Desde o final de janeiro, as comunidades, que já são impactadas pela mineradora Yara/Galvani, estão vivendo um clima de tensão e insegurança. Segundo os integrantes da Associação de Fundo de Pasto das comunidades de Angico dos Dias e Açu, no município de Campo Alegre de Lourdes (BA), pessoas sem autorização estão medindo a área coletiva e ameaçando os trabalhadores rurais, dizendo que estes não têm terras e que serão expulsos do local.
Famílias camponesas da região do Angico dos Dias, formada por oito comunidades e localizada a cerca de 70 Km da sede de Campo Alegre de Lourdes, são alvo, mais uma vez, de ameaças de expulsão do território. Uma grilagem de terras de 83 mil hectares, que abrange a região noroeste do município e parte de Pilão Arcado, está colocando em risco o jeito de viver tradicional das comunidades de fundo de pasto que vivem há várias gerações no local.
“Tão medindo as terras, eles vão de dia e de noite fazer o variante”, diz Dona Maria de Souza, 70 anos, que nasceu e foi criada na comunidade do Angico dos Dias junto com dez irmãos. Com as ameaças constantes, a rotina na comunidade não é mais a mesma. “Eu não tô conseguindo mais ir trabalhar por causa do medo de ir sozinho pra roça”, afirma Seu Salvador Mendes, membro da Associação.
De acordo com relatos dos associados, as pessoas que estão ameaçando a comunidade dizem estar a mando de José Dias Soares, conhecido como Zé do Salvo e que mora na região, e do empresário português Carlos Manuel Subtil Duarte.