Dólar chega a R$ 6 após anúncio de pacote fiscal; mercado reage com cautela

O dólar à vista iniciou o dia em forte alta, alcançando momentaneamente o patamar de R$ 6 após o governo brasileiro detalhar, na noite de ontem (27), o novo pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

As medidas, que têm como objetivo gerar uma economia de R$ 70 bilhões em dois anos e até R$ 327 bilhões até 2030, geraram apreensão no mercado.

Entre as ações do pacote, destaca-se a isenção de imposto de renda para pessoas com renda de até R$ 5 mil, compensada pela introdução de uma taxação mínima de 10% para quem recebe acima de R$ 50 mil mensais.

Apesar da proposta, investidores mantêm ceticismo quanto à viabilidade das medidas e questionam o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal, visto como essencial para a confiança no mercado.

Por volta das 11h30, o dólar chegou ao pico de R$ 6, antes de recuar levemente para R$ 5,9925, representando uma alta de 0,92%.

Segundo Diego Costa, especialista em câmbio da B&T Câmbio, a comunicação do governo é um dos principais entraves no atual cenário. Ele destacou que, embora esperasse-se um discurso que trouxesse alívio, a reação foi o oposto, intensificando preocupações sobre a sustentabilidade das contas públicas.

A mensagem dos mercados é clara, soluções simplistas não serão bem recebidas. O momento exige propostas concretas e viáveis. A expectativa é de que o texto do arcabouço seja discutido e aprovado dentro do apertado calendário de 2024”, afirmou Costa, lembrando que, no ano passado, medidas como o novo arcabouço fiscal elevaram o otimismo sobre o Brasil, aproximando o país de uma classificação de grau de investimento pela agência Moody’s.

Enquanto a atenção maior recai sobre o dólar, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também opera em baixa. No mesmo horário, o índice recuava 1,18%, marcando 126.165 pontos, refletindo o clima de incerteza e precaução entre os investidores.

O mercado agora aguarda novas sinalizações sobre a tramitação e implementação do pacote, especialmente diante do calendário apertado de 2024 para aprovação do texto do arcabouço fiscal.

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