Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores de Pernambuco (Sassepe) enfrenta sufoco financeiro

SASSEPE

O Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores de Pernambuco (Sassepe) tem um passivo no valor de R$ 21,8 milhões relacionado a atraso no pagamento de redes conveniadas desde fevereiro. A informação é do Portal da Transparência do Estado e levanta preocupação sobre o fôlego do sistema para continuar a atender os beneficiários. A situação já foi pior, mas ainda há muito que melhorar, afirmam os usuários.

“Rede conveniada, tanto no interior quanto na capital, recebe com atraso. Por isso, começa a diminuir a quantidade de consultas para os servidores do Sassepe, como forma de pressionar o Estado. Não vão deixar de receber, mas se houvesse fôlego financeiro no sistema, isso não aconteceria. Mais de 70% do plano é pago pelos servidores. Se o Estado aportasse a mesma quantidade de recursos, não estaria enfrentando dificuldades. Quem mais sofre é o usuário do interior, onde a rede é menor”, afirma o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis de Pernambuco (Sindserpe), Renilson Oliveira.

Outro problema citado é o corte de gastos. Segundo a representante dos servidores junto à gestão atual do HSE, Beatriz Gomes, as áreas mais afetadas são transporte e telefonia. “O HSE teve melhorias em alguns pontos, como a reabertura de dez leitos de UTI. Só que estão tentando fazer economia em cima do hospital. Cortaram 20 linhas de telefone e reduziram os carros. Além disso, recebíamos o salário antes do fim do mês, agora estão postergando por uma semana. A gestão é criteriosa, o contingenciamento está no governo”, avalia.

As opiniões dos usuários sobre o plano se dividem. Mesmo com as dificuldades, boa parte dos beneficiários afirma que o sistema está evoluindo, com oferta de mais especialidades no Recife, diminuição do tempo de espera entre as consultas, ampliação de internamentos e reforma do Hospital dos Servidores (HSE). Alguns, como a professora aposentada Gracia Muniz, 67 anos, se dizem satisfeitos com o serviço. “Para mim, o Sassepe é melhor do que planos particulares mais caros. Já fiz cirurgia de catarata e fui muito bem atendida”, elogia.

Já o professor Marcos Henrique, 42, enfrenta a burocracia. Desde janeiro, o servidor tenta marcar cirurgia de adenoide pelo Sassepe, mas não consegue. Este mês, quando recebeu a autorização, descobriu que o hospital em que iria fazer o procedimento não integrava mais a rede. “Há seis meses, o médico me passou um remédio para ver se atenuava o meu problema. Porém, isso não aconteceu. Tento marcar a cirurgia e não consigo”, lamenta.

Em resposta, o Instituto de Recursos Humanos (IRH), responsável pela administração do Sassepe, afirma que busca garantir acesso e qualidade na assistência à saúde com base em decisões estratégicas tomadas em consenso entre os representantes do governo e dos servidores. A nota enviada pelo instituto diz ainda que a atual gestão “tem feito todos os esforços possíveis para administrar e diminuir o débito histórico do sistema”. Como resultado, cita, entre outros avanços, a abertura de dez novos leitos na UTI do HSE, conclusão das reformas do setor de quimioterapia e reforço da equipe médica. Sobre o salário, o IRH garante que o pagamento da folha de servidores, equivalente a R$ 2 milhões, consta no orçamento do Estado e é repassado regularmente, sem atrasos ou contingenciamentos.

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