Comissão de Saúde da Alepe debate desafios da fibromialgia em audiência pública

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) promoveu nesta segunda-feira (27) uma audiência pública para discutir a fibromialgia, uma síndrome crônica que provoca dores difusas e generalizadas, principalmente em músculos, tendões e articulações.

O encontro reuniu representantes de associações de pacientes, profissionais de saúde e autoridades públicas, visando abordar os principais desafios enfrentados por quem convive com essa doença.

Um dos temas centrais foi a falta de visibilidade da fibromialgia, que afeta mais mulheres do que homens e ainda é pouco conhecida pela população em geral.

Erika Castro, presidente da associação pernambucana Minha Dor Tem Pressa e enfermeira, destacou a necessidade urgente de capacitação dos profissionais de saúde para que possam diagnosticar a doença de forma correta e ágil. “Nós precisamos de diagnóstico em tempo hábil, de tratamento adequado e de políticas estratégicas voltadas às pessoas com fibromialgia o mais rápido possível”, enfatizou.

Taciana Beltrão, advogada e portadora de fibromialgia, cobrou o reconhecimento da síndrome como uma doença incapacitante. “Somos pessoas consideradas com deficiência. Embora seja uma deficiência invisível, a fibromialgia nos incapacita para atos da vida comum”, afirmou.

O médico Dirceu Sales, especializado em tratamento da dor, corroborou, apontando as dificuldades que esses pacientes enfrentam para acessar o tratamento multidisciplinar necessário. “A fibromialgia é resultante de disfunções no cérebro da pessoa. Então eles precisariam ter um acompanhamento específico, com terapias, medicamentos, alimentação, atividade física, acupuntura, psicoterapia… e a maioria deles não tem nada disso”, explicou.

Sales também ressaltou o alto custo dos medicamentos prescritos e a peregrinação dos pacientes em busca de alívio. “Alguns chegam à invalidez por falta de um apoio adequado”, lamentou.

O deputado Romero Sales Filho (União), autor da iniciativa da audiência pública, alertou para os impactos devastadores da fibromialgia na vida dos pacientes, como comprometimento da carreira profissional, da renda e da vida social. “Destacamos a necessidade de derrubar os estigmas existentes e implementar políticas públicas corretas, garantindo o diagnóstico precoce e evitando anos de sofrimento”, disse.

Romero Sales Filho também destacou leis de sua autoria, como a Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Fibromialgia e a prioridade no acesso a instituições e serviços, públicos ou privados.

Ele mencionou esforços para aprovar a lei que cria a carteira de identificação e a que reconhece a pessoa com fibromialgia como deficiente, ampliando as diretrizes da política estadual. O parlamentar celebrou o início do censo das pessoas com fibromialgia em Pernambuco, realizado pela Secretaria de Saúde do Estado (SES-PE).

Bruna Dornelas, diretora de gestão estratégica da SES-PE, explicou que o censo subsidiará o direcionamento de políticas públicas e a efetivação de direitos garantidos por lei, através da viabilização da carteira da pessoa com fibromialgia. Pacientes podem responder ao censo na página oficial da SES-PE, preenchendo o formulário e anexando laudo médico, documento de identificação e foto 3×4.

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