Caso Marielle: PF desconfia de versão citada por delator sobre origem de arma usada no crime

Investigadores da Polícia Federal desconfiam que o ex-policial militar reformado Ronnie Lessa – acusado de ter efetuado os disparos que mataram Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes – pode estar escondendo, inclusive do comparsa Élcio de Queiroz, quem forneceu a arma utilizada no crime.

Em delação premiada, Élcio disse aos investigadores que Ronnie Lessa contou a ele que a arma utilizada é uma submetralhadora, que pertencia ao Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

O delator afirmou que Lessa declarou ter comprado a arma após um incêndio no paiol (local de armazenamento de armas e munições) do Bope.

“Quando o paiol do Bope pegou fogo, essa arma sumiu. Como o Ronnie já havia trabalhado no Bope com essa MP5, e gostava muito dela, procurou saber quem havia ficado com a arma e comprou a arma dessa pessoa, reformou-a e tinha um cuidado muito grande por essa arma”, afirmou Élcio na delação, segundo a Polícia Federal.

Mas a PF desconfia dessa versão porque não há rastros da arma, nem de investigação interna na PM sobre seu extravio. A PF também encontrou contradições entre a data que Lessa teria recebido a arma – depois do incêndio no paiol do Bope, em 1982 – e a data que o próprio Bope, de fato, recebeu a arma, em 1983, ou seja, após o incêndio.

Além disso, ao ser questionada, a PM disse que não investigou as causas do incêndio e não tem o registro da arma em seu banco de dados – para saber se foi extraviada e se isso foi apurado internamente – porque um alagamento, em 2016, danificou o banco de dados.

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