Exército israelense intensifica bombardeios no Líbano

Israel intensificou os seus bombardeios aéreos no Líbano neste domingo (13), dentro e fora dos redutos do movimento islamista libanês Hezbollah, com o qual trava combates por terra em setores próximos da fronteira no sul do país.  O Hezbollah indicou que repeliu neste domingo duas tentativas de infiltração de tropas israelenses.

Segundo a milícia pró-iraniana, os seus combatentes detonaram dispositivos explosivos contra soldados israelenses que “os confrontaram quando tentaram se infiltrar” perto da cidade libanesa de Ramia. Afirmou também que atacou soldados israelenses em Marun al Ras, alguns quilômetros a leste, e que bombardeou uma base militar israelense ao sul da cidade de Haifa. Além disso, pela primeira vez, o movimento relatou combate corpo a corpo com soldados israelenses em uma aldeia no sul do Líbano.

Por sua vez, o Exército israelense relatou uma operação “seletiva e limitada” no sul, assim como um “combate corpo a corpo” com o Hezbollah. Também anunciou ter capturado um combatente da milícia em um túnel, “destruído [sua] infraestrutura ao longo da fronteira” e matado “dezenas” de combatentes.

O Hezbollah abriu uma frente contra Israel em outubro de 2023 para apoiar o seu aliado, o Hamas, na guerra na Faixa de Gaza, desencadeada após o ataque mortal do movimento islamista palestino em solo israelense em 7 de outubro daquele ano.

Depois de enfraquecer o Hamas em Gaza, Israel transferiu a maior parte das suas operações para a frente libanesa em setembro, com o objetivo de afastar o Hezbollah das zonas fronteiriças e permitir o retorno de cerca de 60.000 israelenses que tiveram que abandonar as suas casas no norte de Israel, devido ao lançamento de foguetes do grupo xiita. Mas neste domingo, o Exército disse ter interceptado cinco projéteis vindos do Líbano.

Mesquita destruída

Israel intensificou os seus bombardeios aéreos desde a meia-noite passada, segundo a agência de notícias oficial libanesa Ani, assim como os disparos contra cidades do sul do país, um reduto tradicional do Hezbollah.  Um bombardeio “por volta das 03h45” (horário local) destruiu “completamente” uma antiga mesquita no centro da aldeia de Kfar Tibnit, acrescentou.

A Cruz Vermelha libanesa informou que vários dos seus socorristas ficaram feridos neste domingo em um bombardeio de uma casa no sul, para onde foram enviados “em coordenação” com a força de paz da ONU no Líbano (Unifil).  A frente que o Hezbollah abriu contra Israel há um ano transformou-se em uma guerra aberta em 23 de setembro, com intensos bombardeios israelenses contra redutos do Hezbollah no Líbano, que mataram o líder do movimento, Hassan Nasrallah.

Ofensiva em Jabaliya

Depois de mais de um ano de combates, Israel continua a sua ofensiva em Gaza, território governado pelo Hamas.  O Exército bombardeia principalmente a região de Jabaliya, no norte, onde acusa o Hamas de reorganizar as suas forças. Neste domingo, o Exército indicou que eliminou “dezenas de terroristas” neste setor e atacou “40 alvos terroristas”.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 em solo israelense causou a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses e que inclui reféns mortos ou assassinados em cativeiro em Gaza.  Ao menos 42.227 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva israelense no território, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.

AFP

Hezbollah confirma morte do líder do movimento, Hassan Nasrallah, em bombardeio israelense

O movimento islamista libanês Hezbollah confirmou neste sábado (28) que seu líder, Hassan Nasrallah, morreu em um bombardeio israelense na sexta-feira contra o subúrbio sul de Beirute, reduto do grupo pró-Irã, horas depois de Israel anunciar que havia eliminado o dirigente.

“Sayed Hassan Nasrallah se uniu a seus companheiros mártires (…) cuja marcha liderou durante quase 30 anos”, anunciou o grupo em um comunicado.  O Hezbollah, arqui-inimigo de Israel, anunciou oficialmente a morte de seu chefe mais de 19 horas após os bombardeios de Israel contra seu quartel-general em um bairro densamente habitado na periferia sul da capital libanesa.

Uma fonte próxima ao movimento pró-Irã havia informado que o grupo “perdeu o contato” com Nasrallah na sexta-feira à noite. Algumas horas antes, o Exército israelense anunciou a morte do líder do Hezbollah. “Hassan Nasrallah está morto”, afirmou uma fonte do Exército, Nadav Shoshani, na rede social X.

O porta-voz do Exército, o contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que a eliminação do chefe do Hamas torna o mundo “um lugar mais seguro”. O grupo islamista palestino Hamas classificou o assassinato de Nasrallah de “ato terrorista covarde”. Hassan Nasrallah, de 64 anos, era um homem muito influente e venerado no Líbano. Líder do Hezbollah desde 1994, ele vivia escondido e fez raras aparições públicas. “A mensagem é simples: saberemos como alcançar qualquer pessoa que ameace os cidadãos de Israel”, alertou o comandante do Estado-Maior israelense, general Herzi Halevi.

“Nova ordem”

Um comunicado militar israelense afirma que Ali Karake, apresentado como o comandante da frente sul do Hezbolllah, e outros dirigentes do movimento morreram ao lado de Nasrallah. O Exército afirmou que a “maioria” dos líderes do grupo xiita foi “eliminada” nas operações israelenses dos últimos meses.

As forças de segurança do país divulgaram imagens do ministro da Defesa, Yoav Gallant, de Herzi Halevi e do comandante da Força Aérea, Tomer Bar, reunidos em um centro de comando durante a operação contra Nasrallah, batizaa de “Nova ordem”. O Exército israelense iniciou na segunda-feira uma campanha de bombardeios em larga escala contra o Hezbollah no Líbano, após um ano de confrontos na fronteira com o movimento pró-Irã.

O Hezbollah abriu uma frente contra Israel no início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque contra o território israelense de seu aliado Hamas em 7 de outubro de 2023. Desde então, prometeu continuar “até o fim da agressão israelense em Gaza”.

Israel afirma que, com os bombardeios, pretende restabelecer a segurança no norte do país, alvo dos ataques do Hezbollah, e permitir o retorno para suas casas de dezenas de milhares de habitantes que foram obrigados a deixar a região.

O Hezbollah, financiado e armado pelo Irã, foi criado em 1982 por iniciativa da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica. O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, denunciou neste sábado “política míope” de Israel, após o anúncio da morte de Nasrallah, mas sem mencionar o nome do líder do Hezbollah.

AFP