Joesley Batista afirma que transferiu para o exterior US$ 150 milhões para campanha de Dilma e Lula

(Foto: Felipe Frazão/AE)

Em depoimento, o dono da JBS, Joesley Batista, afirmou que transferiu para contas no exterior US$ 70 milhões destinados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais US$ 80 milhões em conta, também no exterior, em benefício da ex-presidente Dilma Rousseff.

Os montantes, afirmou, foram enviados por meio do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e gastos “tudo em campanha”. Joesley falou que tanto Lula quanto Dilma tinham conhecimento dos repasses.

A defesa do ex-presidente Lula afirma “que as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não decorrem de qualquer contato com o ex-presidente, mas sim de supostos diálogos com terceiros, que sequer foram comprovados”. Lula é inocente, ainda segundo nota assinada pelos advogados Cristianio Zanin Martins e Roberto Teixeira. A assessoria da ex-presidente Dilma negou irregularidades, e disse que “são improcedentes e inverídicas as afirmações do empresário”.

A declaração foi dada por Joesley em 3 de maio de 2017 na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília. “Teve duas fases, a do presidente Lula e teve a fase da presidente Dilma”, disse. “Na fase do presidente Lula chegou a US$ 80 milhões de dólares, na fase da presidente Dilma chegou a uns US$ 70 [milhões]. Ou ao contrário: US$ 70 [milhões] na do Lula e US$ 80 [milhões] na da Dilma.”

Joesley disse que inicialmente não tinha se dado conta de que os valores eram destinados às campanhas eleitorais de Lula e Dilma. Ele afirma ter percebido quando, ainda segundo ele, Guido pediu a abertura de uma segunda conta, em nome do próprio empresário. “Foi aí a primeira vez que eu desconfiei que o dinheiro não era dele [Guido]”.

“Quando terminou o governo Lula, ele falou: agora tem que abrir outra conta. Essa conta é da conta do Lula. Essa aqui… tem que abrir uma para Dilma”, disse. Fiz uma pergunta pra eles sabem disso? Lula sabe disso, Dilma sabe? Não, sabe sim, eu falo tudo pra eles”. Ele disse levar frequentemente o extrato das contas para o então ministro.Em 2014, Joesley disse ter sido chamado por Guido e orientado a doar, a partir das mesmas contas, dinheiro para candidatos do PT e de outros partidos –citou PMDB e PC do B. “Quando eu percebi que as doações estavam indo para valores estratosféricos, eu fui lá no ministro e disse, por mais que a maior parte tenham sido oficiais, o número vai ficar muito discrepante em relação ao segundo [maior doador]”. O ministro então lhe disse, ainda segundo Joesley: “Tem que fazer”.

Encontros com Lula e Dilma

O empresário afirma ainda ter falado com Lula a respeito. “Eu conheci o presidente Lula em 2013. Presidente Lula, não sei se o senhor tem a ver com isso ou não tem. Nós estamos fazendo doação, nós somos o maior doador, e as doações já passaram de R$ 300 milhões, hein? O senhor está entendendo a exposição que vai virar isso?” Lula, segundo Joesley, nada falou. “O presidente ficou olhando pra mim, não falou nem sim nem não… e ficou um silêncio na sala.” O encontro ocorreu em 2014.

Ele também afirma ter encontrado a então presidente Dilma. “Com a Dilma eu fui bem mais explícito com ela: contei meio que tudo. Senhora presidenta, tem duas contas, tem uma que o Guido falou que era sua e outra que era do Lula. Já acabou seu dinheiro e o do Lula”. E procurador do Ministério Público Federal então pergunta se sabia que o dinheiro tinha relação com o BNDES, ao que Joesley responde: “Sabia perfeitamente”.

“Não, é importante fazer, tem que fazer”, disse Dilma, de acordo com o relato do empresário. “Daí eu saí com a certeza de que ela sabia de tudo [dos repasses às campanhas].

A JBS e os irmãos Joesley e Wesley Batista fecharam delação premiada, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Fonte G1

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