
Levantando do Equidade.info em parceria com a Frente Parlamentar Mista da Educação mostra, no entanto, que 16% dos alunos mantém utilização de maneira consistente
A maior parte dos alunos segue utilizando seus celulares nas escolas, mas apenas de forma esporádica, aponta uma pesquisa do Equidade.info em parceria com a Frente Parlamentar Mista da Educação.
O levantamento mostra, no entanto, que um grupo de 16% dos estudantes mantém a utilização do aparelho de maneira consistente.
O estudo é liderado pelo professor Guilherme Lichand, coordenador do Equidade.info e docente da Stanford Graduate School of Education. Ele ouviu 1.057 alunos de ensino fundamental e médio, além de professores e gestores escolares, entre os meses de fevereiro e março de 2025. A amostra é representativa do ensino básico brasileiro.
— As novas regras é urgente, mas é desafiadora. A pesquisa mostra que 62% dos alunos do ensino médio dizem que tem dificuldade de diminuir o tempo de tela. Quando o aluno diz que tem dificuldade, não é fácil garantir que essa restrição seja implementada de fato — afirmou Lichand.
Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que proíbe a utilização de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais, inclusive telefones celulares, nas escolas, para proteger a “saúde mental, física e psíquica das crianças e adolescentes”. O objetivo central da norma é afastar as crianças do uso inadvertido de redes sociais e da competição pela atenção delas com essas plataformas.
— O que a pesquisa traz é que a lei funcionou. Ela talvez não tenha chegado ainda onde a gente queria, que era a proibição total. Mas a redução do uso do aparelho telefônico, falada pelos próprios alunos e professores, traz um ganho muito grande para a sociedade como um todo — afirmou o deputado Rafael Brito (MDB-AL), presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação.
De acordo com o levantamento, 46% dos alunos entrevistados afirmam levar o celular para a escola. Considerando apenas o ensino médio, isso chega a 63%. Já no fundamental II (entre 6º e o 9º ano), 69% dizem não levar.
— Na prática, a lei desistimulou os estudantes mais novos de levar para a escola — avalia o professor.
No entanto, apenas 8% dizem que usam o aparelho sempre na escola e 8% afirmam utilizar frequentemente. O levantamento aponta que 32% dos estudantes alegam nunca pegar no smartphone enquanto está no colégio.
No entanto, a percepção de professores é diferente: somente 15% diz que não notou a utilização.
Outra divergência se dá quanto ao uso. Enquanto os alunos justificam massivamente que utilizam os aparelhos nas escolas para falar com a família, docentes e gestores têm percepções semelhantes de que o uso é feito mais para diversão e entretenimento.
Além disso, 13% afirmam que consultam somente o celular quando enfrenta dificuldades em aprender algum conteúdo ou matéria, em vez de perguntar para o professor. Somente 34% dos alunos preferem buscar ajuda do docente sem olhar no telefone.
A pesquisa também mostra que a maior parte (cerca de 60%) das escolas orienta que seus alunos deixem seus aparelhos na mochila ou no bolso. Apenas um quarto dos diretores tem caixas na entrada para que os estudantes deixem os smartphones guardados.
— Se a gente quer de fato garantir que o uso seja reduzido muito mais, pensar com mais cuidado na questão do armazenamento pode ser importante — defendeu o professor da Stanford Graduate School of Education.
O estudo mostra ainda que punições administrativas ainda são comuns: 44% dos diretores afirmam que já teve que dar alguma advertência por conta disso. Na região Sul, esse patamar chega a 76%.