Monstro do Lago Ness: começa a maior operação de busca pela criatura

Na maior operação do tipo em meio século, pesquisadores e curiosos foram em busca, neste sábado (26/8), do “monstro do lago Ness”, criatura escocesa que, para muitas pessoas, não é apenas um mito. Drones, scanners térmicos, barcos com câmeras infravermelhas e um hidrofone foram usados para tentar desvendar o mistério que começou na Idade Antiga. Segundo o Loch Ness Center, que registra as “aparições” da besta aquática, a lenda adiciona US$ 54 milhões (cerca de R$ 262 milhões) aos cofres escoceses, todos os anos, pelas mãos de turistas de todo o mundo.

Os pesquisadores acreditam que os scanners térmicos poderão ajudar a identificar eventuais anomalias no lago, enquanto o hidrofone detectará sons incomuns nas águas do Ness, que tem 56km2 e 240m de profundidade. “Nosso objetivo sempre foi gravar, estudar e analisar todos os tipos de comportamentos e fenômenos naturais difíceis de explicar”, afirmou à agência France Presse Alan McKenna, da equipe de buscas da Loch Ness Exploration, instituição formada por voluntários, que organizou a “caçada” de ontem à criatura, também conhecida por Nessie.

“Não sei o que é. Só sei que há algo grande no Lago Ness. Vi imagens de sonar de objetos do tamanho de vans se movendo debaixo d’água”, garantiu Paul Nixon, diretor-geral do Loch Ness Centre. “Pode ser um mito, pode ser real… Gosto de pensar que é algo intermediário”, palpitou Tatiana Yeboah, turista francesa de 21 anos cuja visita ao lago coincidiu com as buscas.

Celtas

A lenda do monstro remonta à Idade Antiga. Há esculturas líticas feitas pelos pictos — tribos celtas — que viviam na região naquela época, representando uma criatura com nadadeiras. O primeiro relato escrito data de 565 d.C., e foi encontrado na biografia do monge irlandês São Columba, evangelizador da Escócia no século 6. O clérigo teria ordenado ao monstro que fosse embora daquelas águas. Já a observação moderna mais antiga é de maio de 1933, quando um jornal local publicou que um casal de comerciantes da região avistou “uma enorme onda” enquanto caminhava às margens do lago.

Em dezembro do mesmo ano, o jornal britânico The Daily Mail contratou um caçador sul-africano, Marmaduke Wetherell, para rastrear a criatura. O homem afirmou ter encontrado algumas pegadas grandes, mas foi comprovado que elas eram falsas. Em 1934, o médico inglês Robert Wilson tirou o que mais tarde ficaria conhecido como a “foto do cirurgião”, uma imagem que mostrava um aparente pescoço longo e a cabeça do monstro emergindo da água. Embora a fotografia seja uma montagem, ela impulsionou a popularidade do Lago Ness em todo o mundo.

De acordo com o Loch Ness Centre, até o momento foram registrados mais de 1,1 mil relatos de observações de Nessie. Ao longo dos anos, cientistas e entusiastas do assunto têm tentado obter provas da existência desse grande ser nas profundezas do lago, e alguns sugerem que ele poderia ser um réptil marinho, como um plesiossauro.

Em 1972, o Loch Ness Investigation Bureau realizou uma das maiores buscas no local até hoje, sem sucesso. Quinze anos depois, durante a Operação Deepscan, um sonar foi implantado em todo o lago. Os organizadores afirmam ter encontrado um “objeto não identificado de tamanho e força incomuns” no fundo.

Finalmente, há cinco anos, um grupo de investigadores realizou um estudo de material genético do Lago Ness para determinar quais organismos vivem em suas águas, mas não encontraram muito mais do que inúmeras enguias. “Este fim de semana nos dá a oportunidade de explorar as águas de uma nova forma e mal podemos esperar para ver o que encontraremos”, disse Nixon.

Correio Brasiliense