
Vista geral de um derramamento de óleo na praia de Peroba em Maragogi, estado de Alagoas, Brasil, outubro de 2019. Registro feito em 17 de outubro de 2019. (Foto: REUTERS/Diego Nigro)
No último domingo (17), o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) divulgou uma nova imagem que pode contribuir para a identificação do navio responsável pelo vazamento de óleo que afeta as praias do litoral do Nordeste e do Espírito Santo.
Diferente das apurações federais, os pesquisadores da Ufal apontam que o crime foi cometido por um petroleiro que navegou entre a África do Sul e a costa norte da América do Sul com o aparelho de localização desligado, ou seja, violando o direito marítimo internacional.
A imagem em questão foi feita pelo satélite Sentinel-1A no dia 19 de julho. Nela, é possível ver uma mancha de óleo a 26 quilômetros do litoral da Paraíba, com pelo menos 25 quilômetros de extensão e 400 metros de largura. De acordo com o Lapis, o navio teria o dobro de tamanho do grego Bouboulina, apontado pela Marinha e pela Polícia Federal (PF) como responsável pelo crime ambiental.
Durante o estudo, os pesquisadores concluíram ter existido um comportamento atípico no percurso do referido navio no período anterior a 28 de julho. Segundo o Lapis, entre 19 e 24 de julho, 111 navios-tanque que transportam petróleo cru passaram pela costa norte do Nordeste. Apenas um teria apresentado evidências de algum contratempo.
Trata-se de uma embarcação que normalmente faz o trajeto entre a Ásia e a Venezuela, passando pela África do Sul, com o equipamento de localização ligado. Em julho, ele teria feito um percurso diferente do habitual e com o aparelho desligado.
O monitoramento indicou que ele deixou a Ásia em 1º de julho e chegou à costa norte da América do Sul, na altura da Guiana, 27 dias depois. Na sequência, se aproximou da costa norte dos Estados Unidos e depois de Serra Leoa, na África, locais pelos quais não costuma passar, mas não registrou parada em portos. A partir de 13 de agosto, partiu de volta à Ásia. Atualmente, de acordo com o Lapis, que segue acompanhando o navio, ele faz seu itinerário normalmente, de Singapura à Venezuela, com os aparelhos de localização ligados.
A avaliação do Lapis foi corroborada pela organização americana Skytruth, especialista em análises do mar. Os dados da embarcação serão repassados ao Senado Federal, nesta quinta-feira (21), quando haverá uma audiência pública da Comissão Externa que acompanha as investigações sobre a poluição por óleo no Litoral do Nordeste.
Com informações da Folha de Pernambuco