Na reunião plenária desta segunda-feira (27), os parlamentares discutiram intensamente a crise na saúde pública de Pernambuco, criticando os cortes de investimentos realizados pela atual gestão e apontando diversos problemas no atendimento à população e na falta de estrutura e condições de trabalho para os profissionais da saúde, especialmente na área da pediatria.
O presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), trouxe o tema à tribuna, cobrando uma ação mais enérgica da Casa diante da situação “caótica e insustentável” da saúde pública no Estado.
Ele mencionou o caso de uma recém-nascida que foi atingida de raspão por uma bala perdida na ala pediátrica do Hospital Barão de Lucena, na Zona Oeste do Recife, no último domingo (26). Porto criticou a gestão do Poder Executivo, ressaltando a falta de compromisso demonstrada pelo corte de R$ 1,2 bilhão na saúde.
Ele também destacou a crise na pediatria, mencionando que mais de dez crianças morreram à espera de um leito em Pernambuco, qualificando o sistema de saúde como falho em proteger os mais vulneráveis.
Durante os apartes, outros parlamentares apoiaram as críticas de Porto. Diogo Moraes (PSB) questionou os cortes de investimento na saúde, apontando deficiências na rede pública e a contradição de o Estado economizar enquanto não consegue realizar exames laboratoriais ou cirurgias ortopédicas. Ele também criticou a priorização de investimentos na iniciativa privada em detrimento da saúde pública.
Dani Portela (PSOL) denunciou a dificuldade enfrentada pelas mães em encontrar leitos para crianças com problemas respiratórios, sugerindo a necessidade de decretar estado de emergência ou criar leitos em outros hospitais, inclusive hospitais de campanha, para evitar que mais de 100 crianças fiquem em risco de óbito por falta de atendimento adequado.
Sileno Guedes (PSB) acusou a equipe da Secretaria Estadual de Saúde de ineficiência e falta de transparência nos investimentos, lembrando que o Governo Federal repassou quase R$ 300 milhões para Pernambuco em outubro do ano passado, mas que o decreto permitindo o repasse só foi publicado sete meses depois.
Rodrigo Farias (PSB) sugeriu que a governadora Raquel Lyra siga o exemplo da Prefeitura do Recife, que tem investido na construção de hospitais e na contratação de médicos.
Em defesa do Governo, Antônio Moraes (PP) destacou que a falta de leitos não afetou apenas o setor público, mas também a rede privada, mencionando a criação recente de 200 leitos pediátricos para atender todas as regiões de Pernambuco.
Ele também apontou o déficit de médicos especialistas em pediatria, evidenciado pelo número insuficiente de candidatos às vagas abertas pelo governo, e afirmou que o governo não ficou inerte diante da crise, que este ano foi mais intensa do que em anos anteriores, afetando todas as categorias sociais do Estado.