Operando no vermelho, Correios bancam R$4 milhões da turnê de Gilberto Gil

Gilberto Gil, de antigas ligações a Lula e ao PT: direito a selo e faturamento de R$4 milhões -Foto: Agência Gov.

Servidores dos Correios estão indignados com os R$4 milhões que a estatal desembolsou para virar “patrocinador master” da turnê do cantor Gilberto Gil. Os shows começaram no fim de março, quando a empresa já havia admitido prejuízos de R$2,2 bilhões somente este ano e os trabalhadores já passavam sufoco e denunciavam a falta de repasse de valores ao FGTS. Desta vez, a revolta com o patrocínio se soma a outra dor de cabeça dos trabalhadores: o descredenciamento do plano de saúde que, sem receber, suspendeu os atendimentos.

Sob ameaça de greve e com transportadores recebendo em atraso, os Correios figuram ao lado de patrocinadores como a luxuosa Rolex.

Apesar do farto dinheiro público, o pobre vai passar longe. Os ingressos chegam a custar R$1.530; mais do que um salário mínimo (R$1.518).

Os Correios defendem o patrocínio como reposicionamento de marca. E diz que está em tratativas para manter o plano de saúde ativo

Professora adjunta da UPE sai em defesa da vereadora Cristina Costa

A professora adjunta da Universidade de Pernambuco Janaína Guimarães, nos enviou um texto no qual externa sua indignação com o episódio ocorrido na última sexta-feira (6), envolvendo os vereadores Cristina Costa (PT) e Manoel da Acosap (PTB), que discutiram fortemente nos estúdios da Rádio Jornal.

Confira a íntegra do texto:

As definições de violência são muitas, temos violência física, psicológica, institucional e patrimonial, entre outras. Uma mulher é agredida no Brasil a cada 4 minutos, segundo o Mapa da violência de 2015.  Hoje uma dessas mulheres fisicamente agredidas foi a vereadora de Petrolina, Cristina Costa, por um homem violento, ele também vereador em Petrolina, Manoel Acosap.

A notícia que nos indignou causou mais revolta do que surpresa. E por que isso? Porque nossa sociedade misógina (avessa a tudo que é ligado ao feminino ou as mulheres) não esta acostumada a que tenhamos mulheres fortes na política, com voz e atitude para contestar desmandos e posturas autoritárias de homens brancos que em sua maioria dominam o legislativo em Petrolina. Cristina vem desenvolvendo um trabalho sério de contestação sistemática desses poderes, sendo oposição numa câmara legislativa machista e conservadora. A única mulher atualmente na vereança petrolinense.  Importante lembrarmos que essa ausência de mulheres se faz sentir também nacionalmente, pois temos apenas 9% de mulheres no legislativo e 13% no senado Federal.

A violência contra a mulher, no entanto, é uma constante, tão, mais tão cotidiana, que nos acostumamos a escutar falas como a de Manoel para Cristina, “Você é sem moral”, gritou o vereador. E o que é ter moral? Ser de partido golpista e apoiar cortes básicos na educação e saúde? Ou ter moral é agredir uma companheira de legislativo, simplesmente porque ela se coloca criticamente contra as pautas conservadoras que dominam a vereança Petrolinense?

A “falta de moral de Cristina” é fruto das relações de gênero que são eminentemente relações de poder.  Essas relações, construídas historicamente, estão em constante mudança, mas as reações a essas mudanças, quase sempre violentas, se fazem sentir em diversas situações, como a de hoje. Cristina cresce no espaço público, como crescem as mulheres, e foi violentada, como são as mulheres, objetos de repulsa por parte de homens que não compreendem a igualdade de direitos e poderes. A misoginia foi responsável pela agressão a Cristina, pois ela subverte o lugar comum na câmara de Petrolina ao se colocar publicamente, ao se fazer ouvir enquanto oposição num espaço onde as mulheres só são lembradas no dia 8 de março, para receberem flores e medalhas, mas não estão de forma ativa na construção das leis do município. O momento politico do país é de retrocesso, exemplificado pela configuração do ministério do governo golpista de Michel Temer, composto exclusivamente por homens. O papel no qual se quer mulher, nesse governo, é meramente decorativo. E em tempos de Marcela Temer, ser Cristina Costa causa muito incômodo.

Janaína Guimarães
Professora adjunta da Universidade de Pernambuco