Em 2023, o Brasil registrou um notável progresso na imunização infantil, retirando-se da lista dos 20 países com maior número de crianças não vacinadas. Este avanço é destacado em um estudo global divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o relatório, o número de crianças que não receberam nenhuma dose da vacina DTP1 caiu de 710 mil em 2021 para 103 mil em 2023. Em relação à DTP3, a redução foi de 846 mil para 257 mil no mesmo período.
A vacina DTP, conhecida como pentavalente, protege contra difteria, tétano e coqueluche. O progresso brasileiro também foi significativo em 14 dos 16 imunizantes pesquisados.
Luciana Phebo, chefe de Saúde do Unicef no Brasil, atribuiu esses resultados à retomada da cobertura vacinal infantil após anos de declínio. Ela ressaltou a importância de expandir ainda mais a imunização, alcançando crianças e famílias em situações vulneráveis fora das unidades de saúde tradicionais, como escolas e Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
No cenário global, o relatório revelou um aumento no número de crianças que não receberam nenhuma dose da DTP1, subindo de 13,9 milhões em 2022 para 14,5 milhões em 2023. A taxa de cobertura das três doses da DTP permaneceu estagnada em 84%, com 108 milhões de crianças imunizadas em 2023. Este índice é considerado um indicador chave para a cobertura de imunização global.
Além disso, 2,7 milhões de crianças em todo o mundo estavam sem vacinação ou com imunização incompleta, comparado aos níveis pré-pandemia de 2019. A pesquisa do Unicef e da OMS abrangeu dados de 185 países.
A importância da vacinação é destacada pela observação de surtos de doenças como o sarampo. Nos últimos cinco anos, surtos de sarampo afetaram 103 países, onde vivem cerca de três quartos dos bebês do mundo. A baixa cobertura vacinal (80% ou menos) nessas regiões foi um fator significativo. Em contraste, 91 países com alta cobertura vacinal não registraram surtos.
Um dado positivo, mas ainda insuficiente, foi o aumento na vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) entre meninas, com a proporção de adolescentes imunizadas subindo de 20% em 2022 para 27% em 2023. No entanto, este nível está abaixo da meta de 90% necessária para eliminar o câncer do colo do útero como um problema de saúde pública. A cobertura em países de alta renda é de 56%, enquanto nos países de baixa e média renda é de 23%.
Fonte Agência Brasil