A corrupção voltou a crescer no Brasil como uma praga silenciosa, mas devastadora. E não é apenas uma percepção popular: os dados mostram claramente que o país está recuando no combate à roubalheira, aos desvios e à impunidade que tanto atrasam nossa nação. A cada escândalo, a cada operação abafada, a cada punição esquecida, os brasileiros, especialmente os mais pobres, são os que mais sofrem.
Em 2024, o Brasil alcançou a sua pior pontuação e posição no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), divulgado pela Transparência Internacional. O país obteve 34 pontos e a 107ª posição entre 180 países, o que representa uma queda em comparação com o ano anterior.
Corrupção não é só desvio de dinheiro, é desvio de futuro. Cada centavo desviado de merenda escolar, de hospitais, de obras públicas ou da Previdência é um prato vazio, uma fila mais longa, uma rua sem asfalto, uma vida perdida. É o agricultor sem estrada, o estudante sem professor, o aposentado vítima de fraude, como temos visto com as denúncias no INSS.
O mais alarmante é perceber que parte da classe política e da elite administrativa do país parece não apenas tolerar, mas se beneficiar dessa engrenagem suja. Operações de combate à corrupção foram desmobilizadas, estruturas de controle desmontadas, e discursos que antes clamavam por ética agora silenciam diante de escândalos dentro do próprio governo.
Essa permissividade cria um ambiente em que o corrupto se sente confortável, e o cidadão honesto, abandonado. A impunidade não apenas incentiva novos crimes, como mina a confiança do povo nas instituições. E sem confiança, não há democracia sólida. A corrupção destrói o presente e rouba o futuro.
Não podemos normalizar esse cenário. É hora de exigir transparência, fortalecer os órgãos de controle, dar autonomia real ao Judiciário e às polícias investigativas. O Brasil não pode mais ser conhecido lá fora como o país do “jeitinho”, mas sim como um país que pune os corruptos e protege seu povo.
Porque onde há corrupção, há injustiça. Onde há injustiça, não há progresso.
Waldiney Passos