Artigo do leitor, 5 de dezembro, dia da Medicina de Família e Comunidade

Médicos das UBS reunidos na Univasf

Um grande dia para celebrar a história da Medicina de Família e Comunidade no Vale do São Francisco e no Brasil, reconhecendo o importante papel que esta especialidade possui para o SUS e os sistemas de saúde no mundo, além de projetar um futuro ainda melhor para a nossa população.

Neste dia 5 de dezembro de 2015 comemoramos no Brasil o Dia da Medicina de Família e Comunidade, data que coincide com a fundação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), assim escolhida para celebrar a nossa especialidade. Somos ainda poucos profissionais na região, no entanto somos o maior programa de residência médica da região e o terceiro maior programa de residência em medicina de família e comunidade do país.

Representamos uma área que ainda vem chegando a sua maturidade (34 anos) mas que aos poucos, com a ampliação da Atenção Básica e a presença cada vez maior de médicos de família nas unidades de saúde, temos conquistado importante vinculação com as pessoas e a confiança da nossa população.

Comemorar este dia é lembrar-se daqueles que são o nosso maior objetivo: as pessoas.

E nesse momento vem a lembrança do abraço de dona Maria que acamada em seu quarto enfaticamente expressou gratidão e disse “obrigado por não se esquecer de mim, espero que volte logo! “.  Do seu João que chegou todo preocupado com dúvidas sobre “querer cuidar da próstata” e com muita tranquilidade conversamos sobre o quanto aquilo lhe preocupava e, baseado em seu histórico e suas informações, aos poucos fomos esclarecendo suas dúvidas e combinando o seu acompanhamento. Mesmo sem exames ou medicamentos isso garantiu bastante tranquilidade ao seu João. De dona Josefa que mesmo já tendo se esquecido da visita que realizamos no mês passado combina toda animada a visita do mês que vem para “acertarmos seu remédio”.

Da perseverança “daquelas” senhoras de oitenta e poucos anos que mesmo com dificuldade, naquele dia que você achou que não iria ninguém participar do grupo educativo, enfrenta as dores nos joelhos e chega no grupo de tabagismo dizendo “doutor… eu não poderia faltar e deixar de participar do grupo! “.

Da gestante que mesmo tendo o doutor do “plano de saúde” faz questão de ser acompanhada na unidade de saúde para saber “se tudo está indo bem”. Das mães de “primeira viagem” que chegam cheias de dúvidas e quando saem das consultas exibem um olhar de alívio e de confiança.

Da garra das nossas equipes de saúde da família que mesmo cansadas e sobrecarregadas planejam e se esforçam todos os dias para realizar um melhor cuidado para nossa comunidade. E ainda de outras tantas oportunidades de encontros, que conseguimos lembrar, em que houve valorização da qualidade de vida, da autonomia e de autoconfiança das pessoas.

Ainda hoje muitos nos perguntam…Colegas, amigos, pacientes, pai, mãe, avó, avô, tio, tia, irmão, irmã:

– A sua especialidade cuida de que mesmo?

E prontamente respondo:

– De gente como a gente…

Além de ser um dia para comemorar todas essas gratas lembranças, ainda é uma importante data para lembrar do nosso comprometimento em conquistar uma saúde que seja acessível, humanizada e qualificada e também dos principais avanços desta nossa especialidade aqui no Vale do São Francisco e em todo o nosso Brasil.

A MFC é uma especialidade que se dedica à Atenção Básica, um nível fundamental e estratégico para todos os sistemas de saúde eficazes. Uma área que se dedica a pensar e garantir o acesso da população aos serviços de saúde, que vê as pessoas como um todo indivisível, coordenando todo o cuidado das pessoas em todas as etapas de vida e considerando importante o seu contexto familiar e comunitário.

Mesmo com algumas dificuldades em nosso país, pudemos vivenciar nestes últimos dois anos uma mudança importante na organização do SUS. Como a expansão pela qual passa a Atenção Básica em todo o país, com crescimento de 4,5 vezes da sua cobertura, com um aumento de 33% das consultas nas unidades de saúde e redução de 4% nas internações hospitalares e especialmente em nossa região a rede municipal de saúde de Petrolina que em cinco anos partiu de uma cobertura de 32% para os atuais 82% na atenção básica.

Aqui em nossa região temos atuado e acompanhado ativamente o impacto que o Programa Mais Médicos vem trazendo. Com o apoio da Universidade Federal do Vale do São Francisco e da Residência de Medicina de Família e Comunidade supervisionamos profissionais ligados ao programa em 45 municípios e, em âmbito nacional, foi possível observar a ampliação de acesso para mais de 60 milhões de brasileiros ao SUS em cerca de 72,8% dos municípios nestes últimos 2 anos.

Nosso programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade, construído em conjunto com o município de Petrolina, completa cinco anos de existência e passou por uma ampliação de uma para dezoito vagas neste período. Hoje estamos presentes em 20 equipes de saúde distribuídos e seis unidades, o que corresponde a 25 % da rede de atenção básica do município, também responsáveis pela preceptoria dos estudantes em formação, recebendo estudantes de todos os períodos do curso de medicina. As perspectivas futuras são de que todos os médicos formados possuam vivências mais expressivas em Medicina de Família e Comunidade no intuito de garantir uma formação generalista, humanista e qualificada.

Sentimos que a responsabilidade de lutar por tudo que acreditamos bate à nossa porta e que continuar com muita garra é fundamental! Devemos sempre olhar para frente e vislumbrar um enorme campo de possibilidades nas quais possamos desempenhar um papel fundamental juntos aos maiores protagonistas a que destinamos nossos esforços: as pessoas, suas famílias e a comunidade.

Paulo Meira – Residente de MFC (R2)

Leitor envia artigo ao nosso blog sobre uma história de superação

Antonio Damião

Já escrevi artigos falando de personalidade do esporte, educação, poesia, política, e, religiosa. Temos tantos relatos inspiradores no youtube concernentes à vida de pessoas que se aventuraram no mundo dos concursos. Hoje, quero me deter escrevendo a história de um concurseiro, Francisco Ferreira. É um jovem simples, perseverante, metódico, e, bem aplicado na arte de estudar para concursos. Atualmente ele domina doze disciplinas e como consequência de sua desenvoltura, logrou êxito em quatro concursos, só esse ano de 2015.

Qual o segredo do sucesso dele? Bom, a sua vida não foi só de vitórias e nem um mar de rosas constantes. Houve também momentos difíceis durante sua preparação para concursos públicos, vez que ele mesmo relatou ter passado por duas estafas mentais em decorrência do estresse causado pela grande ansiedade a que fora submetido. Foi então quando percebeu que a intensidade nos estudos não seria o fator preponderante para alcançar seus objetivos, mas, além do foco e da disciplina, a organização e o planejamento exerciam um papel fundamental em todo o processo.

Algo que percebi no Francisco e que muito provavelmente tenha o ajudado nisso tudo é que, apesar de não ser evangélico ou frequentar qualquer templo religioso, ele é uma pessoa que exercita a fé. Pude perceber o brilho nos seus olhos ao falar sobre o assunto. Essa confiança era como se fosse um bálsamo em seu dia a dia. Esse jovem entusiasta fez faculdade de TI (Tecnologia da Informação) na capital pernambucana.

Durante algum tempo trabalhou em empresas do seu ramo de formação e chegou a ingressar nos negócios de sua família, mas em dado momento decidiu alçar voo sozinho. O Francisco nunca havia prestado um concurso na vida, não tinha preparo suficiente para disputar vagas, nem tampouco familiaridade com algumas matérias, aliás, direito constitucional, direito administrativo, auditoria, direito tributário nem conhecia o assunto. Apenas noções de contabilidade, pouca coisa de matemática financeira e informática por ser dentro da área de exatas e por fazer parte da grade curricular da referida graduação. Concurso exige competitividade, disputa acirrada e bastante seletivo.

Quem opta por esse caminho sabe que é espinhoso, exaustivo e intenso sofrimento até chegar ao cargo desejado. Um país que não tem emprego como o Brasil, a melhor alternativa, ainda é, a carreira pública, mesmo com extrema dificuldade.

O lema é estudar até passar, é claro que temos que pagar o preço, porque os concursos melhores exigem um alto nível de aprendizado. Os candidatos que disputam vagas têm sua maneira peculiar de preparo e estão em ritmos acelerados. Entretanto, quem almeja a tão sonhada carreira pública precisa ter foco, disciplina, e, metodologias de estudos persistentes.

Sem sombra de dúvidas, a orientação de profissionais em concursos, aumentam as chances do sucesso. Mas, o que importa mesmo é o pódio e só quem chega lá são aqueles que não param na beira do caminho e não desistem nunca, embora, experimentem em alguns certames, amargas decepções, desapontamentos etc.

 Na realidade o que nos impulsiona em buscas dessas realizações são as nossas mais urgentes necessidades. Muitos falam que ter força de vontade é o suficiente, para mim o fator decisivo é à força do hábito, pois, nem sempre temos a força de vontade, enquanto o hábito é algo permanente como as três refeições que fazemos na vida. Voltando a falar de nosso herói dos concursos, é natural que tenha a curiosidade de saber mais detalhes da vida dele. É um nordestino da terra do chão quente, onde brilha o intenso arrebol.

 Nossa pérola reside na cidade de Petrolina-PE. É um jovem bacana, inteligente, que aprendeu os mecanismos que leva à aprovação dos concursos públicos. Ele me afirmou que o sistema é bruto e só não consegue o cargo desejado quem para na beira do caminho e desiste da caminhada. Francisco passou no concurso do ISS em Salvador na área de TI, Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco, um dos mais cobiçados do país, Analista do Controle Interno da Prefeitura de Petrolina, e, por fim, Analista de Sistemas da Companhia de Processamento de Dados da Bahia, sendo que nestes dois últimos, alcançou a primeira posição.

Recentemente o Fantástico veiculou a matéria de um jovem cearense que acertou 95% da prova do Enem, também nordestino, estudioso, e chegou a ler 80 livros num mês, para quebrar de vez a má fama daqueles que discriminam o Estado federativo do Nordeste. Deveria a televisão também fazer uma reportagem com o jovem Francisco mostrando o potencial humano que há no Sertão e que supera algumas regiões em muitos aspectos. Além disso, é uma injustiça nos rotular tão somente, como terra de sequidão, fome e pobreza, mas também, de pessoas talentosas que estão no anonimato da mídia.

Por: Antonio Damião Oliveira da Silva ([email protected])

Guarda Municipal Petrolina

Graduado em Matemática FFPP

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