Dia do Nordestino é tempo de pensar o futuro econômico da região, que inclui a liderança na transição energética do País

Neste domingo (08/10) se comemora o Dia do Nordestino. Criada há 14 anos, a data foi uma decisão do Legislativo de São Paulo, que em 2009 decidiu homenagear o poeta cearense Patativa do Assaré (1909-2002), no centenário de seu nascimento. A data serve para refletir sobre o posicionamento do nordestino e da região no cenário nacional.

Apesar de ainda ser tratado com preconceito e da desigualdade social persistente, o Nordeste mudou. Quando se olha para o Brasil, a região desponta como protagonista na transição energética do País e como âncora para a economia verde, considerada a tendência do futuro no mundo.

Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que o Nordeste é responsável por 82,3% de toda a energia solar e eólica produzida no Brasil. Juntos, os estados da região têm capacidade instalada de quase 30 gigawatts (GW) de renováveis. Esse número representa mais de 15% da capacidade de produção de energia elétrica instalada no Brasil. Além dessa capacidade instalada, 78% dos projetos em fase de construção no País ficam na região, representando mais 10 GW de potencial de capacidade de produção de energia limpa.

Hidrogênio Verde

Depois da transição energética protagonizada no Brasil com as energias renováveis, a nova aposta da região é o hidrogênio verde (H2V). O combustível que não gera emissões de carbono e tem potencial de geração a partir de eólicas tanto em terra (onshore) quanto no mar (offshore) e de plantas solares.

O hidrogênio verde é considerada a alternativa em um futuro próximo para ser usado em processos industriais e atividades dependentes de combustíveis fósseis, grandes emissoras de gases do efeito estufa. Atualmente, Pernambuco e Ceará mantém esforços para erguer plantas de hidrogênio verde em seus territórios. Em Pernambuco, o projeto do TecHUB foi lançado em 2022, numa parceria entre o Porto de Suape e o Senai.

A proposta é agregar plantas de geração de energia renovável, complexos de laboratórios e usinas de hidrogênio verde. A ideia é que o espaço seja utilizado para o desenvolvimento, a validação e a testagem de soluções inovadoras com foco na produção, transporte, armazenamento e gestão do hidrogênio sustentável.

De acordo com a diretora-geral do Senai, Camila Barreto, a iniciativa foi muito bem recebida pela gestão federal, sobretudo devido à sua importância no contexto do desenvolvimento sustentável. “As discussões sobre o hidrogênio de baixo carbono são essenciais para que o Brasil seja um dos protagonistas da transição energética. Na reunião, apresentamos diversas possibilidades de parcerias que podem ser firmadas com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e que estão alinhadas com as estratégias do governo”, pontua.

Outro Hub do Hidrogênio Verde será implantado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará. As estimativas de capacidade de produção do complexo cearense são de cerca de um milhão de toneladas de hidrogênio por ano. Parte do gás será direcionado para o polo industrial que ocupa a área do porto e o restante será escoado para a Europa.

Outro diferencial do Nordeste na produção de hidrogênio verde é a capacidade de oferecer preço competitivo no mercado mundial. Esse valor é determinante para viabilizar o H2V. A região tem condição de produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo, por conta de um conjunto de fatores: possui eletricidade abundante a baixo custo, radiação elevada, ventos constantes e está geograficamente bem posicionado.  Todas essas essas oportunidades no setor de energia apontam para a possibilidade de desenvolvimento econômico e social no Nordeste. Essas mudanças contribuem para reduzir as desigualdades sociais e ajudar a apagar a imagem do nordestino e da região como uma região pobre, de chão rachado e terra ocre. O futuro do Nordeste é verde e vai alçar o Brasil a uma nação mais sustentável, exemplo para o mundo.

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