Um morto e três policiais feridos em ataque ”terrorista” no leste da França

Um homem de 37 anos, fichado por risco de “terrorismo” e com “perfil esquizofrênico”, é suspeito de matar uma pessoa e de ferir pelo menos três policiais durante um ataque com faca no leste da França neste sábado (22).De acordo com relatos obtidos pela AFP, o agressor gritou “Allah Akbar” (“Deus é o maior”, em árabe) várias vezes durante o incidente, ocorrido na cidade de Mulhouse, e ao ser detido pelas forças de segurança.

Segundo a promotoria de Mulhouse, o autor do ataque usou uma faca para agredir as vítimas, incluindo um português de 69 anos, que morreu. O Ministério Público Nacional Antiterrorismo (Pnat, na sigla em francês) anunciou em um comunicado que assumiu a investigação. “Um civil interveio e morreu. Três policiais municipais teriam ficado feridos”, precisou em um comunicado o Pnat, que informou que o suspeito foi preso.

Por sua vez, o ministro do Interior, Bruto Retailleau, afirmou que o agressor tem “um perfil esquizofrênico”, o qual foi detectado após sua detenção no final de 2023 por apologia ao terrorismo. Foi aberta uma investigação por homicídio e tentativa de homicídio contra agentes públicos.

O presidente francês, Emmanuel Macron, qualificou o ataque como um “ato de terrorismo” e acrescentou que não havia dúvidas de que se tratava de uma agressão “islamista”. Além disso, expressou seus “pêsames” à família da vítima e destacou a “solidariedade de toda a nação”. Já o primeiro-ministro francês, François Bayrou, lamentou que o “fanatismo” tenha atingido novamente o país. “Estamos de luto”, disse o chefe de governo.

O suspeito figura em uma lista de vigilância de prevenção ao terrorismo, declarou à AFP o promotor Nicolas Heitz.  Nascido na Argélia, ele se encontrava sob vigilância judicial e em prisão domiciliar, segundo fontes sindicais, e também estava obrigado a deixar a França.

Um dos policiais com ferimentos graves foi atingido na “carótida” e outro “no tórax”, detalhou. No total, cinco agentes de segurança acabaram feridos. Os fatos ocorreram pouco antes das 16h locais (11h de Brasília), durante uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo, alvo de uma ofensiva do movimento armado M23, apoiado pelo Exército de Ruanda.

As autoridades estabeleceram quatro perímetros de segurança na área, nos diferentes locais onde ocorreu o ataque e onde o suspeito foi detido. Diversos policiais foram mobilizados e militares reforçaram o contingente, observou um fotógrafo da AFP. “O horror acaba de se apoderar da nossa cidade”, lamentou em uma mensagem no Facebook a prefeita de Mulhouse, Michèle Lutz, expressando seus “sentimentos fraternais” às vítimas e aos seus familiares.

AFP

Brasileira é morta a facadas na frente dos filhos na França; marido é o principal suspeito

Uma brasileira, de 41 anos, morreu vítima de feminicídio em Émerainville, na França, nesta quinta-feira, 24, segundo a imprensa francesa. Seu marido, também brasileiro, é o principal suspeito de cometer o crime. Ele tentou se enforcar logo após o ocorrido e foi levado ao hospital. Não há confirmação sobre o estado de saúde dele.

O socorro foi acionado por um dos três filhos da mulher, de 17 anos, que ficou ferido ao tentar socorrer a mãe, morta a facadas. Dois filhos presenciaram o crime. Segundo a afiliada da TV Globo no Espírito Santo, a mulher se chamava Juliana de Oliveira Salomão. Nascida em Nova Venécia, no Espírito Santo, ela morava há mais de cinco anos na França com o marido e três filhos.

A irmã da vítima, Danielle Pigatti, deu entrevista à TV e informou que Juliana estava em processo de separação após sofrer violência doméstica e tinha conseguido uma medida protetiva contra o marido, que já não vivia na mesma casa há cerca de três meses. A família iniciou uma vaquinha nas redes sociais para arrecadar dinheiro para trazer o corpo de Juliana para o Brasil e ajudar os dois filhos menores de idade. Segundo a TV Globo, o homem também teria morrido.

“Morta por diversas facadas, feitas pelo companheiro na garganta e no pescoço”, escreveu o jornal Le Parisien. De acordo com a Rádio França Internacional (RFI), o promotor responsável pelo caso, Jean-Baptiste Bladier, afirmou que “a morte foi claramente resultado de múltiplas facadas”, principalmente no pescoço e na nuca, mas a polícia francesa aguarda os resultados da autópsia, realizada pelo Instituto Médico Legal de Paris, para onde o corpo foi levado.

O promotor afirmou à RFI que logo após a polícia encontrar o corpo da mulher, o marido foi encontrado “pendurado no porão do prédio” em que a vítima morava. O acionamento da polícia foi feito por um dos três filhos da mulher, um menino de 17 anos. “Ele explicou que seu pai, brasileiro, nascido em 1980, esfaqueou sua mãe”, disse o promotor à rádio francesa. “O jovem também ficou ferido ao tentar proteger a mãe”, afirma o veículo.

Outro filho do casal, de 14 anos, também estava na casa no momento do crime, mas não ficou ferido, segundo a RFI. Os dois menores passaram por atendimento médico e serão assistidos por serviços sociais da França. A terceira filha da vítima, maior de idade, estaria no Brasil.

“Um tempo atrás, não sei precisar exatamente o tempo, ele agrediu ela e ela quis se separar. Ele quis voltar e ela não queria. Depois, eles continuaram, mas as agressões continuaram ( ..) Nos últimos três meses, ela decidiu que não queria mais, que não aceitava (as agressões). Eles estavam morando separados e tinha medida protetiva”, relatou Danielle à TV Gazeta, afiliada da Globo no Espírito Santo.

“Parece que sofreu um corte no braço, mas está fora de perigo”, disse Danielle sobre o sobrinho, de 17 anos, filho da vítima, que se feriu durante o episódio. Conforme relato do promotor à RFI, os antecedentes criminais do suspeito não mencionam condenações. “No entanto, em 25 de julho de 2024, ele foi preso em flagrante e colocado sob custódia policial por atos de violência doméstica.”

O Estadão procurou o Ministério das Relações Exteriores para informações sobre como estão as tratativas para trazer o corpo de Juliana e os menores ao Brasil, mas ainda não recebeu retorno. A reportagem não conseguiu contato com a família da vítima, nem com a defesa do suspeito de cometer o crime. O espaço continua aberto.

Estadão Conteúdo

 

Alain Delon, astro do cinema francês, morre aos 88 anos

Alain Delon, o cultuado ator francês que estrelou uma série de clássicos nos anos 1960 e 1970, morreu aos 88 anos. A notícia foi confirmada neste domingo (18/8) por sua família.

“Alain Fabien, Anouchka, Anthony e [seu cão] Loubo lamentam profundamente o falecimento de seu pai. Ele morreu tranquilamente em sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família. A família pede que respeitem sua privacidade neste momento de luto extremamente doloroso”, dizia a nota enviada pelos filhos do ator à imprensa francesa.

Delon participou de mais de 90 produções cinematográficas, com cineastas como Louis Malle, Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Melville, Luchino Visconti, René Clément e Jacques Deray.

Diário de Pernambuco

Latinos na França temem vitória da extrema direita

Em meio à campanha eleitoral legislativa da França, os migrantes latino-americanos estão preocupados com as políticas anti-imigração que o partido de extrema direita, líder nas pesquisas, promete implementar se obtiver a maioria parlamentar.

“Fazia muito tempo que eu não tinha tanto medo dos resultados das eleições”, disse à AFP Maria, uma mexicana que está na França há seis anos e não quer revelar seu sobrenome. O partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) lidera as pesquisas para as eleições gerais, cujo primeiro turno será realizado no domingo e o segundo em 7 de julho.

O RN e seus aliados têm 36% dos votos, seguidos pela Nova Frente Popular (NFP, 29%), de esquerda, e pela aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron (20%), de acordo com uma pesquisa da Ipsos publicada na sexta-feira. A incerteza paira sobre a possibilidade de eles conquistarem a maioria absoluta na Assembleia Nacional (câmara baixa), o que abriria as portas para um governo de extrema direita com seu jovem líder Jordan Bardella, 28 anos, como primeiro-ministro.

“Você não se sente confortável na rua sabendo que uma em cada três pessoas está votando em um candidato que quer expulsá-lo”, diz Luis Molero, um estudante peruano da Universidade Sciences Po em Paris. Em 2022, cerca de 7 milhões de migrantes viviam na França – 10,3% da população do país – dos quais 2,6 milhões obtiveram a nacionalidade francesa, de acordo com o instituto de estatísticas Insee. A maioria é da África e da Europa, e cerca de 6% vêm das Américas e da Oceania juntas, de acordo com dados oficiais.

As políticas contra a migração irregular foram um ponto central da campanha eleitoral do RN, que também propõe medidas que afetariam os estrangeiros com documentos válidos, principalmente ao implementar a noção de “prioridade nacional”.

Essa doutrina implicaria priorizar o acesso ao trabalho e à moradia e reservar os benefícios sociais para os cidadãos franceses. No caso de estudantes estrangeiros, seu acesso a residências estudantis públicas seria restrito.

“Os estudantes estrangeiros não terão prioridade e os benefícios sociais serão reservados, em primeiro lugar, para os estudantes franceses, que também têm problemas para encontrar acomodação e pagar as contas”, disse o candidato a deputado do RN, Alexis Jolly, à rádio France Bleu durante a campanha.

Essa política “não é compatível nem com a Constituição francesa, nem com a legislação da União Europeia, nem com a legislação internacional de direitos humanos”, disse à AFP Marie-Laure Basilien-Gainche, professora de direito público na Universidade de Lyon 3.

“A discriminação, especialmente com base na nacionalidade, é proibida. O RN iria contra essas regras fundamentais”, acrescenta. O partido de extrema direita poderia, no entanto, restringir os critérios para a concessão de vistos, benefícios ou ajuda financeira, como o aumento do número mínimo de anos de residência no território.

AFP