EDITORIAL: O Alerta Vermelho na Polícia Civil de Pernambuco e a Inércia do Governo

Uma pesquisa inédita revelou um cenário alarmante na Polícia Civil de Pernambuco: 41% dos delegados afirmam estar emocionalmente esgotados, enquanto 79% relatam dificuldades de concentração. Esses dados evidenciam uma realidade que há tempos é ignorada pelo governo estadual: o adoecimento mental dos profissionais da segurança pública, reflexo direto da sobrecarga de trabalho e da falta de estrutura adequada.

A vice-presidente da Associação dos Delegados e Delegadas de Polícia de Pernambuco (Adeppe), Cláudia Molinna, classificou os números como inaceitáveis e alertou que a sobrecarga emocional dos delegados impacta diretamente a segurança da população. Não é difícil entender o porquê. Com um déficit de mais de 220 delegados, muitos profissionais acabam assumindo múltiplas funções, ampliando ainda mais o estresse da categoria. Como se não bastasse, 16,3% dos delegados estão ocupados com funções administrativas, quando deveriam estar diretamente envolvidos nas investigações e no combate ao crime.

Diante dessa crise, o governo de Raquel Lyra permanece em silêncio ou, pior, tenta empurrar soluções paliativas para um problema que exige medidas concretas. A governadora, que tanto prometeu melhorias na segurança pública, parece alheia à necessidade urgente de reestruturar a Polícia Civil. As ações do governo até agora não passam de promessas vazias e convênios paliativos, como a adesão ao programa federal Escuta Susp, que oferece atendimento psicológico online, mas não resolve a raiz do problema: a falta de profissionais, a sobrecarga de trabalho e a desvalorização da categoria.

A verdade é que, enquanto a governadora não assumir a responsabilidade de investir na recomposição do efetivo e na melhoria das condições de trabalho dos delegados, Pernambuco continuará assistindo ao colapso da sua segurança pública. O aumento do número de licenças médicas por transtornos psicológicos na categoria é um indicativo de que o limite foi ultrapassado.

A reordenação do efetivo, a realização de concursos públicos e a criação de políticas de apoio à saúde mental dos profissionais da segurança precisam ser tratadas como prioridade. A omissão do governo Raquel Lyra só agrava a crise e coloca em risco não apenas os delegados, mas toda a sociedade pernambucana. Até quando o Estado continuará negligenciando aqueles que arriscam suas vidas diariamente para proteger a população?

Pernambuco precisa de um governo que compreenda que segurança pública não se faz com discursos, mas com ações efetivas. O tempo das desculpas acabou. É hora de agir.

WALDINEY PASSOS

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