de inglês e se descobriu não binária aos 15, mas, antes disso, já se interessava e pesquisava sobre questões de gênero. “Estudo desde nova meu gênero e procuro cada vez mais passar informações sobre a causa por meio das minhas redes sociais, estou começando com alguns stories conscientizando amigos próximos, o que já é um passo importante. Atualmente procuro mais formas de me incluir dentro da comunidade e passar essa mensagem tão linda que é sermos quem somos”, conta Kai. No caso de Kai, a mudança de nome e gênero nos documentos significou uma redenção. “Simbolizou minha liberdade e autoconhecimento que levaram anos. Foi um dos dias mais importantes e marcantes da minha vida que vou carregar com muito carinho e emoção”, declara.

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