Editorial: A crise no sistema de saúde regional do PEBA e a urgência de soluções

A situação da saúde na região da rede PEBA, que abrange municípios de Pernambuco e Bahia, está em um estado alarmante. A crise que assola o Hospital Universitário da Univasf (HU-Univasf), referência para mais de 2 milhões de pessoas, reflete a sobrecarga de um sistema de saúde que opera muito além de seus limites.

O HU-Univasf, único na região a oferecer atendimento especializado de mídia e alta complexidade, enfrenta uma realidade insustentável. Áreas essenciais como neurocirurgia, ortopedia e urologia estão sobrecarregadas, enquanto a escassez de anestesistas exige a realização de procedimentos e coloca em risco o atendimento de urgência e emergência. O impacto é devastador: jornadas extenuantes, demissões de profissionais, superlotação com ocupação de até 175%, pacientes internados em corredores, uma violação de sua dignidade, suspensão de procedimentos eletivos, deixando muitos sem o atendimento.

A crise não é apenas uma questão de números. Afeta diretamente a dignidade dos pacientes, que enfrentam longas esperas por uma vaga de UTI, e dos profissionais de saúde, submetidos a condições de trabalho desumanas. Além disso, a formação médica também sofre com o fechamento de programas de residência, prejudicando o futuro da assistência na região.

Os anestesistas da PEBA, juntamente com os profissionais concursados ​​da EBSERH, pedem medidas emergenciais e têm toda razão em exigir a contratação imediata de novos profissionais, revisão das escalas e ampliação das UTIs. Suas afirmações incluem ainda um diálogo aberto e permanente com a administração do hospital, algo essencial para a construção de soluções.

O alerta é claro: sem ações rápidas e coordenadas, o sistema de saúde regional caminha para o colapso total. O governo federal, o Ministério da Saúde e os gestores estaduais e municipais precisam considerar a gravidade da situação e agir com urgência. A saúde da população não pode continuar à mercê da inércia administrativa.

É hora de priorizar investimentos no HU-Univasf, garantir condições de trabalho para os profissionais e devolver à população um sistema de saúde capaz de atender suas necessidades com dignidade e eficiência. O descaso com a saúde pública custa vidas, e isso é inaceitável.

Waldiney Passos

Anestesistas com plantões duvidosos em hospitais públicos de Caruaru são investigados pelo MPPE

Médicos no Brasil

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Caruaru, instaurou inquérito civil para apurar notícia sobre prática de grave infração funcional na acumulação indevida de cargos por um casal de médicos anestesistas que davam plantão nos hospitais Regional do Agreste (HRA/ Público) e Unimed Caruaru (Privado), nos mesmos dias e horários, sendo um deles na função de direção.

O MPPE considerou a análise das cópias das escalas de plantão dos anestesistas e livros de registros de cirurgias realizadas, referentes aos meses de janeiro a novembro de 2015. O MPPE oficiou várias entidades para investigar a conduta, e, especificamente, a Secretaria de Administração Municipal, para que informe ao MPPE o valor da remuneração recebida pelos médicos ora investigados, referente ao período trabalhado para o município de Caruaru.

De acordo com o caput do artigo 9°, da Lei n°8.429/92, constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade em entidades públicas ou privadas, cujo os custeios de mais de 50% de suas receitas anuais sejam pagos com recursos públicos.

Anteriormente, a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Caruaru, no início de janeiro, recomendou aos diretores do HRA, do Hospital Jesus Nazareno (HJN) e da Casa de Saúde Bom Jesus realizar efetiva fiscalização e controle dos profissionais, com o objetivo de se evitar a prática da prestação de serviços de médicos anestesistas, contratados por meio de cooperativas, escalados para plantões simultâneos em unidades de saúde públicas e privadas.

De acordo com o promotor de Justiça de Saúde de Caruaru Paulo Augusto Oliveira, os gestores dos hospitais públicos devem instaurar procedimentos administrativos, a fim de apurar a prática e assegurar que ela não se repita. Já ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), o MPPE recomendou fiscalizar os casos de médicos anestesistas contratados para atuar em mais de um estabelecimento nos mesmos dias e horários.

Por fim, o MPPE recomendou à Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Interior de Pernambuco (Coopagreste) adotar as providências cabíveis para impedir que situações como a noticiada voltem a ocorrer. A cooperativa também deve instaurar procedimento semelhante ao do Cremepe, a fim de apurar a responsabilidade dos profissionais que teriam sido escalados irregularmente.

Fonte: Ministério Público de Pernambuco/Foto: ilustração