Especial Dia das Mulheres: Giomara Damasceno

Eu tinha decidido que não iria participar dessa série de homenagens… Mas não consegui resistir ao ouvir o programa de Maria Lima, o Ponte das Cidades, e me dei conta o quanto tenho a agradecer pelas pessoas que, ao longo do tempo, me ajudaram para que eu me tona-se uma mulher. Na verdade, uma menina-mulher, jornalista, de 24 anos.

A minha mãe vem o meu primeiro exemplo de mulher. Com seus conselhos, o foco da minha vida foi sempre EU: meus estudos, minha independência, minha carreira. Mainha sempre me diz “Minha filha, seu futuro é ser independente é não depender de ninguém, vá estudar que você ganha mais. Principalmente, não dependa de homem algum”. Minha primeira lição de feminismo na vida foi com ela. Mulher séria, cheia de verdades para dizer, aprendi na nossa convivência que ser mulher, não é sinônimo de fraqueza, muito pelo contrário, na minha família, as mulheres sempre foram as mais “arretadas”, as mais guerreiras e também as mais destemidas. Estão aí, dona Nalva (minha mãe) e as tias Linda, Chica, Geralda e Dedê que não me deixam mentir.

Mãe, quando tive meu primeiro namoradinho, vi nos seus olhos a preocupação ao ver que sua filha tinha entrado num relacionamento abusivo. Apesar da senhora não saber toda conceituação disso, sabia que aquele namoro não estava me fazendo tão bem. Não sei o motivo, mas por pouco me deixei apagar e vi traindo-me pelo que sempre lutei. Mas a senhora, apesar de me alertar do seu jeito tímido, me deixou viver e tirar minhas próprias conclusões. E eu aprendi, mãe. Hoje não deixo mais ninguém me dizer ou me tratar menos do que eu sou e mereço. Eu sou uma pessoa incrível, e nenhum traço de personalidade meu, pode ser julgado por quem acabou de me conhecer. Eu sei a educação que a senhora e o meu pai me deram. Eu sei que meu sorriso, a minha risada escandalosa e a alegria de viver e conviver com os outros, não devem ser minimizados, ao menos que, claro, sejam de minha vontade.

Aos poucos eu fui mudando… minhas amigas anos depois me contaram “você estava apagada”, “vivia tensa, mesmo quando não estava por perto”… Não, não sofri violência física, mas me deixei ser refém do ciúmes e da possessividade.  Minha sorte, talvez, tenha sido a rebeldia que gritava dentro de mim e pedia para nunca baixar a cabeça. Reaprendi a dizer dane-se quando tentaram me reprimir pela roupa ou pela cor do batom, fiz o que quis e quando o ‘encanto’ caiu, percebi que eu poderia sim, ir para onde quisesse, falar com quem quisesse e usar as roupas e o estilo que eu bem entendesse, sem a “permissão” de ninguém. Meus pais nunca me proibiram, por que outro assim faria? E ai de mim se não fosse a resiliente e inquieta rebeldia que nunca me abandonou. Eu aprendi e coloquei de volta, tatuada na minha testa, o que sempre preguei “Eu me basto”, “Antes só do que em má companhia” e “Só eu posso dizer quem eu sou”. Eu reaprendi. Relacionamentos abusivos nunca mais.

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Tenho que agradecer também ao meu pai por sua contribuição, mesmo que sem querer, para uma filha feminista. Desejou tanto que eu fosse um menino, que nasceu uma coisinha melhor, papi, uma menina independente. Foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta, me mostrou que não tem nada demais mulher beber [aliás, na minha família paterna, mulher aprende com o pai a beber, eu e minhas primas podemos contar, orgulhosas e de peito aberto que sentamos num bar para beber com nossos pais], foi ele também que me ensinou a andar de moto [porque essa história de mulher não saber dirigir é besteira], que, juntamente com minha mãe, me permitiu ir a festas e ter liberdade de ir e vir. Nunca me senti, como a maioria das minhas amigas, com a liberdade cerceada. E, principalmente, que não existe diferença na criação entre homem e mulher. Lá em casa, até hoje a faxina é dividida. Parando para pensar… Eu até acho que sempre tive muito mais liberdade que meu irmão. Meus pais me permitiram a igualdade. Só tenho a agradecer.

Sou nova, um bebê, como costumo dizer, tenho muito a viver, mas já aprendi tanto! E agradeço aos meus pais, mestres e amigos pelas lições que contribuíram para ser quem eu sou e fazer o que quiser. Só gostaria de agradecer também aos meus amigos que me permitiram e confiaram a mim, comandar um negócio em que era só eu de “menina”, no meio de uns 10 homens demonstrou para mim, que me consideravam como uma igual. Nunca me senti menos que qualquer um por ser mulher. Capacidade não tem relação com gênero, eu agradeço as mulheres da vida de vocês, por ter ensinado isso muito bem a cada um. Quando criança, brincava no meio da rua misturada com os outros, nunca houve “brincadeira de menina” para mim. Por isso, na minha cabeça, nunca existiu espaço de homem e mulher.

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Quando me disseram que roupa curta, batom e unhas vermelhas eram coisas de ‘mulher vulgar’, fui lá, fiz e usei. A vulgaridade está nos olhos de quem vê. Quando me disseram que arte marcial era coisa de homem, fui e me matriculei no Muay Thai e provei para mim mesma, que bato mais forte que muito homem, que sou forte e o poder está na minha mente. Não contente, estou aprendendo agora Capoeira. E quem achar ruim, que aprenda a cuidar da própria vida, eu estou muito feliz com minhas escolhas. Não existe “coisa de homem e coisa de mulher”, para mim, existe o que me permito e quero fazer. Sou feminista sim, e luto todos os dias para que meus dias e os dias de quem está a minha volta sejam assim também, de liberdade e IGUALDADE. Nem melhor, nem pior, apenas iguais.

 Tenho cara de boneca, sou educada, doce e gentil, tenho o estereótipo dos mais “frágil” dos seres. Não se engane com o que vê, eu sou grande por dentro, como todas as mulheres empoderadas que se permitem ver, conhecer e viver. E é por isso que deixo a minha mensagem a todas que nessa data mais que especial hoje é o dia ‘Dia Internacional de LUTA das mulheres’, mas a luta é diária…

Feliz dia do EU POSSO SER QUEM EU QUISER, isso, sou EU quem decido.

Giomara Damasceno – Jornalista do Blog Waldiney Passos e feminista

Especial Dia da Mulher: Edna Paula

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Ser mulher é maravilhoso. Sou mãe sou mulher e ser mãe é ter várias profissões! Tudo a mulher resolve: ficou doente, já não é mais a mãe é a médica, a enfermeira. Desempenhamos vários papéis ao longo de nossa vida.

Na vida religiosa, normalmente na nossa religião [Candomblé Umbanda], sou professora deles [dos rebentos e dos filhos de santo]. Desempenho papel importante, sou candomblecista  e estamos sempre esclarecendo as dúvidas de mulheres que no candomblé enfrentam muitas lutas, principalmente para manter seu ilê aberto e entender todos que ali frequentam. Sou mulher, sou mãe duas vezes, a tradicional que toda sociedade conhece e a mãe-pequena do terreiro. Sou mulher que luto pelas minhas origens, pelo repeito e pelo que acredito.

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Foto: Pedro Carvalho Diniz

Neste dia especial, a todas as mulheres que enfrentam desafios diários, para todas nós, meus sinceros parabéns!

Edna Paula – Mãe Pequena do Ilê Ogum de Ronda

Especial Dia da Mulher: Dalila Santos

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Sou a primogênita de um casal que durou pouco mais de dois anos. Fui criada por minha avó e minha mãe, que teve outra filha antes de se separar. Minha avó servia comida e criou os quatro filhos (dois homens e duas mulheres). Cresci vendo a luta diária dela para alimentar uma família inteira, sempre com dignidade. A prioridade sempre foi a educação. Sempre ouvi que uma boa educação seria a garantia um futuro melhor. Estudei em escolas públicas toda a vida, com exceção do ginásio, onde fui bolsista de uma escola particular de bairro. Fui subindo cada degrau da educação: fiz faculdade de jornalismo, mestrado em estudos de gênero e hoje sou professora do curso onde estudei e quase doutora em estudos de gênero. Não foi fácil chegar até aqui. Aliás, cada dia é uma batalha, pois a sociedade não sabe reconhecer a vitória de uma mulher vinda das camadas populares e filha de mãe solteira negra.

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Minhas referências sempre foram minha avó Ione e minha mãe Marta: mulheres de força, felizes e amáveis. Elas me ensinaram tudo que trago na vida como base para um mundo melhor.  Outras mulheres também surgiram no meu caminho e se tornaram referências nos estudos acadêmicos e na militância. Minhas companheiras de movimento são espelhos onde me enxergo, me mostram a diversidade das mulheres na nossa sociedade. Caminhos diferentes, mas com bandeiras de luta comuns.

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Primeiro módulo da Escola de Formação Feminista Ana das Carrancas

Avançamos muito na conquista dos direitos das mulheres, mas ainda não temos uma sociedade justa e igualitária. O que buscamos não é reverter o quadro, mas transformar o mundo em um espaço onde mulheres e homens sejam tratados como iguais, garantindo direitos e deveres a todas e todos. Hoje uma das questões mais evidentes quando falamos da vida das mulheres, reforma política e a violência. Precisamos ter representatividade na política, pois somos a maioria da população (51%) e não estamos nas câmaras, prefeituras, governos, assembleias e congresso. As mulheres foram excluídas ao longo da história política do Brasil dos processos que norteiam este setor. Precisamos inserir nossas pautas no Congresso, que atualmente tem diminuído os direitos conquistados pelas mulheres com muita luta nas últimas décadas. Sobre a violência, os dados continuam crescendo no Brasil. Sabemos que isso é consequência do crescente número de denúncias, mas precisamos apagar esses dados do mapa do nosso país. Conquistamos leis e aparatos no Estado para garantir a seguridade das mulheres, mas se não quebrarmos o machismo impregnado em nossa sociedade, não avançaremos na eliminação da violência contra as mulheres.

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Acredito que uma das ferramentas para mudar a nossa sociedade é a educação. Sou educadora e levo diariamente as questões de gênero para a sala de aula, corredores e salas de reuniões da universidade. Só pela conscientização da trajetória das mulheres no mundo e das formas como o patriarcado atua nas relações sociais é que iremos vencer esta desigualdade. Como falamos nos espaços de militância: “Precisamos mudar a vida das mulheres para mudar o mundo. Mudar o mundo para mudar a vida das mulheres”.

Dalila Santos – Jornalista, professora do curso de Comunicação Social da Uneb e militante da Marcha Mundial das Mulheres

Especial Dia da Mulher: Maria Lima

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Tenho fama de chorona. Mas foi com lágrimas de alegria e de lutas que construí minha história até aqui. Lágrimas de vitórias. E parte de tantas lutas e vitórias eu compartilhei com elas, as mulheres da minha vida. Dona Gildete, minha mãe. Uma guerreira que criou oito filhos,  sozinha. E mesmo nas muitas dificuldades da missão, cuidou para quem não nos faltasse amor, e soube com ética e zelo, forjar nosso caráter. Hoje, não cansa de agradecer a Deus pelos filhos e netos.

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Minha outra mãe,  é a minha tia Van. Deus não deu a ela filhos naturais.  Mas eu sei que foi um afago pra nós, os sobrinhos. Sempre preocupada com a nossa formação. E outras mulheres da minha vida, tão companheiras na infância, na minha juventude, nas minhas quedas, nos meus recomeços, foram, são e sei que sempre serão minhas irmãs. Suzana, Rozeane, Maria do Socorro e Iaponira. Somos tão cúmplices que nos sentimos mães dos nossos sobrinhos, mães umas das outras e parceiras na vida.

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Deus é generoso comigo. Sou muito feliz por ter vocês em minha vida e por saber que sempre estarão por perto. VOCÊS SÃO MEUS EXEMPLOS DE GRANDES MULHERES.

Maria Lima – Jornalista, Programa Ponte das Cidades

Prefeitura de Petrolina fará uma semana de homenagens as mulheres

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O Dia Internacional da Mulher que será comemorado na próxima terça-feira (8), será um momento festivo para as mulheres de Petrolina, que farão uma caminhada pelo centro da cidade, lembrando os direitos das mulheres.

A programação seguirá durante toda a semana, onde mais eventos estarão rememorando a luta por direitos iguais entre homens e mulheres. Os Centros de Referencia e Assistência Social (CRAS), já deram o pontapé inicial com atividades em Rajada, nos Residenciais Monsenhor Bernardino e Nova Petrolina, onde fizeram oficina de beleza, cadastros e recadastros nos Programas Sociais, Atividades Físicas e palestras socioeducativas.

A programação semanal será voltada ao universo feminino, com várias temáticas alusivas às mulheres. A Prefeitura de Petrolina através da Secretaria de Cidadania  e Secretaria executiva da Mulher farão em parceria coma Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Sindilojas e diversas outras entidades, momentos que proporcionarão alegria em uma semana toda especial para as  mulheres.

Roseane Farias, secretaria executiva da Mulher disse que a semana será,entre outras  coisas, um momento de divertimento com gritos de alertas para a política pública voltada para as mulheres.

“O que estamos pretendendo alem de oferecer divertimento, fazer com que as mulheres tomem posse de seus direitos, e assim possam alcançar o objetivo de uma vida melhor. Será uma semana divertida,porém daremos nosso grito de alerta para a sociedade”, frisou.

O prefeito Julio Lossio, falou que as mulheres que são a maioria no país ,precisam sim, de mais respeito  e dignidade.
“ Eu acredito no potencial existente nas mulheres,e sei muito bem que elas são capazes de ir muito mais além quando se propõe a realizar uma tarefa. O Brasil já tem menos homens e mais mulheres , isso é relevante e só nos faz crer que precisamos investir nas mulheres, com cursos profissionalizantes, com melhoria de renda, com direitos iguais” , explicou o prefeito.

O Brasil tem mais mulheres do que homens. São 51,5% – de  mulheres e  homens – 48,5% do total. O sexo feminino não apenas é mais expressivo – são 5,8 milhões de mulheres a mais. É o que revela a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A população feminina no Brasil cresceu 14% .

Para  saber mais detalhes sobre a Programação da Semana da Mulher, ligar para a Secretaria Executiva da Mulher, ou se dirigir para a Rua Santa Cecília,nº 35 ,Centro- Petrolina.

Com informações da Assessoria de Cidadania

Recital Poético e Concerto marcam o Dia Internacional da Mulher na Univasf

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Para homenagear as mulheres, no Dia Internacional da Mulher, e reafirmar a importância desta data, que representa a luta feminina pela conquista de direitos, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) irá promover um concerto e recital poético nesta terça-feira (8). O evento “Poesia em Concerto: Mulher Poesia Mulher” será realizado às 20h, no auditório da biblioteca do Campus Centro, em Petrolina (PE). A apresentação é promovida por meio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) em parceria com a Secretaria de Educação de Petrolina (PE). A entrada é gratuita e aberta a toda a comunidade.

O concerto será realizado pelos músicos e alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e Biológicas (PPGCSB) da Univasf: Ozenir Luciano, regente da Orquestra de Câmara da Univasf e da Orquestra Sinfônica do Sertão e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE); Alan Barbosa, coordenador do curso de Licenciatura em Música do IF Sertão-PE e regente do Coro Vozes do Sertão, acompanhados ao piano por Pib teclas, professor de música do Programa Nova Semente da Secretaria de Educação de Petrolina e aluno da Licenciatura em Música do IF Sertão-PE.

De acordo com o maestro Ozenir Luciano, o evento terá duração de uma hora. “Serão apresentadas músicas de compositores brasileiros vocais e instrumentais que versam sobre o amor, a mulher e a grandiosidade da alma feminina”, destaca. Além da música, haverá declamação de poesia. “Entre as músicas, o professor Alan Barbosa irá recitar poemas sobre a mulher em todos os seus prismas”, explica Luciano.

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