Menor tamanduá do mundo simboliza preservação de manguezal nordestino

O tamanduaí (Cyclopes didactylus), a menor espécie de tamanduá do mundo, virou símbolo de conservação do manguezal no litoral nordestino. O programa do Instituto Tamanduá identificou mais de 30 animais do tipo no Delta do Parnaíba. Estudos e ações de preservação têm avançado desde a criação de uma base de pesquisa na região há quatro anos, com laboratório de campo completo. Reflorestamento, conservação de áreas e turismo de base comunitária são estratégias adotadas para proteger a biodiversidade local.

“Esse esforço para a conservação do tamanduaí é emblemático. Demonstra a importância de ampliarmos os esforços para a promoção do conhecimento científico para a proteção da biodiversidade e, também, a necessidade de ampliação das unidades de conservação para que espécies como essa tenham áreas seguras e extensas destinadas ao seu desenvolvimento”, diz a bióloga e gerente de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário, Marion Silva.

O tamanduaí mede cerca de 30 centímetros e pesa até 400 gramas. Ele é solitário, de hábitos noturnos e passa a maior parte do tempo no alto das árvores. “Acreditava-se, até recentemente, que esses pequenos tamanduás só ocorriam na floresta amazônica. Estudos genéticos indicam que os indivíduos do Delta do Parnaíba estão separados há 2 milhões de anos daqueles que vivem na Amazônia. Desde estão, evoluem separados pela formação do delta e da Caatinga, que separou a Mata Atlântica da Amazônia há milhões de anos”, explica a médica veterinária Flávia Miranda, coordenadora do Instituto Tamanduá e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).

O Delta do Parnaíba tem mais de 80 ilhas em uma área de quase 3 mil quilômetros quadrados. A área de manguezais é considerada berçário da vida marinha e habitat para diversas espécies, como o peixe-boi, o guará e outros peixes de valor comercial. Apesar de ainda pouco conhecida, a região já é considerada vulnerável. Os principais problemas são o turismo predatório, a presença de animais domésticos em áreas de manguezal e o interesse das usinas eólicas.

Os pesquisadores têm procurado criar soluções em conjunto com a população local. “Conseguimos cercar algumas áreas de manguezal para evitar a entrada de animais domésticos, facilitando a regeneração natural do ecossistema, e já restauramos quase 2 hectares com vegetação nativa. Pode não parecer uma área tão significativa para o tamanho do Delta do Parnaíba, mas o reflorestamento de manguezais é uma tarefa bastante desafiadora. Também estamos buscando alternativas econômicas e sustentáveis para a população local, como o desenvolvimento do turismo de base comunitária”, diz Miranda.

“Também realizamos, pela primeira, vez a coleta de sêmen dessa espécie”, destaca a médica veterinária. “Agora, temos a possibilidade de fazer pesquisa reprodutiva monitorada, contribuindo para evitar a extinção e, se necessário, promover a reintrodução dos animais no habitat natural”, acrescenta.. Outra ação importante para a proteção do tamanduaí foi o início do processo de criação de uma unidade de conservação da Resex Casa Velha do Saquinho, no limite territorial da Resex Marinha do Delta do Parnaíba.

Agência Brasil

Na Semana do Meio Ambiente, Pernambuco lança programa de reflorestamento

Pernambuco celebra, a partir desta segunda-feira (3), a Semana do Meio Ambiente, em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho). Com uma programação que inclui palestras, oficinas, trilhas, workshops, mesas-redondas, exposições, anúncios estratégicos e premiações, o Estado também está se comprometendo com o lançamento do Movimento Plantar Juntos – programa de reflorestamento de Pernambuco, que recebe um investimento de R$ 150 milhões para o plantio de 4 milhões de árvores até 2026.

“Para nós, Dia do Meio Ambiente é todo dia. A Semana de Meio Ambiente é um momento especial, quando concentramos uma programação voltada à educação ambiental e à sensibilização dessa causa”, afirma o diretor presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente, José de Anchieta dos Santos.

Programação do Meio Ambiente
O início da programação acontece na segunda-feira (3), com a oficina “Transformando Lixo em Dinheiro”, a partir das 9h, no Refúgio de Vida Silvestre (RVS) Gurjaú, no município do Cabo de Santo Agostinho. No mesmo dia, ainda pela manhã, o Parque Estadual Dois Irmãos promove um circuito ambiental com alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Cândido Duarte, às 10h.

À tarde, a partir das 14h, haverá a cerimônia de entrega do prêmio Vasconcelos Sobrinho 2024, no auditório da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Derby, promovido pela Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH). No mesmo horário, os alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Humberto Lins Barradas, no município do Jaboatão dos Guararapes, vivenciam Oficina de Letramento Climático.

“É uma honra fazermos parte deste momento, entregando o Prêmio Vasconcelos Sobrinho como reconhecimento do Governo do Estado a pessoas físicas e jurídicas pelo comprometimento com o nosso meio ambiente. Também reconheceremos oficialmente o empenho de pessoas que estão nessa luta conosco, entregando o Certificado Amigo e Amiga do Meio Ambiente”, afirmou o diretor presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente, José de Anchieta dos Santos.

Na terça-feira (4), das 8h30 às 17h, o Governo de Pernambuco, em parceria com o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, com recursos do Future Fund do Under 2 Coalition, realizará o workshop “Pernambuco Fortalecendo Capacidades Locais para a Ação Climática”, no auditório do RioMar Trade Center, no Recife. Durante o encontro, que conta com a participação de prefeitos e secretários municipais, haverá a apresentação da ferramenta ClimaPE, plataforma que reúne dados climáticos de todos os municípios pernambucanos.

Plantar juntos
O momento chave da programação foi dedicado ao Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, com o lançamento do Movimento Plantar Juntos, quando haverá o anúncio oficial do programa de reflorestamento de Pernambuco, que recebe um investimento de R$ 150 milhões para o plantio de 4 milhões de árvores até 2026.

“O Plantar Juntos é um movimento poderoso para reflorestamento de Pernambuco. Além da recuperação ambiental, o principal valor desse programa é unir toda a sociedade pernambucana – estado, municípios, empresas, cidadãos – em prol do plantio de árvores. Estamos convidando todo mundo para junto, para usarmos a tecnologia para facilitar as ações e monitorar esse trabalho”, sintetiza a secretária da Semas-PE, Ana Luiza Ferreira.

Durante a cerimônia, a secretária anuncia ainda o lançamento do aplicativo Plantar Juntos, plataforma que vai monitorar o plantio em todo o estado. O app tem como principal objetivo acompanhar o crescimento das mudas e monitorar a localização, as espécies e o quantitativo do que está sendo plantado. A ferramenta é gratuita e estará disponível para download no Play Store e no Apple Store a partir do dia 5 de junho.Na ocasião, haverá entrega dos certificados do Programa Selo Verde Pernambuco para as empresas que desempenham responsabilidade ambiental em suas ações. “Passamos muito tempo distanciados da importância da conservação ambiental e agora com as questões climáticas nos atingindo passamos a enxergar o meio ambiente como essencial para nossas vidas. O ser humano é indissociável do meio ambiente”, reforça a secretária.

JC