Entre fevereiro e maio de 2025, o Hospital Dom Malan (HDM), em Petrolina, registrou um aumento de 329% nos atendimentos a pacientes com síndromes respiratórias agudas, um cenário que tem sobrecarregado a estrutura da unidade e preocupado autoridades de saúde da região.
O pico ocorreu em maio, com 1.541 atendimentos no Pronto Socorro Infantil (PSI) apenas para sintomas respiratórios, totalizando mais da metade dos 2.793 atendimentos do mês. A taxa de ocupação de leitos pediátricos chegou a alarmantes 220%.
Segundo a diretora-geral do HDM/Ismep, Daniele Moreno, o hospital se preparou previamente para o período sazonal – que costuma começar em fevereiro e se estender até julho no Nordeste – ampliando o número de profissionais de saúde, com contratações de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. Além disso, 15 novos leitos foram adicionados exclusivamente para o atendimento de crianças com sintomas respiratórios.
No entanto, Daniele alerta que a estrutura ainda é limitada para atender à grande demanda. O HDM é referência para 53 municípios da Rede PEBA (Pernambuco–Bahia), o que torna o desafio ainda maior.
A comparação com o ano anterior reforça a gravidade da situação. Em fevereiro de 2024, 368 pacientes com sintomas respiratórios foram atendidos no PSI. Em 2025, o número subiu para 469. Embora março e abril tenham registrado ligeira queda em relação a 2024, maio superou os atendimentos do mesmo período do ano anterior: foram 1.541 neste ano, contra 1.534 no ano passado.
As síndromes respiratórias agudas, que afetam especialmente crianças pequenas, são causadas por vírus como Influenza A e B e, principalmente, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – este último é o maior responsável por infecções no trato respiratório inferior de crianças nos primeiros anos de vida. As consequências clínicas, quando não tratadas adequadamente, incluem internações prolongadas e risco de agravamento dos quadros.
Embora o cenário de Petrolina reflita um problema recorrente também observado em outras regiões do Brasil, o foco e o esforço local são determinantes para minimizar os impactos sobre o sistema de saúde e proteger principalmente a população infantil, que tem sido a mais afetada.
A atuação integrada entre Estado, municípios e sociedade é essencial para enfrentar o pico sazonal de doenças respiratórias de forma eficaz.