Mistura alta e ruim estraga combustível vendido no Brasil

No país que se orgulha ser o maior produtor mundial de etanol de cana-de-açúcar do mundo e de operar o maior programa de produção de biodiesel das Américas, a idéia de adicionar os dois produtos a gasolina e ao óleo diesel sempre foi muito comemorada pelos ambientalistas como uma solução brasileira de compensação às emissões de carbono de mossa frota automotiva.

Colocar etanol anidro em gasolina tipo A, de fato, se tornou uma referência internacional que o Brasil provou, até porque foi a partir do velho Proálcool que a indústria automobilista nacional desenvolveu a tecnologia flex que permite que qualquer motor a combustão automotiva brasileiro rodar com os dois combustíveis seja a gasolina pura, o álcool hidratado ou a mistura de 25% que o país adotou como política energética padrão.

Também virou um diferencial Brasil, a adição de óleo vegetal no óleo diesel S-10 produzido pela Petrobras que investiu pesado na sua melhoria em 10 anos e fixado em 10% a despeito da indústria de caminhões e ônibus se queixar da qualidade do produto vegetal entregue para indústria nacional que usa uma tecnologia antiga para processar a soja e que produz uma quantidade excessiva de resíduos no bloco do motor e deixa sujeira no tanque de combustível.

É uma situação curiosa. A sofisticada indústria de caminhões está no mercado brasileiro com o que existe de melhor em termos de motores com tecnologia no mundo como a série Euro 4, 5 e 6 que embarcam o que de melhor se conseguiu na performance do motor a diesel. Entretanto é obrigada a usar um combustível misturado a um óleo vegetal ruim que acaba reduzindo sua eficiência. Tentando reduzir às perdas, a indústria de caminhões vem recomendando aditivos para compensar o diesel ruim entregue no posto.

O problema é que assim que o presidente Lula tomou posse, os produtores de etanol e de biodiesel se aproximaram com duas propostas que assustaram a indústria automobilística: Elevar a mistura do etanol para 30% e do biodiesel para ate 15%.

Do ponto de vista de performance, a idéia é um enorme retrocesso. O mundo usa, no máximo, 7% de biodiesel feito e material bom. Imagina usar – como foi aprovado – 15% até 2025? No caso do etanol, os motores flex simplesmente não aumentam o rendimento desejado com mais do que 25% e passam a gastar mais combustível.

Mas o novo governo simplesmente ignorou os alertas da indústria e o lobby dos dois produtos vegetais continua forte junto ao Ministério das Minas e Energia. O setor de biodisel, por exemplo, já assegurou o aumento do percentual de 10% para 15 em quatro anos. O setor sucroalcooleiro está pressionando para chegar a 30%.

A razão é bem clara: 5% mais no diesel e 5% mais na gasolina asseguram uma extraordinária aos dois setores já que as vendas para as distribuidoras são no atacado. Mas do ponto de vista tecnológico é perda de eficiência dos motores. Ironicamente, enquanto a indústria de caminhões fala do diesel com 5% de biodesel sendo adicionado já processo industrial na refinaria e o uso do motor elétrico flex com o etanol com até 20%. JC Online

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