Tarifas dos EUA podem impulsionar exportações de Pernambuco, avaliam especialistas

A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor tarifas sobre parceiros comerciais pode abrir novas oportunidades de exportação para Pernambuco e para o Brasil. De acordo com o cientista político Thales Castro, o estado pode se beneficiar especialmente no setor de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco.

A sobretaxação de 10% sobre produtos brasileiros entra em vigor no próximo sábado (5). Para Castro, o setor de fruticultura pernambucano, que já exporta para os EUA, Ásia e Europa, pode ampliar sua participação no mercado global diante de um cenário de possível guerra comercial.

O economista Luiz Maia aponta que Pernambuco pode até começar a exportar ovos e leite, produtos que enfrentam escassez no mercado internacional. “Os Estados Unidos têm dificuldade nesses mercados porque existe uma escassez mundial nesses produtos. Além disso, a chegada de produtos de outros países está sendo mais prejudicada do que a do Brasil. Com essa imposição de tarifas, pode ser que o ovo pernambucano chegue mais barato nos Estados Unidos do que o do México”, analisa Maia.

Segundo ele, o Brasil pode ganhar competitividade porque as tarifas impostas contra outros países são mais elevadas. “O Brasil foi menos taxado, o que nos dá uma vantagem na concorrência para vender aos EUA.”

O economista também destaca que retaliações comerciais contra os Estados Unidos podem tornar as exportações brasileiras mais atraentes. “Se outros países impuserem tarifas pesadas contra os produtos americanos, o Brasil terá maior espaço no mercado global, inclusive com a Europa e a China.”

Atualmente, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, segundo Thales Castro. “Desde 2011, a China lidera nossas exportações, especialmente no agronegócio e minérios. Também exportamos produtos de alto valor tecnológico, como aviões da Embraer.”

Apesar das vantagens nas exportações, Luiz Maia alerta que a inflação no Brasil pode aumentar com a alta demanda externa. “Se países que deixarem de comprar carne bovina e de aves dos EUA optarem pelo Brasil, os preços internos podem subir ainda mais.”

O economista conclui que essa pressão sobre os preços pode elevar o custo de vida no país, que já enfrenta dificuldades econômicas.

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