‘É algum crime dormir na embaixada?’, diz Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou, ao ser abordado por jornalistas, se era crime dormir em uma embaixada. Em fevereiro, Bolsonaro passou duas noites na Embaixada da Hungria depois de ter seu passaporte apreendido, segundo revelou o jornal americano “The New York Times”.

Na prática, pelo direito internacional, como embaixadas são áreas invioláveis, Bolsonaro só poderia ser alcançado por agentes brasileiros, em caso de uma nova operação, com o consentimento do governo húngaro.

“Por ventura, dormir na embaixada, conversar com embaixador, tem algum crime nisso?”. O ex-presidente fez o comentário ao sair de um evento em homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal, no Centro da capital paulista, na noite desta segunda-feira (25).

“Tenha santa paciência, deixa de perseguir, pessoal, quer perguntar da baleia? Da Marielle Franco? Eu passei seis anos sendo acusado de ter matado a Marielle Franco. Vamos falar dos móveis do [Palácio da] Alvorada?”, completou.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) chamou o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, para conversas após a revelação da hospedagem de Bolsonaro. Halmai se reuniu com a titular da Secretaria de Europa e América do Norte, Maria Luisa Escorel. O Palácio do Planalto também foi comunicado sobre a reunião.

Na diplomacia, o simbolismo de chamar um embaixador para conversas depende do contexto. No caso da Hungria, o Brasil queria a prestação de informações claras e detalhadas sobre a ida de Bolsonaro à embaixada.

Como, por decisão do governo, não foi nem o presidente Lula que chamou o embaixador nem o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o peso diplomático é menor.As informações foram publicadas pelo jornal nesta segunda-feira (25).

A estadia ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro — no dia 8 daquele mês, Bolsonaro havia sido alvo de uma operação da Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de estado. Na operação, policiais federais apreenderam o passaporte do ex-presidente no escritório do Partido Liberal. (PL).

No mesmo dia, horas após a operação, Orbán utilizou uma rede social para declarar apoio ao amigo. Orbán postou uma foto com Bolsonaro, com a seguinte legenda: “Um patriota honesto. Continue lutando, senhor presidente Jair Bolsonaro”.

Por conta da postagem, Hamai foi chamado ao Itamaraty para conversas. Ou seja, é a segunda vez em menos de 2 meses que o embaixador húngaro é chamado ao MRE para conversas.

Fonte G1

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