Um boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em outubro de 2024, revelou que cerca de 10% da população brasileira sofre de Doença Renal Crônica (DRC), evidenciando um grave problema de saúde pública no país.
Diante desse cenário, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou a Lei nº 18.790/2024, que institui a Política de Prevenção de Doenças Renais no estado.
A norma, de autoria do deputado licenciado Eriberto Filho (PSB), entrou em vigor em 30 de dezembro de 2024, estabelecendo ações educativas, preventivas e assistenciais voltadas à saúde renal da população.
A lei tem como principais metas reduzir a incidência de doenças renais, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e diminuir os custos sociais e econômicos dessas enfermidades.
Para isso, a legislação prevê diretrizes para conscientização, assistência e orientação aos portadores de doenças renais e seus familiares, além do incentivo à pesquisa científica para aprimorar a prevenção e o tratamento da condição.
As doenças renais comprometem a estrutura e função dos rins, podendo levar a complicações graves, como cálculo renal (popularmente conhecido como pedra nos rins), cistos renais e insuficiência renal.
Fatores como diabetes, hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares aumentam os riscos dessas condições. Além disso, muitas doenças renais podem ser silenciosas, manifestando sintomas apenas em estágios avançados. Entre os principais sinais de alerta estão inchaço (edema), alterações na urina, como espuma, sangue ou coloração escura, dificuldade para urinar e pressão alta.
A nefrologista Rafaella Barros destaca que algumas doenças renais possuem fatores genéticos, como a doença renal policística, caracterizada pelo surgimento de cistos que podem comprometer o funcionamento dos rins, e as glomerulonefrites, que causam inflamação nos filtros renais. Segundo ela, a evolução da nefrogenética tem permitido a identificação de novas mutações, possibilitando diagnósticos precoces. “Quanto mais cedo se detecta a doença, maiores as chances de uma boa resposta ao tratamento”, ressalta.
O atendente de padaria João Antônio de Barros, de 66 anos, enfrenta os desafios da hemodiálise há quatro anos. Ele descobriu a doença após sentir fortes dores e dificuldades para urinar e, desde então, realiza três sessões semanais no Hospital Português, no Recife.
O tratamento exige resistência física e emocional, e João enfrenta sintomas como queda de pressão, câimbras e náuseas, especialmente quando há acúmulo excessivo de líquidos no organismo. “Se estiver muito pesado na máquina, passo mal”, explica.
No início, o impacto da doença foi devastador. “Não aceitava, quase me entreguei. Fiquei depressivo, não falava com ninguém e não comia sozinho”, lembra. Com o tempo, ele aprendeu a lidar com a condição, adotando novos hábitos e mudanças na alimentação.
A nova legislação aprovada pela Alepe busca garantir que mais pessoas tenham acesso à prevenção e ao diagnóstico precoce, evitando que enfrentem os desafios de um tratamento tardio e complexo.