Fogos, fogueiras e queimaduras: quais cuidados tomar no São João?

As tradições juninas já estão embalando as pessoas. Na alegria e brincadeira dos festejos de São João, é importante estar atento aos riscos das fogueiras e fogos para curtir com segurança e tranquilidade. No São João de 2024, o Hospital da Restauração (HR) registrou durante o feriado 24 atendimentos a pessoas que se queimaram com fogos de artifício e/ou fogueira. Dos pacientes que deram entrada no HR, 15 precisaram ficar internados, 8 adultos e 7 crianças. Outras nove pessoas — 4 crianças e 5 adultos — receberam atendimentos mais simples e não precisaram de internamento.

O Diario reuniu recomendações médicas para casos de queimaduras acidentais em fogueiras e uso de fogos. À equipe de reportagem, a dermatologista Patrícia Guimarães explicou quais são os primeiros procedimentos a serem feitos nessas situações. “Nós podemos primeiro verificar a respiração porque alguns fogos de artifício, assim como as fogueiras, liberam muita fumaça e podem prejudicar a respiração. Também lavar sempre a área afetada com água corrente e de preferência fria”, destacou a profissional. Ao sofrer queimaduras, o tempo de exposição do membro ao calor e o contato com a superfície muito quente são determinantes para o estado da lesão. A dermatologista explica que existem três tipos de queimaduras.

“Existem várias classificações de queimadura, mas a principal é que nós classificamos a queimadura em primeiro grau, que é mais superficial, a pele dói bastante, a pele fica muito vermelha. A de segundo grau também dói, mas não tanto como a de primeiro grau, e a pele já forma bolhas, e já exigem a procura de um médico. A de terceiro grau é mais profunda em todas as áreas, porém com menos dor e com aparência de couro queimado”, explicou.

As regiões mais sensíveis do corpo como a face, couro cabeludo, as mãos, pés e genitais, apresentam mais riscos ao serem acometidas por queimaduras, aponta a médica. Nesses casos, após os primeiros procedimentos, é imprescindível procurar uma unidade de saúde. “É sempre procurar o hospital quando há mais de 10% da superfície corporal queimada e no caso de crianças, 5% do corpo. A palma da mão corresponde a mais ou menos 1% da superfície corporal, mas se deve procurar o hospital em caso de queimadura em mãos e genital. A importância das mãos é porque o paciente pode ficar com queimadura e ficar com sequelas no movimento das mãos”.

O que evitar – Há, no conhecimento popular, muitas desinformações a respeito dos primeiros tratamentos com as queimaduras. De acordo com a dermatologista, deve-se apenas usar a água fria sem passar nenhum outro produto ou substância no local, sem a instrução de um profissional. “Sempre mergulhar a área afetada em água fria, se não for possível com a diferença de água fria ou gelada, é importante evitar o gelo diretamente na pele, porque pode queimar pelo frio. Evitar também água quente, manteiga, pasta de dente e álcool”, orientou.

Sequelas – Além do risco e das complicações imediatas, as queimaduras podem deixar, a longo prazo, sequelas, como cicatrizes e restrições de movimento e em alguns casos, dor neuropática. As cicatrizes podem, ainda, favorecer o surgimento de câncer de pele no futuro, revelou a dermatologista. “Além das sequelas, dor e risco de internamento hospitalar, pode haver cicatrizes inestéticas ou cicatrizes disfuncionais. As cicatrizes de longa data podem favorecer o surgimento de câncer de pele também”.

Para evitar transtornos o melhor caminho é a prevenção e a atenção, destaca a médica. “As recomendações de prevenção são evitar fogos de artifício de má procedência, cuidados com as crianças e idosos nas proximidades das fogueiras, e preferir o uso de álcool em gel ao uso de álcool líquido”.

Diario de Pernambuco

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