Alunos da Universidade de de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda, desenvolveram o carro elétrico com o carregamento mais rápido para corridas de longa distância do mundo. O automóvel inovador é capaz de recarregar totalmente em menos de quatro minutos, tempo muito similar ao reabastecimento de um carro movido a combustível.
A bateria utilizada no modelo, produzida pela empresa InMotion, começou a ser projetada em novembro de 2022, por uma equipe com mais de trinta alunos. O produto desenvolvido carrega em apenas 3 minutos e 56 segundos, com uma potência de carregamento de 322 kW, uma capacidade total de 29,2 kWh e um alcance de aproximadamente 250 quilômetros. Durante o projeto, a equipe conseguiu cortar 66% do tempo de carregamento, que já foi de 12 minutos.
O projeto soluciona um dos principais empecilhos da implementação dos carros elétricos no ambiente de corrida: o tempo de carregamento. Reduzir esse intervalo é essencial para tornar a condução elétrica mais fácil nos ambientes competitivos, além de tornar o produto mais acessível para o consumidor padrão.
A InMotion sonha em mostrar a tecnologia durante as 24 Horas de Le Mans, uma das corridas mais tradicionais do automobilismo, onde a bateria será testada nas condições mais desafiadoras.
Diversas variáveis podem interferir no tempo total de recarga da bateria de um carro elétrico, como a potência do carregador e do conversor do veículo, além do tamanho da bateria. Um carro elétrico comum tem, normalmente, uma capacidade de armazenamento da bateria que varia de 24 a 90 kWh.
Em redes elétricas domésticas, de 220V, os carros normais podem levar de cinco a oito horas para alcançar a carga total. Em potência 110V, a recarga demora em torno de 20 horas. No entanto, em carregadores mais potentes ou estações de recarga rápida, o carregamento demora em torno de uma hora.
Resfriamento no nível celular
Durante o carregamento rápido, uma quantidade significativa de calor é gerada, levando à degradação acelerada das células da bateria. O diferencial do produto desenvolvido pelos alunos holandeses está exatamente nesta característica. A equipe desenvolveu um modelo com as placas de resfriamento cheias de refrigerante automotivo, colocadas entre os módulos que contém as células. Isso permitiu que muito calor fosse extraído da bateria.
Recentemente, com a evolução do método, foi desenvolvido um sistema que permite o resfriamento diretamente na célula, com o líquido refrigerante fluindo entre cada uma delas. Dessa forma, a quantidade de calor extraída do pacote tem um efeito muito positivo na vida útil e no carregamento rápido da bateria. A nova tecnologia de refrigeração ainda não é comum no mercado.
Implementação do novo método
A tecnologia foi testada no instituto de pesquisa TNO e Prodrive Technologies, também na Holanda, onde a equipe de estudantes implementou a tecnologia em um carro de corrida LMP3. O modelo é a classe protótipo das famosas 24 Horas de Le Mans, projetada para permitir que jovens pilotos e novas equipes entrem na competição.
Agência O Globo