O medicamento injetável Mounjaro, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly e aprovado no Brasil para o tratamento do diabetes tipo 2, começa a ser comercializado nas farmácias do país até quinta-feira (15).
Com preços que variam entre R$ 1.400 e R$ 2.400, o fármaco chega ao mercado cercado de expectativas, especialmente entre aqueles que buscam a perda de peso. No entanto, especialistas alertam para os riscos do uso sem prescrição médica.
Conhecido popularmente como “Ozempic dos ricos”, o Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida, que atua como agonista duplo dos hormônios GLP-1 e GIP — diferentemente do Ozempic, que simula apenas o GLP-1. Essa dupla ação proporciona maior eficácia no controle glicêmico e na redução de peso, despertando interesse até mesmo de pessoas que não apresentam diagnóstico de diabetes ou obesidade. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não aprova seu uso com finalidade estética, o que configura prescrição “off label”.
Estudos indicam que o Mounjaro pode reduzir até 25% do peso corporal após 20 meses de uso contínuo, superando os índices obtidos com outros medicamentos da mesma classe. As primeiras versões a chegar ao Brasil terão dosagens de 2,5 mg e 5 mg, e os valores variam conforme o local de compra e a participação em programas de suporte ao paciente da fabricante.
A endocrinologista Renata Paiva destaca que o Mounjaro é um medicamento potente, que deve ser utilizado apenas com orientação médica.
Embora a aprovação do medicamento no Brasil seja limitada ao tratamento de diabetes tipo 2, muitos médicos já prescrevem seu uso para controle de peso em pacientes com obesidade. No entanto, a médica reforça que a utilização sem diagnóstico adequado pode trazer riscos significativos.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão náuseas, constipação, diarreia e desconforto abdominal. A médica ainda alerta para outros riscos, como perda de massa muscular, hipoglicemia e interferência na absorção de medicamentos orais, como anticoncepcionais.
A automedicação, segundo Paiva, representa o maior perigo. O medicamento é contraindicado para gestantes, pessoas com histórico familiar de carcinoma medular da tireoide e pacientes com neoplasias endócrinas múltiplas.
Para evitar o uso sem orientação médica, a Anvisa determinou que a venda de medicamentos agonistas de GLP-1, como o Mounjaro, só seja realizada mediante retenção da receita médica.
A crescente busca por soluções rápidas para perda de peso tem estimulado um mercado paralelo e incentivado práticas perigosas. Para quem deseja emagrecer, mas não se enquadra em casos de obesidade, a médica recomenda mudanças sustentáveis de estilo de vida, com orientação de profissionais de saúde.