Ozempic: medicamento para diabetes usado na perda de peso tem efeito positivo na doença renal crônica

O medicamento para diabetes semaglutida, também conhecido como Ozempic, tem um efeito positivo em pacientes com doença renal crônica, apontou um novo estudo internacional liderado pelo farmacologista clínico Hiddo L. Heerspink do University Medical Center Groningen, na Holanda. Esta é a primeira vez que o medicamento para diabetes demonstra ser eficaz para pacientes com danos renais crônicos.

Segundo os pesquisadores, a quantidade de proteína na urina, uma medida de resultado que indica o grau de dano renal, reduziu em mais de 50%, assim como o grau de inflamação dos rins e a pressão arterial. Os resultados deste estudo foram publicados na Nature Medicine e apresentados simultaneamente no congresso anual da Sociedade Americana de Nefrologia.

Heerspink teve a ideia para este estudo no início da pandemia. Anteriormente, ele havia descoberto que outra classe de medicamentos contra diabetes tipo 2, os chamados inibidores de SGLT2, também pareciam funcionar bem para pacientes com danos renais crônicos sem diabetes. Ele, portanto, queria investigar se a semaglutida também funcionaria positivamente para pacientes com doença renal crônica e obesidade.

O estudo foi conduzido em quatro países: Canadá, Alemanha, Espanha e Holanda. Metade dos 101 participantes recebeu injeções de semaglutida por 24 semanas, enquanto a outra metade recebeu um placebo.

Descobriu-se também que o grau de inflamação renal diminuiu em 30%, a queda da pressão arterial dos participantes foi tão grande quanto a de um medicamento para baixar a pressão arterial, e neles, uma medida-chave de insuficiência cardíaca foi reduzida em 33%. Os participantes também perderam cerca de 10% do peso.

“O medicamento tem efeitos diretos nos parâmetros de inflamação no rim e reduz o tecido adiposo ao redor dos rins, reduzindo a quantidade de proteína na urina. E indiretamente, porque reduz o peso e a pressão arterial dos participantes”, afirma Heerspink.

Entretanto, o estudo precisa de mais testes. Segundo o pesquisador, o trabalho foi curto para medir a melhora na qualidade de vida dos participantes ou efeitos de médio prazo. “Todos os sinais estão verdes para testar este medicamento em um grande estudo. Gostaria de descobrir se ele pode levar a menos diálises ou transplantes renais. E gostaria muito de investigar se este medicamento também funciona positivamente em pacientes com danos renais sem obesidade”, disse.

O Ozempic é um medicamento aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2, mas que se popularizou pelo seu uso off label para perda de peso. A administração do fármaco feita por meio de uma caneta injetável e está disponível em 0,25 mg, 0,5mg e 1mg.

O princípio ativo do Ozempic é a semaglutida, uma forma sintética do hormônio GLP-1, que promove a saciedade. O remédio age no corpo imitando um hormônio ligado ao apetite e a alimentação, ajudando a estimular a produção de insulina e, assim, a diminuir os níveis de glicose no sangue do indivíduo. Por conta deste mecanismo, quem usa o remédio sente menos fome e, consequentemente, se alimenta menos e emagrece.

Agência O Globo

Médica alerta para falta de “ozempic” no mercado

A semaglutida, popularmente conhecida como Ozempic, está em falta no mercado. O medicamento é utilizado por pacientes com diabetes tipo 2 e obesos que precisam de ajuda na perda de peso. A escassez somente deverá ser sanada no segundo semestre e preocupa profissionais de saúde.

A médica Carolina Almeida, referência em emagrecimento e diretora médica do Núcleo GA Petrolina relatou que pacientes estão preocupados. “Todos os médicos que trabalham com o tratamento da diabetes ou da obesidade estão bastante preocupados com a nota emitida pelo fabricante da semaglutida subcutânea, popularmente conhecida como Ozempic, informando da falta dessa medicação no mercado por questões de matéria prima. O consumo acima do esperado devido à validação da medicação como aliada no tratamento da obesidade, que não necessita de receita médica para a compra foi determinante para essa escassez do produto que vem sendo comprado por muitos sem orientação e recomendação médica”,  afirma.

A venda sem prescrição e o uso por pessoas que querem perder peso pode ter contribuído para a escassez do produto para quem realmente precisa. “O uso da semaglutida sem orientação médica implica em riscos como qualquer medicamento. Ainda que a Ozempic seja uma medicação muito segura, tem efeitos adversos como náuseas, vômitos, e alguns pacientes peculiares também não podem fazer uso da substância. E, para quem está usando para emagrecer, a dose tem que ser adequada, ajustada ao objetivo, ao biotipo. Então, quem está comprando sem a receita médica pode estar gastando seu dinheiro à toa, uma vez que pode não obter o resultado, pode sofrer efeitos adversos e, além disso, dificultar o acesso à medicação para quem realmente precisa”, alertou a especialista em emagrecimento.