O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou nesta terça-feira (10) a medida cautelar que impedia o contato entre os oito réus do núcleo 1 da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado.
A decisão foi tomada após a conclusão dos interrogatórios pela Primeira Turma da Corte. De acordo com o relator, não há mais justificativa para a manutenção da restrição.
Ao longo de dois dias, os réus foram ouvidos pelo STF. Seis deles prestaram depoimento nesta terça-feira, enquanto os outros dois foram interrogados na segunda-feira. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi o último a ser ouvido.
Em sua fala, negou envolvimento direto em qualquer trama golpista para reverter o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, admitiu ter buscado “alternativas”, após não conseguir êxito nas tentativas de deslegitimar o sistema eletrônico de votação.
Bolsonaro relatou que discutiu possibilidades legais com aliados e militares, buscando saídas dentro da Constituição após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitar uma ação do Partido Liberal sobre a segurança das urnas eletrônicas. Segundo ele, as reuniões foram informais e as ideias foram descartadas após análise inicial.
O Ministério Público Federal sustenta que o ex-presidente tinha conhecimento e participação ativa na articulação de um plano para se manter no poder e impedir a posse do presidente eleito.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a investigação também aponta para a existência de um plano de assassinato de autoridades e apoio aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, considerados como a última tentativa do grupo em reverter o resultado das eleições.